Os Celestiais do Apocalipse - Prólogo da Devastação

Capítulo XVIII - O torneio

Sem missões novas, os quatro prodígios puderam dar atenção para seus outros aspectos de vida. Menos de uma semana depois de suas estreias como exorcistas, todos já estavam bastante ocupados.

— Um, dois! Um, dois! Segue o ritmo. — Um treinador dizia em voz alta, enquanto recebia poderosos socos em suas mãos protegidas por almofadas. Ainda assim, o som dos golpes era alto o bastante para chamar a atenção de alguns outros artistas marciais que estavam presentes no ginásio.

— Gancho! — Ao escutar o comando, a lutadora girou seu corpo e atirou um mortal gancho de direita, forçando o braço de seu técnico para longe.

— Beleza. Hora da pausa. Menina, seus punhos parecem umas marretas. — Ana deu um passo para trás e respirou fundo antes de soltar um grande sorriso. Ela já estava treinando a mais de uma hora, mas sua energia estava longe de acabar.

— Valeu! Acha mesmo que estou indo tão bem assim? — A menina não tinha dúvidas de que estava tendo um bom desempenho, mas queria ganhar outro elogio. Seu mestre revirou os olhos e andou até um assento ao lado do ringue, que ficava no centro do ginásio.

— Você sabe melhor do que eu. Seus golpes parecem ser umas cinco classes de peso acima da sua própria classe. E você é uma leve meio-médio com sessenta e dois quilos, e é bem rápida. — Ele cedeu aos desejos da garota, que abriu ainda mais seu sorriso, orgulhosa de si mesma.

— Menina mimada. Tá pensando em entrar pro torneio? — O treinador perguntou.

— Talvez. Eu já gasto todo meu tempo estudando e trabalhando. Mas eu gosto muito de boxe. Ainda tenho que me decidir sobre o que fazer. — A jovem respondeu, e antes que o tutor pudesse continuar a conversa, um de seus companheiros de ginásio o chamou para atender uma visita.

Ana resumiu seu treino por mais algum tempo até que seu professor retornou. E ele não estava sozinho. Ao seu lado, estava uma adolescente que aparentava ter aproximadamente a mesma idade que a exorcista.

— Voltei. Queria te apresentar uma pessoa. Essa é a Marcela. Ela é de outro ginásio e tá procurando uma parceira pra lutar. — A última sentença fez a expressão confiante da exorcista desaparecer, e o motivo era bem claro; A jovem que estava diante dela tinha um metro e setenta de altura, longos braços, e bastante magra, mas com músculos visíveis por conta de sua baixa porcentagem de gordura.

— As duas estão na mesma classe de peso. Achei que seria uma boa ideia. — As duas pugilistas se encararam por alguns instantes. Antes de se introduzirem.

— M-meu nome é Ana. Prazer. — O gaguejo no início da fala era um raro sinal de que ela se sentiu intimidada. Marcela permaneceu com seu olhar frio.

— Prazer. — Ela respondeu por pura educação, mas não soou rude aos ouvidos da maga de terra. Tudo que a pugilista mirim desejava era um desafio, e por mais que o convite para a luta tivesse pego Ana de surpresa, ela estava pronta para responder a altura.

— Por mim tudo bem. Podemos treinar juntas. — Assim que aceitou a proposta do duelo, o treinador providenciou os recursos necessários. O espaço no ringue foi aberto poucos minutos depois, enquanto as garotas ainda se preparavam.

— É melhor você tomar muito cuidado dessa vez. Essa Marcela é uma veterana. Se lembra do treinamento e aproveite a força de seus golpes. — O treinador alertou Ana, que estava inspecionando seu protetor de cabeça.

— Tudo bem. Pode deixar comigo. — Isso terminou o breve diálogo. Em seguida, a menina colocou seu protetor bucal e atravessou as cordas da arena. Sua oponente já estava de pé, a aguardando no meio do ringue, ao lado do juiz.