Capítulo I

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- Hermes, como é o Olimpo? - perguntei ao meu meio-irmão mais velho que estava ao meu lado deitado vendo as estrelas e vendo Ártemis entrar na floresta com os seus cães e seu arco e flecha nas costas. Ela também era minha meia-irmã mais velha, com pela clara como a lua, os cabelos quase azuis de tão cinzas alta e magra de um jeito atlético por correr com os seus cães através das florestas. Agora ela vestia um vestido tradicional grego, mas curto o bastante para que não a atrapalhasse em sua corrida. Virei para Hermes, que tem dobro da minha altura e um corpo negro magro esquelético. Ele resolverá raspar o seu cabelo trançado no último ano, deixando-o mais bonito. Ele virou para mim com os olhos azuis da cor do céu e sorriu exibindo seus dentes brancos.
- Você me faz essa pergunta desde sempre e eu respondo do mesmo jeito, além de que daqui uma semana você viverá lá e irá perceber que não é tudo como você imagina. Pode tirar esse brilho nos olhos, você está criando muita expectativa.
Hermes tinha razão, cada vez que eu escutava sobre alguma história vinda do Olimpo eu já me imaginava lá. Então, fechei os meus pequenos olhos castanhos cor de terra molhada e suspirei sorrindo sem abrir os meus lábios vermelhos como morango. Comecei a trançar o meu cabelo que tem a mesma cor dos meus olhos, abri os meus olhos no momento exato que uma estrela cadente passou pelo céu.
- Fez algum pedido, pequena Core? - Perguntou Hermes gentilmente.
Apesar de ficar irritada ao me chamarem do meu primeiro respondi alegremente
- Claro! E você?
- Não, prefiro pedir diretamente a Zeus. Você irá conhecê-lo em breve.
Zeus, o deus dos deuses, senhor dos céus, apesar de ser o meu pai eu não o vejo frequentemente... Na verdade, nunca o vi. Minha mãe, a deusa Deméter, me isolou do Olimpo e dos demais deuses, os únicos que tenho contato são as deusas virgens e Hermes, convivo no meio das ninfas que não largam do meu pé a pedido de mamãe. Já foi um sacrifício convencê-la a me deixar  ir estudar no Olimpo, segundo ela todo ensinamento sobre ervas, fauna e flora ela sabia e poderia me passar. Graças a Ártemis e a Hermes, ela entendeu que na universidade dos deuses ensinam muito mais do que isso.
A universidade olimpiana é aonde os pequenos e jovens deuses ou outros seres do nosso mundo vão estudar para serem reconhecidos na comunidade, ganharem um emprego com algum deus maior ou até ter o seu próprio tempo! Lá ensinam a ler as constelações, saber informações sobre plantas mágicas e medicinais, a reconhecer quando um animal é perigoso; Ártemis me contou que foi lá que melhorou com o seu arco e flecha, quero aprender a controlar mais os meus poderes porque cada vez que uma emoção minha fica muito aflorada alguma planta nasce sob os meus pés.
- Aprendeu a usar o seu celular? - Hermes deitou de bruços sobre seus cotovelos e olhou diretamente nos meus olhos fazendo eu desviar o olhar.
- É meio difícil, aqui em casa não temos internet.... Minha mãe é retrógrada em relação a tecnologia.
Hermes revirou os olhos.
- Querida, sua mãe é retrógrada em relação a tudo. Nem sei como ela não mandou alguma ninfa vir te buscar porque "é errado ficar sozinha com um homem até tarde". - na última frase Hermes afinou a voz tentando imitar minha mãe. Hermes estendeu a palma de sua mão - Me dê o celular- eu o fiz, uns minutos depois ele me devolveu- Ativei o DD e instalei os Olimpobook, que é um aplicativo que você usa para postar coisas e conversar com os outros. - disse satisfeito com o seu serviço.
- Hermes... O que é "DD"? - perguntei fuçando nesse novo aplicativo sem entender como tinha internet do nada no meu celular rosa.
- Deuses a distância, quando você estiver num lugar sem internet e você ativa aqui - ele mostro como descer uma aba do meu celular e apontou para um desenho de raio.- Ah! Você tem que fazer o seu perfil, vou te ajudar.
- Ajudar com o que? - Ártemis senta com as pernas cruzadas em nossa frente, o que faz com que nós nos sentamos também. Apensar dela ter voltado de uma caçada, ela nem está cansada. Um dos seus três cachorros sobe no meu colo, ele era grande e inteiro branco.
- Estamos fazendo o perfil da Core no Olimpobook. - Responde Hermes animado.
Nós três nos aproximamos com o meu celular no meio do nosso mini triângulo.
- Tudo começa pelo seu nome. -instrui Ártemis. Então digito "Core Perséfone".
- Agora uma foto de perfil, que é uma foto sua que será exibida no início do seu perfil para que as pessoas te reconheçam e te adicionem.- explica Hermes.
- Você tem alguma foto nesse celular?- pergunta Ártemis.
Nego com a cabeça.
- Então vamos resolver isso! - anuncia Hermes, ficando de pé. Ele sacudiu a sua camisa e calça branca, ambas de linho. Ártemis também se levantou, agora pude ver que ambos estavam descalços.
- Vamos! - Ártemis me levanta pelo braço - A lua cheia está iluminando bem aqui. -diz ela orgulhosa pelo trabalho.
Hermes pega o meu celular e os dois ficam atrás da tela apontando a câmera frontal pra mim, eu estava com o cabelo cheio de grama e o vestido florido curto sujo de terra.
- Sorria! - os dois mandam uníssono e eu os obedeço. Após tirarem algumas fotos, que para mim eram iguais, eles me chamaram para decidir. As fotos até que ficaram bonitas, eu parecia o mais natural possível com o cabelo bagunçado e sorrindo timidamente. A foto pegava um pouco acima da minha cabeça, exibindo o fundo azul, ia minha cintura, exibindo a parte de cima do meu vestido e o decote em V não muito exagerado.
- Já decidimos, então? - pergunto. Ambos assentem.
- Agora o seu perfil está pronto, vamos nos adicionar. - fala Hermes já adicionando ele e Ártemis. - Que tal uma foto nossa para comemorar? - sugere ele e assim foi feito, tiramos uma foto, eu no meio dos dois e ele postou na minha conta marcando eles mesmos. - Assim que se marca uma pessoa quando você está postando algo com ela ou para ela.
- Você deveria colocar essa foto de capa - Sugere Ártemis.
- Claro que não! - grita Hermes dramaticamente - Nós três deveríamos pôr.
Assim fizemos, agora os três estavam com uma foto de capa iguais.
- Os humanos criam tantos aplicativos e nós temos todos os deles em um só. Se você adicionar um número no seu celular, esse contato já vira amigo seu no Olimpobook. - explica Ártemis.
- Isso não é errado? E se uma pessoa que eu não gosto tiver o meu número? - questiono.
Ártemis revirou os olhos brancos e começou a mexer no seu próprio celular.
- Quem teria o seu número? - indagou Hermes. E era verdade, nem as ninfas daqui tem o meu contato e elas são os seres mais próximos a mim.
- Olha quem comentou a nossa foto, acho que o comentário foi diretamente para a nossa Core. - Ártemis mostra para mim e para Hermes um comentário Hércules, um semideus, filho de Zeus (novidade), que conquistou o Olimpo pelos seus doze trabalhos na Terra . Eu não conheço pessoalmente Hércules, mas já escutei bastante dele para saber que ele é um verdadeiro herói. Bom, eu pensava assim até ele comentar "Quem é essa ninfa linda com vocês?" na foto.
- Ao menos ele te chamou de linda.- Hermes tentou pôr panos quentes, franzo o senho.
O meu celular apita e eu dou um pulo.
- Alguém te mandou um pedido de amizade. - fala Ártemis por cima do meu ombro. - Ah, é o bobo do Eros. - desdenha Ártemis.
Aceito a solicitação, eu vi Eros uma vez na vida e foi quando ele quase acertou uma ninfa com a sua flecha e mamãe o chamou para que ele explicasse a situação. Ele era um pouco mais alto que eu e mais baixo que Ártemis, ruivo com olhos cor de mel e pele bronzeada.
- Por que você não gosta dele? - pergunto para Ártemis.
- Ela não gosta de nenhum ser do sexo oposto e não posso falar que ela está errada, dado o histórico dos deuses. - afirma Hermes e Ártemis fica quieta. - Você irá descobrir quando for para o Olimpo.
- Acho melhor irmos, minha mãe deve estar super preocupada. - digo enquanto começo a caminhar e os dois seguindo atrás de mim. Após uns cinco minutos estamos em frente de minha casa, que é uma árvore gigante que a copa chega no Olimpo.
- Sabia que os humanos chamam a sua casa de árvore da vida? - comenta Hermes. Eu nego com a cabeça um pouco chocada com a informação, apesar da minha casa-árvore  ser a maior e a mais grossa que conheço ela fica isolada no meio de várias florestas aonde nenhum humano chegou. Como eles conheciam a minha casa?
- Na universidade você terá uma matéria só sobre os mortais. - Ártemis me cutuca com o cotovelo.
- Nem me lembre sobre o que é menstruação. - Hermes revira os olhos.
- E puberdade. - treme Ártemis.
Eu não estava entendendo nada do que eles estavam falando.
- Aliás, Pers, seu corpo já parou de mudar? Eu parei com 20 mil anos. - quis saber Ártemis.
- Deve ter parado quando ela tinha 10 mil. - apenas Hermes ri da própria piada.
- Apesar de eu não crescer mais, - cruzo os braços para Hermes - eu ainda acho que estou com o corpo mudando, mamãe acha que nos últimos cem anos o meu quadril ficou maior.
- Isso são horas? - uma vez severa fala atrás de mim. - Você irá pra casa nesse horário quando morar no Olimpo?
Viro para me deparar com mamãe com um vestido de seda azul. Nunca medi a mamãe, mas imagino que ela teria por volta de dois metros, seu cabelo loiro curto que não passava da nuca a deixava mais alta, por sua pele ser tão branca quanto a minha os seus olhos verdes se destacavam mais.
- Claro que não, mamãe. Desculpa pelo atraso. - digo cabisbaixo.
- Boa noite, Deméter. - Hermes e Ártemis falam em unisono.
Mamãe não responde, ela apenas fica olhando furiosa para nós três.
- Acho que Apolo está nos chamando, Hermes! - diz Ártemis.
-  Melhor irmos então. - Hermes estala os dedos e eles e os cães estão com os sapatos que fazem voar, lá de cima os dois acenam em despedida.
- Core...





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