Capítulo III - O mestre

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— Merlin? O mesmo da história do Rei Arthur? — A garota que havia acabado de ser salva perguntou para o homem na sua frente, que se introduziu como James Merlin.

— Isso mesmo. Antes de me perguntar os detalhes da história, vamos resolver outros assuntos. Vou trazer seus amigos para cá pois eles precisam escutar o que tenho a dizer também . — O professor disse enquanto se agachava e tocava sua mão direita no chão.A brilhante aura rubra cobriu seu corpo novamente. A partir desta, o desenho de um círculo mágico surgiu gradualmente no piso.

— Que legal... o que você acabou de fazer? — Ana perguntou, empolgada com a demonstração que o tutor fez em seu quarto.

— Magia. Vou precisar de um favor, ligue para seus amigos e avise que estou indo buscá-los. Volto em meia hora. — O homem abriu a janela do quarto e saltou para fora. A adolescente observou sua silhueta desaparecer na escuridão dos céus noturnos. Após um momento de distração com o que havia acabado de ver, ela iniciou as ligações conforme o professor havia pedido.

Foi necessário que ele visitasse a casa de cada membro do grupo de amigos, criasse um círculo de magia para marcar os pontos de entrada e saída de portais e abrir a passagem para que os alunos pudessem se deslocar até o ponto de reunião.

Ao fim de trinta minutos após ter saído da casa de Ana, Merlin retornou exatamente como havia dito,com os quatro já reunidos novamente. O educador arrastou uma cadeira para o cômodo da estudante se sentou diante dos jovens, que estavam sentados na cama esperando ansiosamente pelo esclarecimento que ele poderia dar para o que estava acontecendo.

— Certo, estamos todos aqui agora. Indo direto ao assunto, irei explicar o que são os eventos sobrenaturais que estão ocorrendo com vocês. Tudo gira em torno do fato de que vocês estão desenvolvendo poderes mágicos. — Merlin continuou sua explicação enquanto a trupe permanecia em silêncio.

Ele era um representante de uma desconhecida organização chamada Academia Celestial dos Magos, que estava localizada numa pequena dimensão paralela a qual somente magos tem acesso. Era o local onde eles passavam grande parte de suas vidas, servindo como moradia e também como um centro de conhecimento, assim como uma faculdade, mas numa escala equiparada a um país com alguns milhões de pessoas.

Desde a fundação da instituição no primeiro século depois de Cristo até os dias modernos, o relacionamento entre a Academia e as nações humanas foi complexo. Os países do mundo desejavam explorar a magia para seus interesses, algo que os magos se recusaram a fazer, temendo que o mal uso de tal poder pudesse levar a humanidade para o caos.

Felizmente, nenhum desastre desse tipo chegou a acontecer, muito por conta do aparecimento de humanos com poderes mágicos ser muito raro,algo que só poderia acontecer de duas formas: através do despertar aleatório da magia durante algum momento da infância, na maioria dos casos entre os 9 e os 13 anos de idade, ou na possibilidade mais rara, hereditariedade, o que era o caso de Merlin. Como seres humanos normais não podiam detectar ou desenvolver magia, ela era praticamente impossível de ser controlada pelos governos, o que foi crucial para que os magos preservassem seus poderes.

Mas havia um segundo fator na diplomacia entre os dois lados: um inimigo em comum. Demônios. Seres do inferno que invadem o mundo mortal diretamente ou por meio de possessões, e em seguida caçam crianças que recentemente despertaram seus poderes mágicos para se alimentarem de sua energia, já que elas eram incapazes de se defender sozinhas e sem nenhuma experiência de combate.

Tais criaturas eram um problema onde quer que estivessem devido a sua tendência a cometer atrocidades apenas por prazer, utilizando magias demoníacas que causam ilusões e efeitos comportamentais em pessoas comuns.

Os Celestiais do Apocalipse - Prólogo da DevastaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora