-Continua feia como sempre, pelo que estou vendo.
Gizelly Bicalho fez um gesto obsceno com o dedo médio ao homem atrás do balcão e deixou uma mala no chão ao lado de um banco vazio.
-Mal de família, primo.
Como Gizelly era bem mais baixa que o primo, ficou na ponta dos pés para trocarem um abraço por sobre o balcão, e Gui bateu-lhe nas costas.
-Estou feliz por você ter voltado para casa.
-Eu também, senti tanto a sua falta.
Gizelly sentou no banco do balcão e tomou um longo gole de cerveja que Gui colocou à sua frente.
-Desculpe por não ter ido ao seu casamento e ao de Jonas também.
-Estava arriscando sua pele no Afeganistão. Não podemos ficar aborrecidos com você por causa disso. Só um pouco.
-Ainda não posso acreditar que vocês dois encontraram mulheres dispostas a se tornar senhoras Bicalho. Afinal, o que há de errado com elas?
Gui deu-lhe um sorriso.
-Acho que são as covinhas, Gi. As mulheres não resistem a elas. Para seu azar herdamos da nossa mãe, mas você ficou com todo sex apeal da família.
Gizelly revirou os olhos.
-Para mim isso é ótimo. Como vão meus tios?
-Bem. Estão ansiosos para revê-la, e mamãe fez lasanha para essa noite.
Gizelly sorriu e esfregou o estômago.
-Isso é bom porque não parei para almoçar; logo tenho espaço de sobra. Sinto falta da minha mãe em muitas coisas, que Deus a tenha, mas a comida não era uma delas. Mas tia Márcia... Nossa, a mulher cozinha muito.
Gui assentiu e, em seguida, afastou-se para pegar uma garrafa de água.
-Então Gi, está desempregada. Vai filar a comida da minha mãe e ocupar um dos meus apartamentos. Era de se esperar que o Exército o transformasse em uma mulher. Não em uma inútil. -Provocou Gui rindo.
-Que engraçadinho... Mas quatro anos foram o suficiente, sinceramente não sei o que quero fazer agora, mas meu desejo é diversificar... Caralho! Não faço idéia por onde começar.
-Porra mana! Fala menos palavrões.
-Ah vá se ferrar cassete! -Retrucou Gizelly tomando mais um gole de cerveja.
-Que seus sobrinhos não te ouçam... -Brincou Gui. -Mas não tem interesse em voltar para o Maine e ajudar seu irmão com a hospedaria?
Gizelly deu de ombros. Na verdade, havia pensado nessa possibilidade, especialmente quando dissera aos irmãos que ficaria com os parentes de Nova Hampshire por algum tempo. Mas passar o resto da vida no Maine não era algo que não gostaria de fazer. Quando criança, odiava estranhos circulando por sua casa, e jamais superara isso. Não nascera para gerenciar uma hospedaria.
-É um plano B. - Respondeu.
Gui tomou um gole de água e tampou a garrafa.
-Você sabe que estou te zoando né, por mim você ficaria aqui para sempre. Amamos ter você por perto.
-Fico de fato agradecida. Quando me cansar da comida de tia Márcia, poderei ir para casa ou... Sei lá onde.
Naquele momento, uma ruiva alta de seios fartos saiu das salas de fundo e Gui acenou, chamando-a.
-Essa é minha prima Gizelly. Gi, esta é Allie Maison, minha balconista chefe, meu braço direito e esquerdo. Os dois.
-Prazer em conhecê-la. -Disse Gizelly, sacudindo a mão dolorida. A mulher possuía um aperto forte.
-Ouvi falar muito de você. Bem vindo ao lar.
-Obrigada. -Gizelly a observou afastar e depois voltou para o primo. -Jasper Bar & Grille? Nome interessante.
-Não estou em condições de comprar um novo letreiro... Por hora vai ficar com o nome dos antigos donos... E ai? Agora que Allie voltou do seu intervalo, posso te levar lá em cima pra te mostrar o apartamento.
Gizelly engoliu o restante da cerveja enquanto Gui pegou sua mala. Ela o seguiu por um corredor nos fundos e dois lances de escada que levavam ao apartamento que Gui a emprestaria por um tempo. Era um lugar limpo, descente, com um confortável sofá de couro bege e uma televisão de tela grande. Bem satisfatório.
-Então é isso. -Disse Gui, ao terminar de lhe mostrar tudo e lhe entregar as chaves. -Você tem todos os números e Allie está sempre no bar caso precise de alguma coisa.
Gizelly deu um soquinho no ombro do primo.
-Valeu cara, vejo você no jantar. Estou ansiosa para conhecer Gabi e a filhinha de vocês.
-Valentina é uma espoleta. Fez um ano semana passada e toca o terror nos primos, coitados. -Ele pegou o celular e mostrou-lhe a tela com uma foto da menina com uma expressão resoluta, com um laço na cabeça e olhos azuis brilhantes e duas covinhas diabólicas.
-Ela vai te dá trabalho ainda, vai partir muitos corações... -Disse Gizelly provocando um revirar de olhos do primo.
-E eu vou partir algumas cabeças. A Laura do Jonas se parece bastante com Valentina, mas sem as covinhas. Tem quatro meses e meio e é muito barulhenta. -Gui dirigiu-se a porta. -Eu prometi a Gabriela que estaria em casa até as três horas para que ela pudesse preparar algo para levar para a mamãe sem ficar tropeçando na Valentina, que nunca fica aonde a gente a deixa. Eu a vejo por volta das seis horas.
Quando Gui se foi, Gizelly deixou-se afundar no sofá e fechou os olhos. Era bom estar em casa, mesmo que a casa fosse um apartamento emprestado. Pela primeira vez em quatro anos podia ir onde quisesse. O exército fora um grande começo de vida e ela não se arrependia, mas agora estava se preparando para seguir por conta própria.
A primeira coisa a se fazer? Tirar um cochilo.
Uma batida na porta a surpreendeu fazendo-a despertar de seu estado sonolento. Não estava esperando por ninguém. Pelo que sabia as únicas pessoas que poderiam procurá-la eram os primos e os tios, mas ia encontrá-los logo mais a noite no jantar. Abriu a porta da espera de ver um dos primos.
Sua intuição falhou miseravelmente. A visita com certeza não eram uns dos seus parentes. Era uma mulher com uma cascata de cabelos loiros ondulados, os olhos eram castanhos amedoados, definitivamente era uma linda mulher.
-Posso ajudá-la? -Perguntou Gizelly ao vê-la parada na porta petrificada.
A mulher segurou o pulso de uma camisa azul marinho com as palavras landscarping by Marcela com letras garrafais na parte da frente.
-Você é Gizelly Bicalho?
-Sim.
-Sou Marcela McGowan, sua falsa noiva.
-O que disse?
( primeiramente essa fic foi escrita com formato SQ e Bughead, apenas "readaptei" para gicela,)
Espero que gostem, deixem seus comentários para saber a opinião de vocês
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MADE FOR YOU
أدب الهواةNESSA DIVERTIDA ADAPTAÇÃO MARCELA MCGOWAN PRECISAVA DE UMA NOIVA DE MENTIRA. GIZELLY BICALHO TINHA MUITO TEMPO PARA MATAR E NINGUÉM PARA IMPRESSIONAR. A SITUAÇÃO ESTAVA TODA CERTA PARA DAR ERRADO