#08 - Tons de esperança

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— O que é você? — Estando diante de algo inacreditável, Jonathan se vê sendo encarado por algo ainda mais surreal que demônios e espíritos. Sua mente não processara toda a informação por completo, mas sua ação ainda foi ágil, algo suficiente para conseguir respostas.

— Olá humano, prazer em conhecê-lo!

Um pequeno ser formado por componentes eletrônicos emerge de uma pequena cratera do tamanho de um buraco comum de estrada, muito semelhante às depressões geradas pela chuva intensa em certas regiões do mundo. Um pouco de poeira havia se levantado junto de uma quantidade considerável de fumaça, como se algo realmente estivesse queimando pelo impacto gerado ali. Mesmo com todas essas observações, o que definitivamente mais incomodava à Jhon era o fato do corpo daquele pequeno ser flutuante estar intacto. Ele era formado por um "olho" que se projetava em uma tela eletrônica como as de celulares mais modernos, só que muito mais avançado que aquilo, além de dois pequenos "braços" em formato levemente cônico que orbitavam ao redor de seu componente principal, ou algo que lembraria sua cabeça. Fosse por sorte ou intervenção do destino, naquele momento específico em que os dois se encontravam pela primeira vez, nenhuma testemunha passava pelo local.

— Meu nome é Silico! Eu estou aqui para ser seu amigo! — À partir de uma voz eletrônica projetada de uma provável saída de áudio que o peculiar "Silico" possuía, ele conseguia facilmente se comunicar com o garoto.

— Tu me fez derrapar a bicicleta, agora eu vou me atrasar ainda mais... Espera porra, esse não é o ponto! — Era um dia conturbado para Akuma. Seus problemas eram dos mais variados, desde se atrasar para a escola até ter um pequeno deslize com um suposto meteorito que pousou em sua frente. Eram muitas coisas pra raciocinar ao mesmo tempo, a confusão já não era mais um caminho opcional, mas sim uma obrigação. — O que é você e como consegue falar minha língua tão bem?

— Não é normal que seres de uma mesma região se comuniquem por meio de uma linguagem padrão? — Enquanto flutuava sobre o chão de forma natural para si, modulava a própria voz para refletir o tom de uma questão, especificando estar confuso quando questionado sobre tais razões.

— Sim, mas só quando eles são seres humanos do planeta Terra, e já tá meio óbvio que você não é daqui! — Aquilo já havia passado em vários níveis de um simples problema, não poderia ser resolvido por meio de soluções racionais e lógicas como Jonathan buscava aplicar em todas as questões, além do fato que estava começando à lhe irritar a forma ignorante com que era tratado. Esse é um dos vários defeitos do garoto, ele odeia lidar com pessoas que tem dificuldade para aprender e não lhe agregarão em nada.

— Em definições biológicas, quando comparado aos homo sapiens deste lugar, definitivamente prova-se que não sou semelhante nem em um por cento da minha constituição com estes seres humanos, mas eu tenho semelhança com você! Observe. — Silico se aproxima cuidadosamente de Jonathan para não demonstrar nenhum ato brusco, algo que na sua lógica, assustaria o humano com quem queria ter algum tipo de contato.

Ao aproximar-se do garoto utilizando seus membros flutuantes, uma reação minimamente curiosa acontece. Uma espécime de luz, muito parecida com um fluído em tons de azul, cercava os corpos de ambos os seres, como se os dois pudessem emitir aquela luz de dentro deles. Muito semelhante à água, aquele estranho, porém confortante fluído azul orbitava ao redor deles na forma de uma grande e infinita espiral, girando eternamente em sintonia com aqueles dois. As duas fontes de luz vibravam de formas diferentes, mas aos poucos, uma se adaptava à outra, entrando em sincronia devido especificamente ao toque de Silico. Por mais forte que fosse o transe em que Akuma estava imerso devido à mesma sensação confortante que sentia quando olhava para aquilo, sua curiosidade e intuição naquele momento eram maiores que a força da correnteza que lhe prendia, tornando-o capaz de escapar. Ele retira a própria mão de perto dos membros de Silico, podendo novamente prestar atenção no que realizava. Após se recompor e colocar-se de pé ao lado da bicicleta que mais uma vez era capaz de andar, puxa sua mochila que ainda estava firme, presa às suas costas e abre-a diante do ser desconhecido que acabara de encontrar, respirando fundo para manter sua calma em todo o processo.

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