Avril não sabia bem o que fazer após descobrir que sua mãe biológica era um clone e, por tabela, o que isso significava pra ela. Se os criadores dos clones AVA não queriam que seus clones procriassem, por que isso seria uma porcaria de uma bagunça com direitos autorais e outras coisas do tipo, o que isso queria dizer sobre ela? Avril seria uma extensão de propriedade, um anacronismo ou uma simples garota filha de um clone?
As perguntas queimaram em sua cabeça durante toda a noite e mesmo com Violet prometendo não contar a ninguém, ela ainda tinha medo que os outros descobrissem. Ela só não sabia se a preocupação era em relação ao que pensariam dela ou de sua mãe.
Assim, se viu caminhando sem rumo pela Waverider, tendo certeza que se alguém a visse descobriria seu mais novo segredo. Um dia ela era uma garota normal de dezesseis anos com problemas com a mãe e preocupada com a admissão em uma universidade como Julliard, no outro estava atolada até o pescoço em segredos que não tinha certeza de que poderia manter mesmo que pudesse custar todo o seu futuro.
Acabou na sala onde as lendas armazenavam objetos históricos coletados através de suas viagens no tempo, lembrando que Zari havia comentado sobre um violino Stradivarius, uma obra do próprio luthier italiano que ela nunca teve autorização de tocar. Mãe estava prometendo dar uma escapada histórica e lhe trazer o seu próprio quando conseguisse passar a primeira etapa na avaliação para a universidade, então poderia usá-lo na prova prática, mas considerando seu futuro incerto era agora ou nunca.
As lendas saíram em missão, confiando neles para tomar conta da nave e não explodir nada.
- Você não vai contar, não é Gideon? – perguntou enquanto tirava o violino de sua case.
- Não tenho ideia do que está falando.
- Ótimo.
Avril ensaiou alguns acordes básicos, ajustando as cordas quando notava que o som não saía corretamente. Nunca gostou das melodias calmas, preferindo as mais desafiadoras ou as adaptações das músicas modernas que ela conseguia aprender a tocar; passava horas estudando as partituras para violino ou então fazendo suas próprias dos artistas preferidos. Tentando não balançar o barco e não sair do período de tempo em que se encontrava, concentrou-se no que sabia ser seguro, colocou o violino sobre o ombro esquerdo e apoiou o queixo na queixeira posicionando em seguida o arco sobre as cordas.
Fechou os olhos e passou o arco pelas cordas, produzindo as primeiras notas de Requiem for a Dream. Adorava a melodia, as notas desafiadoras e dramáticas que escapavam do instrumento como se ganhassem vida ao seu redor; o som sempre tão forte e trágico produzido pelas cordas do violino elétrico não chegavam aos pés da maciez daquele instrumento, tão melodramático e incitador quanto à própria melodia.
Tocou com os olhos fechados, era desnecessário observar os acordes no braço do violino após tantas vezes ensaiando o mesmo número. Tocar era sua segunda natureza, bem ao lado de sua existência e funções primordiais básicas de todo ser humano; Avril ainda desejava ser uma lenda um dia, talvez mesmo trabalhar na agência do tempo para dar continuidade ao trabalho da vida de suas mães, mas sabia desde muito jovem que sua paixão não estaria naquilo.
Terminou a música e só abriu os olhos quando sentiu as últimas vibrações passando das cordas para o arco e então para seus dedos, e ali, parada da porta com um sorriso gentil no rosto, sua mãe a assistia.
- Me desculpe se a assustei, mas você estava tocando tão bem que não pude evitar. É lindo.
- Obrigada, Diretora Sharpe.
Avril se apressou em devolver o violino e o arco ao lugar em que pertenciam e por um breve momento nenhuma delas disse nada.
- Você toca há muito tempo?
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Back to the Future (Fanfic Avalance)
General FictionAvril Laurel Sharpe-Lance é uma adolescente normal de 16 anos, isso se não levar em consideração que suas mães são viajantes do tempo. Quando um anacronismo compromete a linha do tempo e suas própria existência, ela e seus amigos precisam voltar no...