Capítulo 14: Como nos filmes

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Liam estava quieto e eu não sabia o que exatamente se dizer em uma situação dessas. Ao menos se colaborasse exibindo algum semblante, eu saberia como reagir. Até mesmo se for preciso vê-lo chorando, mas desejava ajudá-lo.

— Não é o Henrik — diz ele, convincente. — Ele sempre faz esses truques para ganhar a corrida — o olho, preocupada.

— Liam... — ambos eu e Maison o chamamos em uníssono.

— EU JÁ DISSE QUE NÃO É O MEU IRMÃO QUE ESTÁ NAQUELE CARRO! — grita. Maison passa o braço por meu ombro, automaticamente me puxando para trás.

Possivelmente Liam esteja certo, ou talvez não. Apenas sei que nunca vi esse seu lado. O próprio nunca me permitiu, como também não permitiu todos a sua volta, a enxergarem o que não queria. Como por exemplo, a sua insegurança e o seu medo.

Todos que conhecem os Rosemberg, sabem que são conhecidos por não deixarem expressar o que sentem em diferentes situações. Todavia, agora vejo que Maison quis me mostrar que nem todos os integrantes da sua família são iguais ou que são o que denominam ser.

— Então vamos confirmar nós mesmos — com o corpo ainda colado ao meu, Maison - o rapaz de cachos brilhosos desçe as escadas até a pista de areia.

— Será que pode me...

Não queria ser mal-educada ou mau agradecida, mas aquela posição em que estávamos, fazia minha coluna doer um pouco e me deixava em uma situação muito constrangedora.

— Claro — dá um meio sorriso e tira o braço do meu pescoço.

Por onde andávamos podia sentir mal olhares de todos ao nosso redor, nos analisavam de cima a baixo. Suponho que estão nos estranhando pelo motivo de estarmos vestidos com roupas formais demais pra aquele evento que ocorria. Posso ter uma ideia do porque o garoto solitário veio para cá em vez de ficar em uma casa onde não se encaixava.

Não sei se estou exatamente certa, mas suponho que Henrik nos olha do mesmo modo que essas pessoas que estão na racha de corrida, nos olha. Pra ele, aqui é o seu mundo, onde se sente confortável apenas usando roupas normais e se comportando de modo informal. Se eu soubesse que acabaria nesse lugar, teria vestido uma roupa menos comportada que o meu uniforme. Porém, minha ansiedade me sufocava horrores que nem tive tempo de trocar de roupa. Depois do colégio, dirigi para a casa deles.

Embora aqui ser praticamente o lar de Henrik, me sinto totalmente deslocada. Não posso ficar muito tempo por aqui, visto que pelo que assisti nos filmes, rachas de carros são corridas ilícitas. É uma coisa ilegal e sempre alguém sai ferido. Eu assisti velozes e furiosos com Evan e sei muito bem como isso acaba.

— Eu vou lá ver se é ele — Liam nos ultrapassa e caminha em passos rápidos até a pista onde estava os carros. O garoto é barrado por alguns caras que possivelmente eram os "seguranças" daquele local.

Fala sério, um local ilegal e abandonado como esse tem seguranças? Seria muita ironia e deboche vindo do próprio universo.

— Não vão nos deixar entrar — concordo com o  argumento de Maison.

— Então vamos encontrar outro modo de entrar — sussurro para ele. Disfarçadamente, puxo o garoto para os fundos, nos direcionando para trás das pistas de corrida.

— Entrada permitida somente para os corredores — Maison lê o papel impresso na porta.

— Como se fosse um camarim — murmuro. Abro a porta, não ligando para o recado dado nela.

— Henrik? — ambos eu e Maison dizemos em uníssono.

— Desde que eu nasci — da um trago em seu cigarro.

(Não) Se Apaixone Pelos Rosemberg's (✅)Onde histórias criam vida. Descubra agora