Não sei se, naquele instante, eu havia me assustado. Era normal ver garotas gamers e geeks na loja, mas eu nunca havia visto alguém, nos últimos anos, que se interessasse em Hate Hunters Online. Quem era aquela garota? A pergunta ficou na minha garganta por alguns segundos. Nossos olhares se cruzaram muito rápido e ela deu um leve sorriso. Eu travei. Congelei. Não consegui dizer nada.
Eu não sabia falar com alguma menina que não fosse a Asuka ou a DeltaPhoenix. Virei rapidamente meu rosto para a prateleira e desfarcei, fingindo que estava procurando algum outro jogo. Esperei cautelosamente a garota comprar a nova expansão do jogo e sair da Minotaur's.
— Quem era essa? — Com minha embalagem da expansão Dark Siege na mão, me aproximei do balcão da loja, depois da garota ter ido embora, olhando muito curioso para Shinji, o atendente.
— Quem? — ele perguntou, virado de costas para mim, enquanto ajeitava as miniaturas de personagem nas prateleiras atrás do balcão — Ah, aquela garota bonitinha? — ele se virou e eu confirmei com a cabeça — Não lembro dela por aqui, Haru, mas também me chamou a atenção.
Eu dei uma risadinha de canto e fiquei olhando para a porta feito um idiota, calado — Ela comprou a expansão — enquanto eu comentava, tirava os ienes da carteira para pagar Shinji.
— Ah, é — ele recebeu o dinheiro e colocou o produto num saco — Curioso. Ninguém gosta mais desse jogo ruim — eu ri para a cara dele e mostrei o dedo do meio, ele me retribuiu com um tapinha na cabeça. Shinji era um cara legal. Mesmo sendo mais velho, sempre me tratou como um amigo de verdade.
. . .
Voltei para a minha casa e passei o resto da tarde tentado a ver os novos cenários da expansão, mas combinei de ver junto com a Delta, e eu sabia que ela só podia jogar comigo de noite. Ao anoitecer, liguei o console e me tranquei no quarto para jogar. Eu estava ansioso para encontrar com ela e explorar as novidades.
Nos encontramos na cidade central e ela veio toda animada — Conseguiu comprar, né?! — eu sorri para ela de um jeito bobo e dei um sinal positivo — Boa, Haru! Fui mais cedo na loja comprar também — não sei por que, mas aquela fala dela mexeu um pouco comigo. Sempre que ela falava de algo da vida real, eu me sentia um pouco mais próximo, mas não sei se deveria me apegar àquele sentimento.
— Na loja em que eu fui não tinha quase ninguém — o jogo realmente não era mais popular, mas ela não pareceu dar a mínima importância para o que eu disse: começou a mexer no menu e ativar o Dark Siege. Eu fiz o mesmo e começamos a nossa aventura daquela noite.
Jogar com ela era indescritivelmente bom. No mundo de realidade virtual era diferente. Eu me sentia parte de um universo novo, sentia que DeltaPhoenix era real e que estávamos nos divertindo juntos de verdade. Eu do meu lugar, ela do dela, seja lá quem fosse ela lá fora.
Lá fora... lá fora eu não era ninguém. Como eu disse, só mais um adolescente aleatório. Mas em Hate Hunters Online eu era alguém, eu era Haru77, #Rank152 de jogadores e ela, DeltaPhoenix, #Rank96. Éramos uma dupla muito boa. Meu personagem atacava com velocidade e sugava a vida dos oponentes, enquanto ela usava os sentidos de animal para acertar suas presas com tiros precisos.
Liberamos o mapa da Dark Siege e nos teleportamos para o novo cenário do jogo, haviam outros jogadores por lá também. O cenário era como uma área infinita e deserta com o solo e a vegetação mortos, sem iluminação que não fosse o reflexo da luz nas duas luas que haviam no céu. Era realmente obscuro — Incrível — comentei com a Delta, enquanto ela observava que haviam várias entradas no chão. O cenário tinha vários castelos negros subterrâneos e nós entramos em um.
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DeltaPhoenix
RomanceEm 2031, os jogos de realidade virtual avançaram bastante. No entanto, o jovem Haruoka Togashi ainda é viciado em um jogo online VR mais antigo, onde ele se encontra diariamente com uma jogadora chamada "DeltaPhoenix", com quem ele se relaciona sexu...