Capítulo X

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Esse capítulo contém menção de abusos e violências que podem ser perturbadores para alguns leitores.

Eu acordei na beirada da cama, quase caindo por Dríope ocupar uma boa parte da cama. Eu me levantei e fui tomar um banho, eu precisava relaxar, a noite anterior me deixou toda tensa, minhas juntas pareciam que precisavam de óleo, mas com o rosto contra a ducha, eu comecei a imaginar no que teria sido aquela festa se Hércules não tivesse feito aquilo e se Dríope tivesse ido conosco, será que aconteceria alguma coisa interessante? Após alguns minutos, fui para o meu quarto, coloquei uma saia xadrez vermelha e preta plissada e uma camiseta branca e um sapatinho preto fechado. Observei Dríope do outro lado do quarto, ainda dormindo, desse jeito nem parecia a quanto afetada ela estava. Para não a deixar preocupada, escrevi um bilhete informando que eu iria ficar por tempo integral no trabalho para dar conta tanto do serviço dela quanto do meu.

Desci sorrateiramente a escada, já que todas as garotas estavam ainda dormindo, comi um pão e peguei a minha marmita que eu já tinha preparado no dia anterior e a coloquei na minha bolsa.

O caminho até o submundo foi tranquilo devido ao sol nem ter nascido, ao invés de eu seguir o meu caminho até o meu lugar, eu virei para a esquerda para ir a ala da Hecate, que era totalmente diferente da de Hades. O piso era de vidro e havia vários peixes nadando lá, o teto era uma pintura do céu azul com algumas nuvens e a parede tinha um papel de parede roxo, a mesa de Dríope era igual a minha, atrás dela também havia o escritório de sua chefe, que mantinha as persianas abaixadas. Fui até a porta, mas antes de bater eu escutei gritos; a única coisa que eu pensei foi ter que ajudar Hecate, a adrenalina me fez arrombar a porta e, no segundo seguinte, congelar.

Hecate estava em cima de Hermes, ambos deitados nus no chão.

- Por Zeus, Perséfone! – Hermes gritou e se enrolou em um pano preto que estava em cima do sofá, Hecate correu para ficar atrás dele. As suas três faces tinham sumido para sustentar só uma (talvez para beijar seja melhor?).

- Desculpa! – eu fitei o chão que já não tinha peixes, mas carpetes roxos – Eu volto mais tarde. – eu já estava me virando quando Hecate me chamou.

- Nós iremos nos trocar e já conversamos, tudo bem? – ela sorriu para mim, por trás de um Hermes carrancudo, o cabelo loiro estava todo emaranhado. Tadinha, vai ser difícil desenrolar os nós.

Fechei a porta atrás de mim, comecei a respirar um pouco mais profundo.

"Como que eles podem fazer isso num lugar público? E ainda mais: eles nem são casados! Nem ao menos tem um relacionamento fixo!", pensei.

- Perséfone, as coisas no Olimpo são diferentes. – disse para mim mesma tentando colocar as coisas nos lugares certos.

- Perséfone? – abri os olhos e vi Hecate abrir a porta para mim, ela estava com um macacão preto de frente única. Entrei na sala que também era diferente em relação a do meu chefe, continha apenas uma mesa de madeira com um computador, uma poltrona vermelha de um lado e duas de outro. Ao invés do grande sofá de Hades, Hecate tinha pufes coloridos em volta de uma mesa retangular de madeira. Hermes estava sentado em um pufe amarelo, a carranca persistia, mas agora ele usava calças jeans.

- Eu só vim avisar que irei substituir Dríope hoje, por isso que cheguei nesse horário. – eu não conseguia encarar nenhum dos dois.

- Tudo bem, mas receio que você perdeu a viagem. – a voz calma dela me fez erguer um pouco o meu olhar. – Hoje eu não irei trabalhar, estou resolvendo certas coisas... – a voz não era maliciosa, mas não pude deixar de corar. – Fique atenta ao seu celular, a qualquer momento você receberá a hora do julgamento. – ela deu um leve sorriso para mim, eu só pude retribuir.

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