Capítulo VIII - A líder

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— Do que você.. está falando? — Disse a terceiranista portuguesa,que se surpreendeu com a chegada de sua companheira de esquadrão. Sua tentativa de fingir que nada havia acontecido não teve bons resultados.

— Eu vi aquilo, Catarina. Elas estavam te ameaçando? — Vivian respondeu de maneira firme, deixando bem claro que sabia que algo estava errado.

— ...Não dedure elas, por favor. Não quero causar problemas para ninguém. — Catarina baixou a cabeça, escondendo-se ao dizer estas palavras.

— Não preciso dedurar ninguém ainda. Elas estavam te xingando? — A interrogadora continuou firme. A garota que estava sendo questionada assentiu e continuou a relatar as circunstâncias que estava passando.

Por conta de seu desempenho ruim no curso, que levou as punições da equipe, as duas outras membras da unidade ficaram ressentidas e começaram a pressioná-la a desistir de ser uma exorcista.

Uma delas se chamava Elena, que tinha o apelido de "ogra" por conta de seu tamanho de um metro e oitenta e três de altura e seu físico forte. Além disso, de longe era possível notar no seu semblante de valentona.

A outra era Vanessa, que era bem menos intimidadora, sendo da mesma altura que Vivian. Ela era o tipo de pessoa que gostava de ficar do lado mais vantajoso por interesse próprio. Era a pessoa com a qual a menina de cabelos anelados tinha mais repulsa.

—... Eu não sei se devo ficar ou sair. Sou um dos raros casos de magia hereditária, e minha família já caçou demônios por gerações. Meus pais desejavam que eu seguisse a tradição, já que eu nunca fui capaz de decidir seguir alguma profissão diferente. Então eu concordei, até por que a remuneração é boa, mas depois de passar no treinamento e entrar para o quartel, eu vi que as coisas não eram como eu imaginava. É tudo tão difícil. — Foi neste momento que Vivian pode entender o que estava acontecendo.

Catarina não queria desapontar seus pais saindo do curso preparatório, porém, as demandas da vida de um exorcista eram grandes demais para ela. Isso havia se somado ao fato de que ela não tinha sido apropriadamente orientada por seus responsáveis para lidar com tais tipos de trabalho.

— Acho que fui mimada demais. Eu não devo servir mesmo para fazer essas coisas. — Ela continuou, soltando uma risada sem graça ao terminar de falar.

— Então como você conseguiu passar nas provas para chegar neste curso pra começar? Você tá enganada. Se você realmente não fosse boa, não teria sequer sido aprovada para o colégio militar. Realmente, você é muito inocente se acha que as coisas vão vir sem esforço. Sem ofensas, mas parece que seus pais foram muito relaxados na hora de te educar a respeito disso. — A princípio, Catarina irritou com a crítica aos seus responsáveis, mas sua expressão se acalmou ao passo em que ela notou a verdade nas palavras de sua colega.

Até aquele momento, ela nunca precisou fazer grandes esforços para conquistar algo. Sua família tinha boas condições, e sempre lhe deu aquilo que desejava. Por conta disso, ela se tornou uma pessoa complacente.

— Vivian, você acredita mesmo que sou capaz de virar uma exorcista? Mesmo desse jeito que eu sou? Será que as outras vão deixar de me importunar se eu fazer as coisas certo daqui para frente? — A garota perguntou, com uma centelha de esperança em sua voz.

— Acredito sim. Você é imatura, mas é habilidosa. Seu potencial é grande. Mas você precisa botar a mão na massa de verdade daqui pra frente. E sobre as meninas, você tem que provar para elas que você é capaz. Isso se você realmente quer seguir essa carreira. A vida que você vai levar daqui em diante é uma escolha sua. — A parceira de esquadrão respondeu, com um olhar sincero que despertou uma nova motivação em Catarina.

Os Celestiais do Apocalipse - Prólogo da DevastaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora