#05 - Semente do demônio carmesim

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Um quarto apertado que possuí uma beliche, uma outra cama, um guarda-roupas gigantesco que tinha espaço suficiente para que três pessoas guardassem suas vestimentas e uma pequena escrivaninha que ficava encostada em um dos cantos daquele cômodo mal iluminado por apenas uma janela que trazia pouca claridade para o ambiente de paredes rebocadas que refletiam pouca luz para o resto do local. Esse era o quarto dos irmãos Jonathan e Cícero, garotos esses que dormiam juntos para facilitar a disposição dos cômodos de sua casa. Mesmo assim, você deve estar se perguntando, por que três camas nesse caso? Eles se preparavam antecipadamente para receber um de seus primos que morava em outro estado, ele estaria vindo para estudar junto deles e assim aumentar as oportunidades que poderia ter no futuro, nada muito grande. Ignorando todo esse processo e se preocupando apenas com o seu momento de paz interior, Jonathan podia finalmente descansar após a dura sessão de treinamentos que ele tinha redigido na noite passada. O garoto queria apenas esquecer suas preocupações, deitado na parte de cima da beliche para falar com seu demônio pessoal...

— Ela é horrível! — Jonathan passou o dia seguinte inteiro reclamando para Ira sobre a ausência de habilidade em sua parceira. Ele se perguntava sobre suas escolhas, questionando se aquela era a pessoa ideal para seus objetivos. — Onde foi que eu errei pra encontrar uma pessoa tão falha assim...

— Olha garoto, tecnicamente foi ela quem te escolheu, não o contrário, então meio que não tem como você reclamar, era sua única opção. — Ira responde ao apelo de Jhon por meio dos privilégios que tinha graças ao pacto realizado com seu hospedeiro. Querendo ou não, o demônio tinha razão, já que foi um golpe de sorte encontrar uma pessoa como Eva para se juntar à eles.

— Eu sei, não é disso que eu tô falando, mas sim de como ela aprende. Por que não poderia ser alguém que absorve as coisas rapidamente pelo menos? Temos só duas semanas, droga. — O jovem reclamava sobre seus problemas pessoais para seu mais próximo e sincero ouvinte em busca de encontrar palavras de aprendizado e consolo com ele, mesmo que isso significasse ter de ouvir duras críticas no processo.

— Uma coisa é certa: qualquer um pode aprender artes marciais, mas só ela e apenas ela foi capaz de confiar em você e lhe seguir, te tratando durante todos estes momentos como alguém que merecia o direito de expressar sua opinião. — O demônio assume que seu hospedeiro não estava confiante sobre a utilidade de Eva em combate, evidenciando alguns fatos anteriores que poderiam aumentar a fé de Jonathan na jovem que estava treinando. — Eu ainda tenho um pé atrás com ela, mas é certo que a garota é tão louca quanto você pra aceitar ser cúmplice de um vigilante.

— Acho que você sempre sabe as palavras que machucam não é?... — O garoto percebe que estava apenas julgando apressadamente a garota e tenta se corrigir também, tudo para que seus objetivos fossem alcançados com alguém realmente confiável. — Não se preocupe sobre traição, eu ainda posso usar o "Falsificador" pra escapar de qualquer ataque que ela fizer.

— Espero mesmo que você tenha algo pra parar ela, já que a garota tem planos pra parar você, mas chega de papo. Tu ainda tem que fazer a Relíquia Mágica pra Eva. — Retornando à realidade apressada que eles experimentavam naquele momento, Ira propõe que Jonathan volte aos seus afazeres para conseguirem realmente cumprir com o prazo de duas semanas imposto sobre eles.

— Certo, também acredito que trabalhar é mais eficaz que só reclamar dos nossos problemas deitados nessa cama. — Ele se levanta bruscamente do seu objeto favorito para repouso, ficando com uma pequena vertigem após isso, mas conseguindo se colocar de pé diante de uma escrivaninha em frente à sua cama. — Tem alguma ideia de como eu posso fazer isso funcionar?

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