Desconfiados

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Nélio acorda com Amelinha nos seus braços. Ele a observa enquanto ela dorme e a beleza dela ainda o encanta.

O rapaz leva sua mão, levemente, ao cabelo dela para afastar os fios que caem sobre seu rosto e permanece contemplando-a, até que ela acorda.

Nélio: Bom dia, meu amor.

Amelinha: Bom dia (ela sorri para ele). Está acordado há muito tempo?

Nélio: Tempo suficiente p'ra perceber que continuo me apaixonando por você a cada dia.

Amelinha: Eu que me apaixono de novo por você todos os dias (ela levanta e lhe dá um beijo).

Nélio: Tava aqui pensando... que tal tirarmos o dia só para nós e irmos até a cachoeira?

Amelinha: Adorei a ideia.

*Alguns minutos depois*

Todos já estão na mesa tomando o café da manhã.

João: Bom, tenho que ir até a cidade agora. Até mais tarde (levanta como se estivesse apressado, ansioso para algo).

Amelinha: Pai, mas o Nélio não devia ir com você cuidar dos negócios?

João: Não, não. Desse negócio eu cuido. Um ótimo dia.

Os dois estranham o jeito dele.

Amelinha: Você viu, né? Já não é de hoje que ele está assim. Todo entusiasmado para ir à cidade... onde já se viu alguém ficar assim para cuidar de trabalho?

Nélio: A não ser que não seja sobre trabalho que ele indo tratar...

Amelinha: Então o que ele tanto faz na cidade ultimamente...? Seja o que for que ele esteja escondendo, vou descobrir, pode ter certeza.

Nélio: Tá certo, mas deixa esse assunto p'ra lá porque hoje o dia é nosso.

Amelinha: Amanhã começo a investigar isso (sorri para ele).

Nélio: Então podemos ir.

Eles se despedem de Raimunda, Sofia e seu filho, e saem.

Sofia: Raimunda, vamos andar no cavalo novo, de novo? Aproveitando que é a última semana de férias da escola...

Raimunda: Sofia, eu tenho muito trabalho por aqui hoje.

Sofia: Ah, vamos Por favor! Por favor! (Insiste)

Raimunda: Tá bem, Sofia. Mas não vamos demorar muito.

Sofia: Eba!

Raimunda: Vou pegar o bebê. A, por que você não aproveita e chama o Lipe?

Sofia: Boa ideia, vou correndo até a cabana chamar ele e já volto.

Sofia sai correndo, mas para no meio do caminho quando ouve alguém ao telefone, atrás de uma árvore. Ao se aproximar, percebe que é seu pai.

João (no telefone): Eu sei, mas ainda não é a hora. Em alguns minutos estou aí. Beijos.

Sofia acha estranha a atitude do pai. Quando ele desliga o telefone ela sai dali para não ser vista e vai até a cabana.

Batidas na porta.

Clara: Pode entrar!

Os três estão na mesa tomando café.

Sofia entra.

Clara: Oi, Sofia. Está tudo bem?

Sofia: Está sim. Só vim chamar o Lipe para andar de cavalo.

Lipe: Pai, posso ir?? (Pergunta com entusiasmo)

Edu: Pode ir, filho. Só chegue antes do almoço.

Lipe: Pode deixar. Fui!

Os dois vão.

**

Raimunda: Que demora, Sofia. Se perdeu no caminho? (Brinca)

Sofia: É... é que eu vi um passarinho caído no meio do caminho e fui ajudar... (Tenta arrumar uma desculpa para não falar sobre o pai).

Raimunda: Tudo bem. Vamos.

Lipe: E o Zé?

Raimunda: Se eu bem conheço meu filho, já está lá desde cedo (ela ri).

*Na cachoeira*

Nélio e Amelinha estão sentados em uma pedra com os pés na água.

Amelinha: Não sei, não. Estou achando muito estranho o jeito do meu pai...

Nélio: Melinha, deve ser normal. Falam que quando a pessoa chega numa certa idade ela começa a agir estranho, fica meio gagá, sabe?

Amelinha: Nossa Nélio, como você é delicado (diz com ironia). Só espero que ele não me apareça com mais uma filha bastarda porque aí eu piro de vez. (Pausa de 2 segundos) Mas eu vou descobrir. A se vou!

Nélio: Mas não viemos aqui falar do seu pai (ele dá um meio sorriso).

Amelinha (volta o olhar para a cachoeira): Lembra da gente vindo aqui naquele dia...? (Ela sorri ao recordar)

Nélio: E como é que eu não ia lembrar? Bateu foi saudade ...

Ele a puxa para cima de si e segura seu cabelo. Ela o beija e tira a blusa dele. Eles se despem e entram na água.

Naquele momento nada mais existia no mundo e a presença um do outro era o suficiente para os completar.

*No final do dia*

Já está quase anoitecendo e os dois estão voltando para a casa, de mãos dadas.

Eles param em frente à porta da casa de Amelinha.

Nélio: Eu adorei o dia de hoje.

Amelinha: Eu também, meu amor.

Nélio: Bom, vou indo para a casa. Amanhã de manhã estou aqui.

Amelinha: Que amanhã chegue logo. Não aguento ficar muito tempo sem você (ela sorri).

Eles se despedem com um beijo e Amelinha entra.

Depois de Amelinha tomar banho e colocar o filho para dormir, Sofia entra no quarto da irmã.

Amelinha (está sentada na cama): O que foi, Sofia?

Sofia: Queria te contar uma coisa...

Amelinha: Conte logo, não enrola (fica curiosa).

Sofia: Hoje de manhã eu estava indo até a cabana quando vi o papai no telefone, atrás de uma árvore.

Amelinha: E com quem ele estava falando?

Sofia: Eu não sei, mas ele disse algo como "ainda não é a hora, daqui a pouco estou aí".

Amelinha: Ainda não é a hora... (Pensa) Sofia, ele está escondendo algo de nós.

Sofia: Não tenho ideia do que possa ser

Amelinha: Também não... Ainda!

Você me ensinou a amarOnde histórias criam vida. Descubra agora