#07 - Refúgio incerto

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Em meio ao caos de uma batalha árdua, o perseguidor do maior e mais impune criminoso da cidade surge em meio às sombras, arruinando a investigação que os vigilantes fariam diante do campo de batalha finalizado. Dado a decisão anterior deles de não ferir inocentes, sua única opção aparente era fugir do oficial Pereira, um determinado policial que havia recebido uma denúncia sobre "perturbar a privacidade e silêncio dos vizinhos à noite". Tudo que o homem esperava era alguma festa noturna com o som muito alto, algo que já era costumeiro para ele devido à falta de conhecimento das pessoas sobre a plataforma de denúncias mal divulgada que deveria ser a encarregada por cuidar de tais trivialidades, mas sua intuição também lhe incomodava, fazendo-o levar sua arma só por precaução. Afinal, nunca se sabe quando pode-se encontrar uma briga de gangues naquela cidade, principalmente nos últimos dias.

Após ouvir um forte estrondo vindo justamente da direção de onde recebeu a denúncia, o oficial decidiu que não haveria escolha. Sua missão e profissão era justamente essa, ser encarregado e responsabilizado pela segurança de todos no local, por isso, não hesitaria em usar da violência para proteger os outros e cumprir seu dever vigente... Graças à isso, era capaz de expressar apenas o desespero. Pereira sempre foi muito fiel em relação às suas convicções pessoais, fazendo com que seu trabalho fosse realmente levado a sério por ele. De todo o seu esquadrão, o oficial definitivamente era o homem que mais seguia as regras, buscando sempre entender o lado da vítima e do agressor como um todo. Tais atitudes o levaram ao seu cargo atual, por mais que esse pensamento fosse, para muitos de seus colegas, uma ideologia estúpida e sem sentido, aquilo ainda o tornava um herói para seus filhos e família, o que lhe dava um motivo maior para perseguir e capturar o vigilante. Devido à toda a responsabilidade que construiu para si mesmo, ele não se encarregou apenas dos sucessos, mas das falhas também. Toda morte que acontecia devido à criminosos que ele não conseguia capturar era, na mais profunda das essências, culpa dele, mesmo as causadas pelo próprio vigilante.

— Mãos ao alto ou serei obrigado à usar... Você de novo!? — Tendo suas fortes convicções como base para todas as suas ações, aquele insignificante homem, um único membro da Polícia daquele município não tinha outra escolha. Ele não deixaria mais ninguém morrer nas mãos daquele que perseguia. Ele iria capturá-lo, custe o que custar, e era esse "alvo" que estava diante dele... Diante de, mais uma vez, uma infinidade de corpos caídos sobre o chão.

— Ora se não é você de novo! Desculpa pelo último dia, o pagamento pela lanterna da sirene tá no chão e dentro do galpão, senhor policial! — Pereira estava incrédulo, imóvel diante de mais uma falha que lhe assombraria pelas madrugadas que passaram acordadas nos últimos dias. Com a arma apontada para um abismo vazio que ele não conseguia identificar ou sequer explicar, aquele pequeno ser nada ouvira, apenas ignorou tudo que lhe disseram...

— Foco homem! Faça o seu trabalho! — Disse para si mesmo, de fora para dentro, tentando lhe retirar daquele transe infernal. Numa rápida reação aquela cena terrível, fez a única coisa que ele mesmo conseguia pensar naquele momento. O oficial liga seu rádio de dentro da viatura e se comunica com outros colegas que estavam de prontidão para seguirem ao mesmo endereço em que ele estava, avisando que o vigilante foragido estava naquele local, provavelmente se preparando para fugir. — Venham o mais rápido possível ou ele vai escapar de novo!

— Certo, também acho que é o melhor à se fazer. — Uma garota que acompanhava o vigilante lhe respondeu sobre uma mensagem anterior, algo que Pereira não conseguiu identificar da posição em que estava. Aparentemente, ambos planejavam sair do local o mais rápido possível.

— Dessa vez, você não vai... Escapar...

Quando o oficial volta sua atenção para a cena que ele havia testemunhado, os culpados por toda aquela baderna já haviam desaparecido de sua percepção. Novamente, uma falha. O abalo da situação faz com que o policial caia no chão da praça, deixando que sua arma caia. Estando ele de joelhos e aos prantos mais profundos de sua alma, havia percebido algo agora que estava mais próximo da cena. Mesmo com toda essa situação desesperadora na sua frente, nem tudo estava perdido. Não havia sangue...

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