O show dos Day Riders daquela sexta-feira, agora com a nova integrante definida e já com o baterista substituto, seria o último da temporada que eles classificavam como "rock e pop", misturando rock setentista e axé; já que depois, começariam os ensaios de São João.
Era uma mistura curiosa, mas que dava certo graças à competência dos músicos, que tocavam todos os ritmos, a curadoria das músicas e o carisma da vocalista. Rosa Williams, que já tinha alguns seguidores nas apresentações no Rio Vermelho, era uma aparição que atraía e apaixonava a todos, especialmente quando a jovem parecia especialmente inspirada – como naquela noite.
- Hoje vai rolar alguma coisa diferente ou é impressão? – perguntou Rian, afinando a guitarra.
- Por quê?
- Nada, cê parece mais... Sei lá, consciente de que teremos show, plateia...
- Hmm... Será que o motivo é aquele gringo que tava contigo lá em Itapuã? – observou Jônatas, malicioso.
- Que grin... Do que você tá falando?
O guitarrista se lembrou:
- Ah, é mesmo, o gringo com quem você conversava toda animada e depois foram dançar...
- Opa, como assim, Rosa dançando com um cara sem ser no nosso show? – Kauã, o baixista, surgiu no meio da conversa, visivelmente empolgado.
Enquanto isso, o baterista novo, Jan, testava o instrumento. Regularmente, buscava o celular para falar com a mãe pelo WhatsApp, dizendo que estava tudo bem e a documentação ok. "Mãe, eu não vou aceitar drogas de ninguém!"
- Gente, calma! Christian é meu cunhado, se assim eu posso dizer. Ele é o pai de Martinha.
- E daí? Cunhado não é parente!
- E cá entre nós, Estrela, você tá há muito tempo sem um namorado, um ficante, um negocinho pra se esquentar. – observou Rian. – Qual foi o último namorado que você teve?
- Vocês são ridículos, meu último namorado foi no primeiro semestre da faculdade. Depois disso, minha mãe ficou doente e eu precisei me dividir entre o curso, Martinha e dona Grace.
- E namoro quando se é calouro da faculdade vale?
- Eu não namorei no primeiro semestre de Engenharia Elétrica. – disse Jônatas. – Eu apenas desenvolvi minha maturidade emocional.
- Não pretendo ouvir essa conversa, vamos ensaiar, ok? – Rosa tentou desconversar, mas os amigos da banda eram irredutíveis.
- O gringo vai estar aqui né? – perguntou Kauã. – É por isso que cê tá aí mexendo no cabelo.
- Kauã. Jônatas. Rian. Parem, certo? – virou-se para Jan, ainda testando a bateria. – E você, Jan, nem comece!
- Mas... Eu nem falei nada!
O fato era que os colegas do Day Riders estavam certos: Rosa estava tensa porque sabia que Christian estaria na plateia naquela noite. Não imaginava de fato que ele compareceria ao show, mas quando a jovem recebeu uma mensagem de texto em inglês perguntando se a apresentação estava confirmada para as 20h, ela sabia de quem se tratava.
"Martine fica com quem?"
"Com Cíntia, elas ficam vendo TV e ela bota Martinha pra dormir cedo."
"Eu queria falar com ela quando voltássemos..."
"Vamos ver se consigo acordar Martinha. Ela vai amar a surpresa!"
A informação sobre falar com a menina quando os dois retornassem tinha sentidos distintos: Christian queria ver a filha, algo que ela já estava acostumada, ao mesmo tempo que ele dizia de forma indireta que após o show, ele a levaria para casa. "Isso é... Não viaja, Rosa, não viaja".
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Segredos de Família
Romance⚠️⚠️⚠️NÃO PLAGIE! Essa obra tem registro digital no Safe Creative: 2003293472200⚠️⚠️⚠️ --- Rosa foi criada por uma viúva inglesa na ensolarada Salvador e pouco conviveu com sua irmã mais velha, a exuberante Juliet (que ela chamava de "Juliete" como...