O Amor Encontrado

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Raios de sol atravessavam a cortina, refletindo nas pálpebras fechadas do homem deitado entre os lençóis coloridos do feiticeiro, se remexeu sobre a cama, como odiava a mania de Magnus de dormir com as cortinas abertas, sentir o cheiro na roupa de cama, a claridade preguiçosa sobre seus olhos, e a textura em contato com a sua pele o fez se sentir familiar a algo depois de tanto tempo, a sensação de se sentir em casa preenchendo seu peito quase que completamente, não sabia colocar em palavras o quanto sentia falta de sua vida a cinco anos atrás, o buraco em seu peito era ignorado, o que ajudava a ir levando seus dias, mas nunca esquecido, ou a dor sanada. Nos últimos anos era como se portasse uma ferida permanente, poderia ignorar a dor por algum tempo, mas mais cedo ou mais tarde, quando ficava sozinho ou encostava a cabeça no travesseiro, voltava com força total.

Abriu os olhos, precisava levantar e deixar a sensação de conforto para trás, continuavam separados, e Magnus ainda achava que a negociação com Camille era real, na verdade, o outro tinha certeza disso, e já havia cansado de tentar se explicar. Rolou para o lado, na direção em que recordava estar o colchão na noite anterior, em busca de observar o mais velho pelo menos um pouco, qual foi a sua surpresa ao encontrar os olhos felinos cravados em si. Magnus sustentava uma expressão calma, como se estivesse apenas apreciando a vista, sem tentar analisar o que estava vendo, buscaram os olhos um do outro, sustentando o contato enquanto gravavam cada canto da íris alheia, que os encantavam tanto, nunca foi segredo que os olhos em ambos os casos eram seus pontos preferidos sobre o outro, os olhos azuis desviaram o contato e começaram a passear pelas feições tão conhecidas, a pele dourada, os olhos puxados sem o usual delineador, as maçãs do rosto, os cabelos negros e lisos caídos sobre a testa como sempre que acabava de acordar.

_ Alexander.

Ouviu a voz grave do outro pronunciar, e voltou a estabelecer contato visual, mergulhando nas íris douradas esverdeadas e nas pupilas que tanto amava, não era segredo para ninguém, que a única coisa que o tempo não diminuiu foi o seu sentimento por ele, mesmo com dor, a decepção da desconfiança, não conseguia deixar de amar cada pedaço do homem deitado a sua frente, ainda sentia a dificuldade em respirar, a palpitação no peito, e quando estavam no mesmo recinto, sua atenção era dedicada completamente a ele, como se mais ninguém a sua volta importasse, assim como a primeira vez em que se viram. Mas a diferença, era que ao contrário do seu primeiro encontro, havia mágoas pairando entre as duas pessoas no cômodo.

Sentindo o choro criar volume em sua garganta, olhou mais uma vez no fundo dos olhos do homem que ama, e ao encontrar a última coisa que esperava, levantou rapidamente em direção ao banheiro, fechando a porta a tempo de sentir as lágrimas correrem por sua bochecha, olhando no espelho, deixou um sorriso leve escapar em meio ao choro. Sabia identificar o que encontrara no olhar de Magnus sem precisar olhar duas vezes.

Era amor.

-*-

Amália estava escorada no balcão da cozinha, seus pensamentos viajavam entre a preocupação com a sua irmã e com o garoto, Nate e os amigos de Alec saíram ainda na noite anterior e não haviam retornado, apesar da mensagem que recebeu dizendo que os mesmos haviam tido um imprevisto, mas que relacionado ao diurno estava tudo bem, não conseguia deixar de se preocupar. Depois de Helena, ele foi a pessoa que mais se sentiu confortável em se abrir, era incrível como foi natural se aproximar do rapaz, era um pouco de paz em meio ao caos que cercava a sua vida na última semana. Olhou em direção ao corredor e conseguiu ver o dono do apartamento seguindo em sua direção, parecendo estar em outro planeta, o viu seguir até a cafeteira e a colocar para funcionar.

_ Magnus Bane fazendo café quando pode estalar os dedos e conseguir um Starbucks? - falou com tom de riso.

O dono dos olhos puxados deu um pulo.

The Way Back to Each OtherOnde histórias criam vida. Descubra agora