O mundo à parte

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Leonardo Cavalcante de Menezes terminou o plano de aula em tempo recorde.

Estava ansioso em saber informações sobre o que aconteceu na reunião entre Rosa e o pai de Martinha, mas queria saber primeiro de Henrique – e esperava que o jovem advogado lhe contasse as novidades.

- Já esperava a sua ligação. – disse Henrique no telefone, sempre com aquele comportamento seco.

- Você está com Rosa?

- Não, já estou no escritório com meu pai. Dei uma parada para o almoço, mas logo retorno. Agora, se queria falar com sua amiga-

- Primeiro queria falar contigo, como foi a reunião com o pai de Martinha? Não teve treta não, né?

- Pelo contrário. Em breve o novo exame de DNA será feito e acredito que o resultado positivo será repetido. Mas tudo foi resolvido. Fizemos um acordo e tanto Rosa quanto Christian Dreyfus definiram que os cuidados da menina ficarão divididos. Seis meses com ela aqui em Salvador, seis meses com ele em Londres.

Leonardo ficou em silêncio. Parecia surpreso.

- E Rosa aceitou?

- Sim, ele também. Foi o caso de direito de família mais fácil de todos os tempos. Nem vou cobrar muito pra você, Léo.

- E... Como é o cara? Ele realmente é tão rico assim?

- Sim. Além dos advogados, fiz minha pesquisa assim que terminou a reunião. O cara é bilionário. Desses que aparecem na lista dos dez mais da Forbes e tudo. Provavelmente ele e Alberto devem estar na mesma lista.

Henrique não tinha senso de humor, mas Léo sentiu que aquela era uma tentativa de piada.

- Pelo menos não houve mais conflito.

- Não... E Rosa tomou uma atitude bastante pacífica em relação a essa confusão toda: ela levou a menina até o local do encontro e apresentou Martine ao pai.

Léo sorriu para a parede. Conhecia a personalidade de Rosa, ela não guardava rancor.

- Isso é bom.

- Foi excelente. A última coisa que a criança precisa é dos responsáveis em guerra. Agora... Posso perguntar algo pessoal?

- Ahn... Não entendi a pergunta...

- Estou com uma dúvida de ordem pessoal a respeito de você e Rosa.

- Qual?

- Você tá a fim dela, ou... É só amizade mesmo?

O professor deu um longo suspiro. Rosa nem imaginava sobre sua paixão platônica; os dois eram amigos e Léo era muito tímido para se declarar. Além disso, não acreditava que, caso confessasse seus sentimentos, ela também diria estar apaixonada. Nunca viu Rosa interessada em ninguém.

Sua vida era Martinha.

- Demorando muito pra responder.

- Então... Pode-se dizer que... Que eu sinto algo por ela.

- E por que nunca falou nada? Ela é gata, inteligente, vocês são amigos e tá na cara que ela confia em você. Por que nem investir investiu?

- Porque sou um idiota. Eu travo só de pensar que eu tenho de falar com ela sobre meus sentimentos, isso é uma merda. E não sei se ela também gosta de mim...

- Que porra cê tá falando, Léo? Já ouviu falar em "conquistar"? Mandar flores, passar indiretas, convidar pra sair...?

- Isso é meio difícil... De verdade.

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