— Haruoka...?
Segunda-feira, perto da hora de entrar no jogo. Kurumi Takamino inesperadamente me liga chorando. Nem por um segundo pensei em não atender. Peguei o telefone, atendi, e ouvi a sua torturante entonação de choro.
— Kurumi — respondi travado — O que aconteceu.
— O meu — sua fala foi tomada por um soluço de choro — Meu namorado — essa palavra fez meu imaginário ser tomado por uma variedade de possibilidades detestáveis do que tinha acontecido. Na minha mente, o rosto desprezível de Ryotaro Hara.
— Seu namorado? O que ele fez — comecei a imaginar coisas horríveis e a tensão já tinha me tomado.
Uma pausa melancólica se fez presente na chamada, até ela continuar — Haruoka... — fiquei escutando — Ele me pede muito, ele sempre está pedindo... pedindo, mandando.
— Como assim? — interrompi questionando.
Até aquele momento, ela mal tinha falado sobre esse tal namorado dela, que eu já sabia bem quem era e sabia como saía falando dela de uma maneira depravada por aí, agora, ela estava desabafando comigo sobre o que ele fazia de ruim para ela — Sabe, eu gosto muito dele, mas —era difícil entender com ela chorando enquanto ensaiava o desabafo — Eu não consigo entender o que ele espera de mim, exigindo tanto, tanto, tanto!
— Eu entendo... — eu não entendia, nunca tinha passado por aquilo, ainda que a Asuka tivesse me manipulado durante uma vida inteira, mas precisava reconfortá-la — Mas o que ele pede?
Eu precisava entender a situação para poder ajudar, eu queria muito ajudar. Ela tinha recorrido a mim para falar sobre aquilo e precisava de mim — Quer que eu me vista com as roupas que ele comprar, quer que eu seja uma princesinha que eu NÃO SOU! — eu nunca tinha ouvido ela exclamar daquele jeito — E o pior, cara — ela deu uma pausa para respirar, e continuou — É que ele não me assume pras pessoas, porque "pode pegar mal", onde já se viu isso???
Garotas realmente falavam bastante, Kurumi não era diferente, principalmente por estar com os nervos a flor da pele. Delta também agia daquela forma quando estava chateada comigo. Não tinha como negar como eram parecidas, como eram a mesma pessoa — Por isso você não posta nada com ele?
— Sim, as pessoas até esquecem que eu namoro — eu só descobri por ela ter falado, isso porque ela namora com uma sub-celebridade — A única coisa que... — de repente, ela relutou, talvez estivesse segurando algo — Acho que já falei o suficiente.
O que seria? Pensei durante alguns segundos e só consegui me lembrar de como a miniatura da fênix iria "garantir a transa do fim de semana". Isso só me fazia pensar que ele subornava ela para tentar transar ou fazer algo assim, algo do qual eu não duvidava, pela índole mostrada — Tudo bem.... — eu pensava muito, mas não sabia expressar algo que fizesse ela se sentir melhor.
— Desculpa por te encher a essa hora...
— Tudo bem, sério.
— Geralmente eu peço ajuda para as meninas, mas elas sempre vão defender o Ryotaro, porque ele é o Ryotaro — ainda que desnecessária, aquele era uma confirmação. Ouvir ela falar o nome da peste me fazia sentir uma dor chata no peito — Mas toda hora, a todo momento, eu me sinto pressionada.
— Pelo teu namorado?
Kurumi respirou fundo de novo, estava parando de chorar, talvez ela só precisasse soltar tudo para alguém — Não só por ele — continuei quieto — Por tudo, por todos, principalmente pela minha família, você entende?
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DeltaPhoenix
RomanceEm 2031, os jogos de realidade virtual avançaram bastante. No entanto, o jovem Haruoka Togashi ainda é viciado em um jogo online VR mais antigo, onde ele se encontra diariamente com uma jogadora chamada "DeltaPhoenix", com quem ele se relaciona sexu...