The Past

Ponto de Paz

Ao sair do carro, Alex respirou fundo e soltou o ar logo em seguida, dando um desconto a seus pulmões. Ela já perdera a conta de quantas vezes tinha feito isso nos últimos dias. O vento soprou em seu rosto e ela se recordou perfeitamente daquele amplo espaço.

Família é algo importante, isso é um fato. Claro que é importante para aqueles que tem uma verdadeira família, plena e feliz. Alex sempre teve isso, então foi direto e com muita intensidade o momento que viveu ao dar de cara com sua antiga casa.

As coisas estavam quase que exatamente da mesma forma. Ela analisou a casa em sua frente e rodou os olhos para também analisar as casas aos lados. O gramado mantinha o mesmo tom de verde escuro e limpo. O cheiro de terra úmida também estava presente na noite. As crianças continuavam correndo na rua calma a brincar sem preocupações.

Alex sentiu uma mão gelada na sua. E, ao levar os olhos até aquelas duas mãos, também percebeu que o amor que sentira por Piper um dia, nunca fora deixado de lado. Ainda estava ali. Presente. Fazendo seu coração dançar um ritmo mais que acelerado.

Com um sorriso, Piper disse:

— Vamos?

E Alex sabia que poderia ir a qualquer lugar com ela.

Elas subiram a pequena escada da entrada principal. Havia alguns carros estacionados em frente a casa e as luzes estavam todas acesas. Alex pensou que talvez seus pais estivessem com visitas em casa.

Piper entregou as chaves da casa e assim que girou a maçaneta, não encontrou ninguém.

Ainda vasculhou um pouco, mas não encontrou ninguém.

Piper vinha mais atrás, com um sorriso tímido no rosto.

— Pipes, acho que eles saíram — a morena disse, meio confusa. — Nicky verificou e disse que eles não teriam nenhum compromisso hoje.

— Bom, Alex, eu também não sei. Mas preciso de uma água, vamos entrando.

Alex assentiu, seguindo a loira, que deu uma corridinha em direção a cozinha.

— Ei, Pipes, por que é que você tem as chaves da casa mesmo? Eu ainda não entendi como...

Ela congelou o olhar ali mesmo e analisou a cena. Seu rosto paralisado no meio da frase incompleta. Não sabia o que sentir de imediato, mas sabia que mataria Nicky.

Estavam todos ali.

Todos.

Alex olhou para Piper e ela chorava um pouquinho, meio sem querer.

Os pais de Alex faziam o mesmo, abraçados, cúmplices como sempre. Joye e Peter estavam com suas esposas ao lado. Nicky também estava lá, claro, com aquele sorriso sacana bem estampado no rosto.

E, de repente, Alex sentiu alguma coisa tocando sua perna.

— Oi, tia Al. Você não vai querer abraçar a gente não?

Como se fosse possível segurar, Alex ajoelhou no chão e abraçou seus sobrinhos. Ao olhar dela, eles estavam tão grandes e tão lindos! Não soube o que fazer primeiro, mas beijou cada um deles mais de uma vez. O riso foi presente no espaço e tudo parecia ter mais sentido.

Depois da farra, Alex se jogou em cima dos pais. Como sentira falta daquele carinho! Eles retribuíram o carinho na mesma proporção e ela estava quase que grata.

Quase.

Seus irmãos estavam abraçados, juntos, já longe das esposas. Alex virou em direção a eles e os dois homens a pegaram no colo, girando juntos. Alex bagunçou o cabelo deles e os apertou ainda mais. Ela era a irmã mais velha e maior, então não era uma tarefa difícil para ela.