"Você me ensinou a amar"

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                     *Na escola de Sofia*

Amelinha já havia deixado Nélio no bar e deixou Joãozinho junto com o pai. Agora deixa Sofia na escola. Lá encontra Oswaldo, a quem costumava tratar muito mal por ainda ter muito preconceito em relação à Sindrome de Down e receio quanto ao seu filho, que também tem a condição. Mas agora estava disposta a concertar seus erros, então desce para falar com ele.

Amelinha: Oswaldo? (Chega ao local onde ele está e tira os óculos escuros)

Oswaldo: Oi Amelinha, como vai?

Amelinha: Ótima e você?

Oswaldo: Estou bem.

Amelinha: O que está fazendo na escola? (Tenta puxar assunto)

Oswaldo: Só vim doar alguns livros para a biblioteca da- daqui. E você?

Amelinha: Eu vim trazer a Sofia, minha irmã.

Oswaldo: Ah sim, eu me lembro dela da vez que fui à sua casa.

Amelinha: Se quiser pode passar lá mais tarde. O Nélio te leva para montar à cavalo. (Diz meio sem jeito, com medo dele ainda guardar alguma mágoa)

Oswaldo: O Nélio? Ele voltou a trabalhar na fazenda?

Amelinha: Não, é que na verdade nós estamos juntos (ela sorri ao dar a notícia ao rapaz).

Oswaldo: Que legal! Eu sabia que vocês a-ainda iriam ficar juntos, Amelinha.

Amelinha: Pois é! E não esqueça que quando quiser, pode passar na fazenda que estará com as portas abertas para te receber.

Oswaldo: Obrigado. Agora tenho que voltar para a biblioteca. Até mais, Amelinha.

Amelinha: Também tenho que ir. Até logo (Ela volta para o carro e vai em direção ao bar).

                               *No bar*

Nélio segura o filho no colo e conversa com Esmeralda. Ambos estão na porta do bar.

Nélio: Bom, só vim aqui para me dispidir mesmo e desejar boa viagem.

Esmeralda: Imagina Nélio. Aqui ó, não esquece o nosso cominado: Bota cabresto na peste! (ela brinca. Então olha para fora e vê Amelinha atravessando a rua) E por falar em peste...

Amelinha chega e vai em direção ao bar. Ela para ao lado de Nélio e brinca com seu filho (que está no colo dele).

Esmeralda: Bom dia pro cê também Amelinha.

Amelinha: Bom dia, Esmeralda (Ela responde de uma forma educada, tentando não dar corda ao rancor que tem da mulher).

Amelinha: Podemos ir? (Pergunta à Nélio, ansiando que a resposta seja "sim" para que possam voltar à fazenda e passar o dia inteirinho juntos).

Nélio: Podemo sim (eles dão um selinho e sorriem um para o outro).

Esmeralda: Sabe que ocês formam um belo casal (diz enquanto contempla os dois apaixonados).

Amelinha: Sei sim (Diz animada, mas sem rispidez).

Nélio: Bom, então vamo indo.

O casal se move para ir embora, mas antes, Amelinha vira de volta para Esmeralda como se tivesse esquecido alguma coisa.

Amelinha: Lhe desejo muita felicidade, dona de botequim (ela brinca, mas mostra sinceridade no olhar quanto ao desejo).

Esmeralda: A você também, peste (retribui da mesma maneira, mas com um sorriso que nunca dera à Amelinha).

Afinal de contas Amelinha, no fundo, gostava da mulher, mas também gostava das alfinetadas que uma dava na outra. O mesmo se diz de Esmeralda.

Eles se despedem e voltam à fazenda.

                            *Na fazenda*

Amelinha coloca Joãozinho no berço e Raimunda, que havia chegado há pouco tempo, fica tomando conta do bebê que se encontrava no mais profundo sono.

Nélio e Amelinha aproveitam para dar um pesseio na fazenda, lugar que tanto gostam e que carrega muitas histórias dos dois.

                    *Andando pela fazenda*

O casal anda lado a lado, carregando uma emoção tamanha em seu interior, mas uma paz do lado de fora...

Nélio: Quero lhe levar num lugar (diz de repente, trazendo o mais puro sorriso em seus lábios).

Amelinha (corresponde com o mesmo olhar e sorriso do amado): Onde?

Nélio: É surpresa.

A resposta de Nélio deixa Amelinha intrigada e ao mesmo tempo ansiosa...

                    *Alguns minutos depois*

Nélio tampa os olhos de Amelinha com suas mãos e, consequentemente, fica atrás dela, guiando-a com sua voz.

Amelinha: Já tá chegando? (Ela diz colocando as mãos para frente, algo comum de se fazer quando se tem os olhos tampados).

Nélio: Só mais um pouquinho...

Eles andam mais alguns poucos minutos.

Nélio: Pronta?

Amelinha: Sim (diz com anseio de saber qual era a surpresa).

Nélio tira as mãos dos olhos de Amelinha, permitindo que ela veja o lugar para onde ele a trouxe. Amelinha então abre os olhos e contempla sem palavras o que está vendo.

Amelinha: Nélio, como eu nunca tinha vindo aqui antes? (Indaga por perceber que, apesar de a fazenda ser de seu pai - e portanto, dela - ela não conhecia esse lugar).

Nélio: Quando eu trabalhava aqui como peão, toda vez que tinha uma pausa no serviço gostava de andar pela fazenda, até que descobri esse lugar.

Eles estavam no alto de uma colina, onde dava para ver cada canto da fazenda. As árvores dali pareciam até mais bonitas que as dos outros locais da propriedade.

Amelinha: Eu adorei você ter me trazido aqui.

Ela vai de encontro ao rapaz e se lança em seus braços, envolvendo-o num beijo apaixonante.

Nélio (diz ao final do beijo): A melhor parte ainda tá por vir.

                          *Ao final do dia*

Nélio e Amelinha estão deitados na grama, abraçados, acompanhando o sol se pôr. Cada momento que passavam juntos era único e eles faziam tão bem um ao outro que não previsavam de mais nada, porque
se completavam. Era como se não existisse mais ninguém no mundo naquele momento, só os dois. E o amor que sentiam só poderia ser compartilhado com uma pessoa além deles: com Joãozinho.

Amelinha: Obrigada.

Nélio: Pelo quê? (Pergunta sem entender direito)

Amelinha: Porque você me ensinou a amar.

Sem que Nélio precisasse dizer nada, ele a puxa para um beijo e ali eles permanecem, até que finalmente o sol se põe.

Você me ensinou a amarOnde histórias criam vida. Descubra agora