Esse capítulo não vai terminar como vocês imaginam...
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Christian Dreyfus se encontrava no escritório pessoal, no segundo andar da casa. Não era o gabinete onde ele realizava os encontros com os advogados e outras pessoas do seu círculo profissional, e sim um espaço adjacente ao seu quarto onde ele costumava ler um pouco os títulos da sua segunda biblioteca e os jornais do dia.
Também era o lugar onde costumava tomar o café da manhã durante a semana. Aos finais de semana, preferia a mesa da varanda, onde podia ficar perto da filha e conversar com Martine sobre tudo que viesse à mente da sua princesinha – mesmo que nos últimos tempos, ela parecesse mais calada e arredia, sempre dizendo sentir frio com aquelas jaquetas grandes e os cabelos amarrados.
Algumas vezes, Christian perguntou à menina se alguma coisa estava acontecendo, mas Martinha dizia que sentia frio e "um pouco cansadinha", sempre sorrindo para convencê-lo do contrário, mas era um sorriso que não chegava aos olhos. Aquele sorriso aberto, que deixava os olhos pequenos ainda menores de júbilo, não existia. E ele não conseguia entender a razão.
- Você sabe de alguma coisa, Jeremy?
Naquele dia, os dois conversavam no escritório da cadeia de hotéis em Londres, enquanto Martinha se divertia no espaço infantil que ele colocou na sede apenas para agradar à filha – mas que se tornou um espaço para os filhos dos funcionários, quando estes não tinham onde deixar as crianças, no dia que a menina disse "papai, essa sala é muito grande pra mim, tinha que ter mais crianças!".
- Em relação a que, exatamente?
- Se Martine está passando por algum problema, ela confidenciou algo a você?
O advogado cruzou os braços, curioso com a escolha das palavras.
- Por que você está perguntando sobre Martinha para mim? Eu sou o pai dela?
Christian percebeu que Jeremy usava o apelido da menina com um português perfeito, ao invés do nome dela.
- Por esse motivo. Você é muito próximo dela, talvez ela queira contar algo e tenha receio em me dizer...
- O que é um problema, Christian. Sua filha tem que ter confiança em você, e não no "tio Jerry". Não entendo a razão. Você a ama, a menina te idolatra e faz tudo por você. – suspirou. – Martinha não disse nada, mas... Eu acho que tem algo errado. Não sei o que é.
- Estou preocupado. Tem alguma coisa que não está bem na minha filha, algo sério.
- Por isso mesmo, por causa desse instinto paterno que está aí, que você deveria conversar de uma forma que ela se sinta confortável. Como está o seu português?
- Muito ruim. Não treino mais desde que voltamos do Brasil.
A reação de Jeremy Winter foi de espanto.
- Dreyfus, depois você quer que a menina se aproxime de você! Seria ótimo que conversassem na língua que ela se sente melhor porque pode ser algo sério.
- Mas Martine precisa se acostumar ao inglês. A fluência dela é ótima, mas ela está-
- Ela está na Inglaterra, mas ela é brasileira. E, pode chamar de intuição de advogado, mas ela provavelmente falaria com mais segurança em português contigo. – fez um gesto negativo com a cabeça. – Como você quer a total confiança de Martinha se nem esse "sacrifício" você quer fazer, Christian?
Christian sabia que o advogado estava certo. "Preciso retomar as aulas."
- Por falar em Brasil, estive em contato com os advogados de Rosa Williams, tanto o brasileiro quanto o britânico, que pediram uma extensão do acordo para mais seis meses.
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Segredos de Família
Romance⚠️⚠️⚠️NÃO PLAGIE! Essa obra tem registro digital no Safe Creative: 2003293472200⚠️⚠️⚠️ --- Rosa foi criada por uma viúva inglesa na ensolarada Salvador e pouco conviveu com sua irmã mais velha, a exuberante Juliet (que ela chamava de "Juliete" como...