Eu não havia notado como minha mente tinha entrado num turbilhão de informações confusas. Meus sentimentos estavam reprimidos, meu peito estava cheio de dor e preocupação e, com certeza, por isso, falei com a Delta daquela forma. Da forma que eu nunca imaginei que faria.
Assim que gritei, ela ficou calada. Acho que nem ela acreditou que eu, que era tão apegado a estar com ela dentro do jogo, descarregaria daquele jeito.
– Você não entende! – ela continuava em estado de choque, só me olhando – Minha mãe está hospitalizada e... – a expressão do avatar dela estava estático. Eu nem lembrava que o jogo realmente não simulava todas as emoções – E você simplesmente não liga para o que tem lá fora.
– Haru!
– Eu entendo que você não se importe e que isso signifique muito. Significa bastante para mim também! – o rosto da Delta ficou entristecido – Mas é a minha mãe! É a porra da minha mãe numa cama de hospital, enquanto você está me cobrando sem pedir minhas justificativas por demorar ou por não aparecer!! – Foi importante para o Haruoka de 16 anos desabafar aquilo. Era exatamente o meu sentimento do momento.
– Simplesmente... – ela quebrou o silêncio – Eu não posso lidar com isso, não agora.
– Mas a gente pode resolver, Delta!!!
– Comando: Log Out – ela saiu do jogo.
Era quinta-feira. Eu não a veria nos próximos três dias. Ela saiu do jogo. Eu talvez não a visse nunca mais.
Aquele foi o combo perfeito para eu ficar completamente abalado. Se eu já estava complexado por causa da confusão no meu coração, abalado pela situação da saúde da minha mãe, essa era a gota d'agua para eu ficar devastado.
Eu sequer sabia o que fazer naquela situação. Fiquei estupefato no jogo, parado, sem acreditar no que tinha acabado de acontecer, até finalmente cair na real de que aquele poderia ser o fim do que ainda me permitia fugir do mundo real para desopilar e sorrir um pouco. Saí do jogo.
É até doloroso assumir isso, mas eu simplesmente comecei a chorar. Despertei e fiquei deitado ali mesmo. Parecia a dor de um término, mas eu nunca tinha rompido uma relação antes. Aquilo era muito triste, meu peito ficava apertado só de pensar que eu sequer poderia ter uma resposta até a segunda-feira.
. . .
Depois de acordar, eu só conseguia pensar em uma coisa: pedir desculpas para a Delta. Não sei o que me fez pensar naquilo, mas rapidamente eu pensei que não, que eu estava certo e, realmente eu estava. Talvez eu não precisasse ter gritado...
Eu não podia guardar aquilo para mim. Era sufocante ter esses sentimentos fechados dentro do meu peito. Eu precisava contar o que estava sentindo para alguém, precisava contar, também, tudo o que tinha acontecido.
– Asuka... – foi o primeiro nome que veio na minha mente, é claro, quem mais conhecia toda essa história e entenderia o rumo que as coisas tomaram? Pois é, mas eu decidi não falar com ela. Se eu fosse vê-la, ela com certeza ficaria tentando me forçar a parar de ver a Delta ou parar de jogar. Sinceramente, não era isso que eu queria, eu queria me resolver com a DeltaPhoenix de uma vez por todas.
Mas se eu não fosse fala com a Asuka, com quem mais eu iria desabafar?! Eu não queria deixar minha mãe preocupada com meu emocional e muito menos ter que me abrir com ela, isso era difícil para mim desde que eu me entendia por gente.
. . .
É, eu tinha que fazer algo em relação a mim.
Sábado, no início da tarde, eu já estava praticamente abrindo a Minotau's, loja em que o Shinji trabalha, o local onde eu dei de cara com a Takamino pela primeira vez.
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DeltaPhoenix
RomanceEm 2031, os jogos de realidade virtual avançaram bastante. No entanto, o jovem Haruoka Togashi ainda é viciado em um jogo online VR mais antigo, onde ele se encontra diariamente com uma jogadora chamada "DeltaPhoenix", com quem ele se relaciona sexu...