Despair

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Narrador

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Narrador

Era fim de tarde, o céu atingia uma cor alaranjada, além do tempo consideravelmente frio. Todos os alunos da UA estavam no enorme ginásio contemplando a gincana surpresa que os professores preparam, no entanto, havia uma exceção. Midoriya conseguiu sair sem que ninguém percebesse, o local muito cheio, sentimentos muito aflorados, aquilo fez mal para o garoto. Por ser do feitio dele não querer preocupar os seus amigos, apenas tentou agir naturalmente e sair de lá.

No momento caminhava tranquilamente pelos corredores vazios, suspirava cansado e pensava em muitas coisas. Apesar de não demonstrar, o garoto temia o futuro, não sabia o que fazer caso tudo o que sofreu na infância voltasse. Sempre tentava colocar na cabeça que conseguia se defender, porém, isso não impedia aquele sentimento de nojo surgir, sentia vontade se jogar em ácido, com a esperança de conseguir se limpar daquilo que aconteceu. Ele tinha noção do que era e não podia se deixar levar pelos traumas, isso faria voltar à estaca zero.

Aquela conhecida sensação de estar sendo observado o assombrava novamente, lágrimas se formavam em seus olhos. O corpo tremia levemente, parecia que tudo iria por água a baixo, ouvia no fundo de sua alma uma risada psicótica, aquilo o desestabilizava por completo. Ele torcia para ser apenas coisa da sua cabeça.

O esverdeado se apoiou na parede, ofegava de cansaço. Sentiu uma mão fria, mas gentil encostar em seu rosto, logo todo aquela mal-estar desapareceu. Tinha os olhos fechados, no entanto, não estava assustado. A pessoa de baixa estatura sorriu para o garoto e segurou sua mão delicadamente puxando-a devagar.

Izuku era guiado pelo garoto de cabelos roxo escuro, ele mantinha os olhos fechado, achava que era melhor não olhar. Aquele garoto passava uma sensação de tranquilidade quase infantil. Escutava risadas baixas, dele e outras de vozes desconhecidas, pareciam crianças.

- O que faz com este garoto?

Um garoto alto, cabelos pretos e compridos. Tinha uma voz grave e estranhamente familiar para Izuku. Não ouve resposta e o dono da nova voz suspirou antes de se afastar.

- Espero que saiba o que estás a fazer...

Novamente foi puxado, dessa vez ele andava mais rápido, parecia ter repentinamente ficado apressado. Deku não sabia para onde ia. Entrou em salas, desceu escadas, escutou sons de água, subiu mais escadas, entrou em mais uma sala e finalmente sua mão foi solta. Sentiu aquela pessoa colocar algo em sua mão e então sua presença desapareceu.

Mesmo receoso abriu os olhos, sentiu como se o ar tivesse desaparecido, seus olhos brilharam de animação. Se encontrava em uma gigantesca biblioteca nunca vista antes.

Eram dois andares com inúmeras estantes recheadas de livros de todos os gêneros possíveis. Janelas alcançavam desde o teto até o chão, perto delas tinham algumas mesas com bancos de madeira desgastados e um grande sofá clarinho encostado no vidro de cor amarelada, quatro poltronas formavam uma espécie de meia lua ao redor das mesas. Em todo canto existia pilhas e mais pilhas de livros empoeirados.

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