#11 - Passos profundos para o abismo

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— Certo, aqui está! — Um aparato eletrônico gigantesco e bastante robusto fora simplesmente jogado em cima da mesa de centro da mansão antiga em que Mei vivia. Nele, aquele mesmo símbolo identificado anteriormente como uma runa mágica estava ainda bem exposto, mas não brilhava mais com tanta intensidade. — Esse é o aparelho que eu tô falando. Preciso descobrir o que é isso. Tem alguma informação?

— Meu querido aprendiz, posso lhe responder quantas perguntas quiser, mas antes, terá que me explicar o que é isso atrás de você. — Prostrada de pé diante do garoto que já estava sentado, a senhora asiática apontava uma de suas várias lâminas lendárias na direção do simbionte alienígena, assustada pelo fato de um ser como aquele existir.

— Creio que eu seja alguém, minha senhora. — Silico flutuava por trás de seu amigo, usando-o como um escudo para proteger-se da ameaça que a senhora em sua frente apresentava. A tensão que a relação dos dois criava diante do ambiente era intensa, tornando o diálogo certamente desconfortável para o garoto.

— Bico calado, alienígena. Eu falo com tu depois de saber quem você é. — A espada brandava contra o vento enquanto refletia a pouca luz do sol passando pelas frestas das janelas fechadas, curvando sua lâmina por cima de seu aprendiz. Ainda mantendo sua guarda extremamente fechada, tentava manter um contato com o garoto para compreender o que estava acontecendo. — Eu ainda estou falando sério, Jonathan. Isso é uma negociação, não um diálogo comum.

— Tá bom, vou te explicar do início, mas eu pensei que já tivesse familiaridade com alienígenas, ainda mais depois do que me contou quanto ao Sentinela. — As expressões e gestos que o jovem realizava apontavam para uma tentativa de acalmar sua mestra. Sendo ela eficiente ou não, já seria algo capaz de acalmá-la, ao menos por enquanto.

— É verdade que já me encontrei com vários alienígenas... — Ela recoloca a espada dentro da bainha que estava sobre a mesa, sentando-se de frente para o garoto em um movimento breve, servindo os dois de chá para continuarem a "negociação". — Porém, nenhum deles era desse jeito. Na verdade, talvez eu já tenha visto muita coisa grotesca durante meu serviço como Mestra do Tempo, mas nunca algo desse tipo.

— Eu tinha esperanças que você pudesse me ajudar à descobrir o que ele é... — Sua expressão se torna um pouco perdida por um momento, isso enquanto aponta para o ser flutuante que se protegia por trás dele. — Bom, pelo menos você se acalmou.

— Espera, você não sabe o que ele é!? — Disse, pegando no cabo da mesma katana que estava embainhada sobre a mesa. Sua expressão era de pavor, seriedade e medo, como se o desconhecido realmente lhe assombrasse. A única coisa que já lhe fez ter tamanho pavor fora o retorno de Sentinela, pelo menos era isso que Jonathan se lembrava.

— Fica calma! Eu posso não saber de que espécie ele é, mas tenho certeza de uma coisa: Ele é benigno e irá nos ajudar muito com o que estou prestes à realizar... — Jonathan ergue seu dedo indicador da mão esquerda, apontando-o para o teto enquanto uma luz azul lhe rodeava em uma espiral. Seu semblante estava completamente sério, passando-lhe um ar de profunda tensão. — Mestra, eu sou um vigilante, busco deter criminosos na minha cidade à noite e lhes assassino cruelmente, pelo menos er assim antes daquilo...

— O que é essa luz no seu dedo? Eu nunca vi nada parecido... — A mulher simplesmente ignora a "revelação surpreendente" que Akuma tinha, focando unicamente na essência azul que provavelmente nunca havia visto. Como Mei ficou surpresa apenas ao ver Silico, era de se esperar que fosse achar estranho o controle de lux, uma energia da qual provavelmente não tinha conhecimento nenhum até o momento.

— Tu não ficou nem um pouquinho surpresa pelo fato de seu aprendiz ser um vigilante e assassino? — A surpresa maior era para o garoto, este que já esperava um sermão de sua mestra sobre o uso irresponsável dos poderes de demônio para fins mundanos. — Tipo, já tava esperando aquelas lições de moral suas sobre "você vai acabar se matando usando os poderes desse jeito, pare de ser inconveniente", ou algo desse gênero, sabe.

Almas da EscuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora