Noite

96 6 3
                                    

Sempre existe uma sensação.

Nessa ocasião, a sensação é aquela que aquece o peito.

Sabe?

Que transborda o sentimento junto com a alma.

Que preenche.

Que completa.

Era como chegar em casa e ser recebido pelo seu bichinho de estimação, tão feliz por ter você ali após um dia todo sozinho. Ou como sentir o cheiro do pão de queijo da melhor padaria do seu bairro, ou da sua cidade. Ou até mesmo como um abraço apertado do seu melhor amigo.

Um olhar encantado de um filho para com uma mãe.

Uma admiração de uma avó com um neto.

Era essa sensação.

Quem já sentiu, sabe.

É a melhor sensação do mundo.

Ali, sentada na poltrona da casa dos Vause, com a Claire no colo, Piper sentia exatamente o mesmo.

Era Alex quem tinha ido para uma longa viagem, mas era ela quem estava se sentindo de volta para casa.

Tudo no controle novamente.

O eixo de todas as coisas.

Aquele domingo tinha iniciado da melhor forma. Como quase sempre, os Vause se reuniam ao menos uma vez na semana para que pudessem compartilhar de suas rotinas e para que os primos pudessem aproveitar o máximo da infância juntos. É claro que o avô e a avó, os tios e as tias, também ficavam muito contentes em vê-los ali sempre. Era o que os faziam feliz. Estar em família sempre foi algo muito importante e zelado por eles. Então, mesmo com toda a correria da vida, eles sempre davam um jeito de estarem juntos.

Piper admirava muito isso e se lembrava da irmã em todas as vezes. Gostaria de viajar para visitá-la, com Alex. Sentia saudade dela e aquilo ardia em seu peito. E já fazia tanto tempo que não a via, precisava dar um jeito de tentar uma visita.

A sala estava repleta de armadilhas de brinquedos espalhados no tapete. Diane corria de um lado para o outro com Brian, Elizabeth e Julie, que estavam brincando de esconde-esconde, a procura de Samuel. Peter preparava o almoço com a ajuda de Anne e Scarlett, enquanto Joey e Alex estavam preparando alguns drinks. Vez ou outra, Alex sorria para Piper, só para encher seu coração de alegria. O riso era retribuído e durava aqueles poucos segundos necessários para a felicidade de uma vida inteira.

Piper gostava de observar o clima agradável que consumia o ambiente dos Vause. Reparava nos gestos e expressões das crianças, reparava no quanto os irmãos eram parecidos e na beleza exuberante das esposas que os acompanhavam. Notou que Alex se divertia muito ao lado dos irmãos e das cunhadas, e aquilo lhe trazia paz. E, em especial, reparou em Claire, a caçula da família, em seu colo. Ela era tão parecida com Alex, que chegava a impressionar. Os olhos verdes, as sobrancelhas expressivas, a boca carnuda e a cara emburrada. E, olhando aquela casa cheia de crianças, olhando a cumplicidade dos irmãos, olhando o riso estampado das crianças correndo, olhando a miniatura de sua Alex e até ela mesmo, Piper percebeu que queria viver tudo aquilo, exatamente da mesma forma, com a Alex.

Isso a levou a uma atmosfera só dela e, por alguns instantes, pôde visualizar perfeitamente os seus filhos, Chapman-Vause, correndo pelo lazer de sua casa.

Um choro leve de Claire a despertou do seu devaneio.

— Oh, meu amor, o que houve?

— Pode deixar, Piper, agora é comigo — Scarlett pegou a filha no colo. — Nosso almoço não está pronto, mas o dela está tem algum tempo. Pude sentir há alguns minutos, bem nos meus seios.

The PastOnde histórias criam vida. Descubra agora