The Way Back to Each Other

A Vida Não é Justa

Nos primeiros dias, tentou entrar em contato de todas as formas possíveis, retornava ao apartamento, ia a lugares que o outro costumava frequentar, mandava mensagens de fogo, todas sem respostas e suas abordagens sem sucesso, por um mês, a sua vida ficou pausada, apenas observava a vida passar pela janela, sem falar, mal se alimentava, se resumia a tomar banho, dormir e lamentar sentado na poltrona, nos próximos três, ficou preso em um looping, acordar, vestir o uniforme, sair, lutar, voltar, conversar com a irmã enquanto jantavam, banho e cama, até que em uma explosão, Jace gritou que enquanto se lamentava por alguém que iria desfrutar a vida pela eternidade, seus dias apenas diminuíram enquanto não fazia nada de produtivo para honrar a carreira que possuía, deste ponto em diante, todas as suas energias focaram no trabalho, havia falhado ao colocar suas emoções a frente de seu caminho e ia consertar o que não tinha completado, uma versão melhorada do focado Alexander que sempre fora.

No próximo ano, conseguiu destaque em relação a seus colegas, derrotou mais demônios que podia contar, manteve a ordem interna, capturou Camille Belcourt e a entregou para a clave, acompanhou seu julgamento como recompensa pelo serviço prestado, e viu ser transformado em punição ao ver como o portador dos olhos de gato ruiu ao ver a sentença pelos crimes cometidos ao longo de sua longa vida, sentiu sua proteção ruir novamente, porém, reergueu ao receber a promessa de sua vida: a probabilidade de assumir a direção do instituto. Foi o incentivo suficiente para empurrar o desespero para o fundo de seu coração, de onde não deveria ter saído, o episódio no fim, serviu para confirmar suas suspeitas, não importava o quanto foram felizes juntos, sempre seria Camille.

A segunda vez que sentiu seu peito apertar desta forma, foi no próximo mês de fevereiro, quando assumiu oficialmente seu cargo, lembrou de todas as vezes em que contara a Magnus sobre ser seu sonho, de como desejava poder melhorar a relação entre caçadores de sombras e submundanos ao ter uma posição de destaque, dos planos que gostaria de colocar em prática para que as questões diplomáticas evoluíssem e pudessem ajudar uns aos outros ao combater quem realmente representava um perigo aos outros, porém, na cerimônia de sua posse, o mais velho não se encontrava lá.

Assim como prometido, logo começou a traçar o caminho para tornar suas idealizações em realidade, colocando Isabelle como responsável direta para tratar os assuntos com o submundo, o que foi completamente entendido por parte de Luke, Magnus ainda era o Alto feiticeiro e não queriam causar desconforto que pudesse colocar a inciativa em risco, aquilo era maior do que um relacionamento mal resolvido, Raphael e Melliorn não reclamavam, poder colocar os olhos na Bela Isabelle não era de fato algo ruim, e ambos tinham algum motivo para serem gratos aos garotos Lightwood, a garota era de confiança e seus ideais perfeitamente alinhados com o irmão, não era uma oferta a recusar, por mais que o clima pesado entre a mulher e o ex cunhado fosse perceptível durante as reuniões, o profissionalismo conseguia ser mantido.

O homem deitado sobre os lençóis dourados remexia de forma preguiçosa, ao que os raios solares atravessavam a janela e começavam a incomodar, rolou pela cama e espreguiçando, abriu os olhos azuis, varrendo o cômodo tão familiar, coçou os olhos com as costas das mãos, ao que sentava com as costas apoiadas na cabeceira, encarou o relógio na mesinha ao lado, ainda tinha algum tempo até precisar ir tomar banho, se arrumar e descer pro café a tempo de começar mais um dia exaustivo de trabalho, apesar da melhora entre as relações com o submundo e as ameaças demoníacas estarem sob controle, o paradeiro de Jonathan Morgenstern ainda era um mistério, não podiam abaixar a guarda por nenhum minuto, além da burocracia já ser maçante em tempos normais.

Aproveitou o tempo extra para continuar relaxando sobre a cama, vinte minutos depois, foi em direção ao banheiro, iniciar o dia com um banho quente ajudava a ser mais fácil lidar com qualquer coisa que viesse, colocou as roupas de costume, ao subir de cargo, foi necessário que aprendesse a ser mais apresentável, apesar da beleza ser a marca dos Lightwood e ofuscar qualquer coisa que vestisse, buracos e roupas surradas não eram mais permitidos, segundo o regulamento mental de Isabelle, os cabelos antes sempre desordenados, bem penteados e cortados, mas nunca perdendo totalmente o ar rebelde.

Aos 23 anos, se era possível, Alexander se encontrava ainda mais bonito do que aos 18, um pouco de confiança fazia milagres, junto com uma irmã de gênio forte e ausência de furos nas roupas, tinha que confessar. Era notável que chamasse atenção de todos por ali, mesmo sabendo de sua sexualidade, muitas mulheres viravam o pescoço para vê-lo passar, e sua família recebia tentadoras ofertas de casamentos de nomes importantes, porém seus pais, após a perda de Maxwell decidiram não desperdiçar a vida dos filhos com infelicidades, Maryse e Robert não entendiam, mas respeitavam a decisão do filho de seguir sozinho, após o mal entendido que Camille causara, que culminou no término com Magnus e um longo período de sofrimento, o jovem shadowhunter decidiu se dedicar completamente ao trabalho, mas seus familiares e amigos, mais restritamente, Clary e Simon, sabiam que o rapaz nunca deixará de amar o feiticeiro, e que ainda sofria com isso.

Chegou ao refeitório, passou os olhos procurando por Izzy, a encontrando com Simon, o que poderia ser estranho, se o vampiro não vivesse colado a sua irmã quase vinte e quatro horas por dia e em todos os momentos que a mesma estava desocupada, até mesmo quando estava trabalhando, era possível encontrar o diurno em algum canto por perto, Clarissa e Jace para o fundo do local, seguiu na direção dos amigos cumprimentando aqueles por quem passava, se houve uma coisa que conquistou em seu um anos de diretoria, foi o respeito de todos ao seu redor, puxou uma cadeira.

_ Bom dia irmãzinha. - Beijou a bochecha de Izzy que estava ao seu lado. - Clary, rapazes. - Acenou para os que estavam mais afastados.

_ Bom dia grande irmão. - Isabelle sorriu.

_ Bom dia Alec - Clary e Simon responderam em coro.

_ Bom dia diretor bonitão. - Jace respondeu com um tom brincalhão, rindo ao ver o irmão revirar os olhos.

_ A essa hora da manhã não cara, não estraga meu dia antes dele começar. - Os outros três riram ao ver o loiro ficar emburrado.

Seguiram com o café, conversando amenidades e rindo sobre uma piada ou outra, ou quando os meninos resolviam implicar entre si, ao olhar de longe, nem se imaginava as responsabilidades que cada um possuía ao ver tão descontraídos como estavam, se tinha algo que deviam agradecer ao tempo, eram as habilidades sociais desenvolvidas. Terminaram o café, levantando e seguindo em direção ao corredor, para assim se dirigirem a suas determinadas funções, Alec para a sala da diretoria e seus papéis adoráveis, Izzy para a sala de armas, Clary, Jace e Simon iriam para campo, os dois primeiros realizar rondas e investigar ações suspeitas no sul da cidade, Simon, iria até Luke e Jocelyn para se atualizar, o vampiro realizava trabalhos externos para o instituto, auxiliando quando necessário.

Ao chegarem no meio do caminho, observam uma movimentação estranha entre os outros caçadores no recinto, logo que eles notam a presença do diretor, Raj se aproxima sem jeito e aborda Alexander:

_ Eu não queria te perturbar com isso, mas acho que dessa vez é o senhor que vai ter que resolver.

O mesmo segue o indiano até o centro da confusão, ao chegar perto, consegue identificar uma mulher com chamativos cabelos ruivos arroxeados, contrastando com olhos verde esmeralda brilhantes, de longe dá para ver que se tratava de uma feiticeira, um rapaz também desconhecido, claramente um shadowhunter pelas runas expostas pela gola e mangas da camiseta de malha branca e ao seu lado, uma silhueta conhecida em um casaco excêntrico colorido, seu estomago revirou ao que os olhos castanhos devido ao glamour se fixaram aos seus.

A vida realmente não é justa.