Segredos de Família

Nosso mundo

Hora de nos despedirmos dos personagens de "Segredos de Família" por um momento. Alguns aparecerão no futuro, e outros vão circular nas histórias mais cedo do que imaginam. Originalmente, este seria um capítulo menor, mas alguns personagens mereciam aparecer aqui para dar um oi e vocês terão a chance de reencontrá-los. 

Particularmente, gosto bastante do clima de carnaval desse capítulo, é como se fosse um fechamento de ciclo, já que os personagens são tão ligados à festa...

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O domingo de carnaval em Salvador sempre foi visto com reverência pelos foliões e grande parte das agremiações mais tradicionais da folia – apesar do carnaval na Barra ser, há anos, a parte da festa com mais câmeras, exposição e pessoas.

No entanto, naquele ano o domingo ganhou um elemento tão especial que a imprensa local, nacional e de todo o mundo fez ponto nas ruas estreitas e antigas do Campo Grande e da Avenida Sete para ver um trio "pipoca" arrastando uma multidão – crianças no ombro de seus pais, adolescentes ensandecidos, idosos, até roqueiros seguiam o trio que se configurou na maior atração do carnaval soteropolitano naquele ano.

Os Day Riders eram provavelmente os artistas brasileiros mais famosos no mercado internacional, com uma mistura de pop, rock e axé, e se tornaram queridinhos na Europa, com algumas faixas tendo chegado aos charts americanos. No entanto, Rosa, Rian, Kauã, Jônatas e Jan não tinham tanto interesse em chegar ao mercado dos EUA – estavam contentes em lotar estádios e festivais como o Glastonbury, e ainda mantinham uma rotina low-profile: sempre voltavam a Salvador e ficavam com seus familiares, apesar de Rosa Williams-Dreyfus ser constantemente fotografada – até o momento que seu marido ameaçava tabloides e paparazzi com um processo.

E todos os jornalistas retornavam com rapidez absurda para a Inglaterra.

Naquele domingo de carnaval, no entanto, os Day Riders estavam em casa para "voltar às origens": o trio "pipoca" faria um percurso por todo o circuito Osmar com as faixas originais do grupo, além das músicas que eles tocavam nas turnês e as faixas favoritas de axé e samba reggae da banda.

A banda tocava nas laterais do trio, enquanto no fundo, era possível ver algumas pessoas cantando e dançando junto – parentes e amigos dos músicos. Dois degraus abaixo de onde Rosa estava, tinham outros parentes, incluindo um homem alto, barba cerrada e cabelos ondulados, um pouco bagunçados, o rosto alvo bastante vermelho de sol e com a camisa branca molhada de suor. De óculos escuros, era possível ver em seu rosto a preocupação com a esposa grávida dançando, ao mesmo tempo que olhava para duas meninas se divertindo, uma mais animada, a outra mais tímida.

Cíntia também acompanhava a família Dreyfus, mas de olho em um dos roadies, juntamente com Léo, concentrado nos músicos.

Em dado momento, o professor reparou que a percussão não ficaria mais sob o comando de Jan, que trocou de lugar com rapidez notável, dando espaço para um músico substituto, e a mudança no batuque foi apenas na vibração da batida. O rapaz, caminhando a passos largos, cruzou olhares para um grupo perto da frente do trio e sorriu, dando um "tchauzinho" especial para uma menina magra e tímida, escondida junto ao pai e com os olhos verdes brilhando de orgulho.

- Enquanto vocês aproveitam o som, vou chamar aqui um amigo especial, um músico incrível, e como cantor, ele é melhor ainda! – Rosa sorriu, ouvindo em resposta gritos e urros do público que tornava a rua em frente ao Teatro Castro Alves um mar colorido. De todos os lados, câmeras de várias partes do Brasil e do mundo, além dos camarotes oficiais apinhados, todos queriam um pedaço da Estrela. – Jan Severo, nosso pequeno príncipe!

O rapaz subiu, ajeitando os cabelos negros e lisos, que desciam livres pelos ombros, e segurou um microfone entregue por um dos roadies.

- Agora é nossa vez, né?