Finalmente

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Vez ou outra é possível notar um descontentamento que cerca a vida das pessoas. Aliás, viver é um ato de sobrevivência. Parece óbvio, mas a prática vai além disso.

Há muitos gestos simples que podem levar a um grande amontoado de coisas distintas. As pessoas causam impactos umas nas outras. Causam impactos bons e ruins. E é necessário saber disso.

A dor é inevitável, mas sofrer é uma escolha.

Até quando você vai escolher sofrer?

Piper havia desistido de sofrer, já havia sofrido por muito tempo. Ela sabia que aquela dor sempre estaria ali, sempre estaria presente, aquele em dia em que Alex foi embora jamais sairia de sua cabeça e pensamentos.

Mas havia fundamento em continuar corroendo aquilo tudo, quando Alex, a sua Alex, estava ali outra vez?

A resposta era não.

Ela não sofreria mais.

Por isso que, naquele instante, nua com Alex, naquela cama que as aconchegou por tanto tempo, ela sabia que havia feito a escolha certa: voltar para os braços de onde nunca gostaria de ter ido embora.

Claro que ainda sentia muito medo. Seu coração se partira em cem mil pedaços minúsculos que ela achou nunca ser possível de reconstruir.

Mas ela também sabia que não poderia viver sentindo medo de se machucar novamente. O medo nunca é felicidade. E a vida é feita de tentativas e erros, até finalmente acertar.

Não sabia se Alex a machucaria outra vez, mas estava disposta a arriscar.

Olhando aquele corpo, nu, ao lado do seu corpo nu, sentiu-se completa e feliz.

E viver assim era melhor do que viver com medo.

Estava disposta a arriscar tudo o que tinha ali. Sua vida, todo seu amor, todo sentimento que era possível habitar no mais íntimo do seu ser. Estava disposta a viver, depois de tanto tempo se escondendo em relações rasas...

Seu passado, seu presente e seu futuro sempre pertenceram a Alex. Não adiantaria tentar mudar aquilo, ela nunca conseguiria. Estavam ligadas, para sempre, destinadas a ficarem juntas, no mesmo lugar, não importa o que acontecesse. Sabia que seu lugar era exatamente ali, com ela. Ela era o eixo principal de toda sua vida, de toda sua história e trajetória. E, por mais que tentasse com todas as forças, como ela havia feito durante aqueles anos terríveis, ela jamais se livraria daquele sentimento.

Elas se pertenciam.

Pelo menos Piper sabia que pertencia a ela.

E, céus, pensou, torcia para que Alex fosse dela, única e exclusivamente dela.

Elas não conseguiram se largar depois que iniciaram aquele beijo. Parecia até errado ter escapado dele durante tanto tempo, porque aquele era o beijo perfeito, era o encaixe exato, era o momento mais belo. Piper havia experimentado bocas diversas, toques diversos, peles diversas, mas nada poderia ser comparado àquele momento delas. Aquele era o ideal, o beijo que ela esperava encontrar, o toque que ela ansiava ter e a pele que ela gostaria de saborear cada parte.

E foi o que ela fez.

A noite durou e se demorou nos abraços cheios de saudade e nos toques tomados pelo desejo. Não saberiam explicar como chegaram até o quarto, ou talvez qual rumo as roupas tinham tomado. Só poderiam dizer que finalmente estavam unidas, de corpo e alma.

Alex tomou o corpo de Piper com força, como sempre fizera, e da forma que ela gostava. Pouco se importavam se os Vause escutariam os gritos, os tapas e os ruídos que esboçavam no quarto de Alex. Elas não estavam se importando com quase nada, talvez isso deixasse as coisas mais intensas.

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