Amores olimpianos

Capítulo XX

AVISO: Esse capítulo contém relatos de violência sexual, que podem ser perturbadores para alguns leitores

Chegamos no topo da colina aonde tínhamos nos beijado pela primeira vez, o pôr do Sol ainda estava acontecendo e o tom rosado estava mais intenso do que antes, algumas nuvens davam um toque para o momento. No gramado verde vivo estava uma toalha xadrez vermelha e branca, com uma cesta sobre ela. Virei para Hades que já estava me olhando e esperando a minha reação:

- Quem te ajudou com o piquenique? – quis saber.

- Sério que você olha para essa cena e só quer saber quem me ajudou? Não mereço nem um beijo de agradecimento? – ele brincou. – Foi Hecate que me deu a ideia e Hermes aprontou tudo.

Agradeci mentalmente ao casal, sem dúvida eu preciso fazer algo em agradecimento ao apoio que eles me deram todo esse tempo. Saímos do carro e caminhamos lado a lado, sentamos um ao lado do outro para observarmos o pôr do sol, minha cabeça recostada em seu peito e um silêncio agradável.

- Eu senti a sua falta. – admiti mais para mim do que para ele. – Por favor, me prometa que não ficaremos separados por tanto tempo assim.

Lágrimas começaram a brotar nos cantos dos meus olhos, virei para ele quando chamou pelo o meu nome, Hades engoliu em seco, como se aquela situação fosse inesperada para ele. Não era só para ele, para mim também. Eu senti raiva e fiquei brava com ele, mas o sentimento que mais predominava era a saudade e eu neguei isso por bastante tempo. Sem ter tempo para pensar, me agarrei ao seu pescoço, o abraçando, suas mãos ficaram firmes em minhas costas. A partir de então comecei a soluçar em seus braços, enquanto ele passava a mão sobre os meus cabelos para me acalmar.

- Eu nunca mais vou me afastar de você, se eu ficasse mais um dia longe do seu abraço eu me destruiria. – ele sussurrou no me ouvido. – Eu prometo o que você quiser, faço o que for preciso, mas não posso ficar longe de você outra vez.

Eu me afastei para encará-lo e, por Gaia, o meu coração quase saiu pela boca. Ver as feições de Hades como frágeis era a última coisa que pense que veria. De repente o desejo me tomou, puxei a sua gola para nos aproximarmos e para que eu pudesse tocar os seus lábios com os meus, essa sensação tão familiar, mas ao mesmo tempo tão nostálgica me atiçava quere-lo ainda mais. Não queria que aquele beijo cessasse, nunca. Os toques dele nas minhas costas queimavam a minha pele, mas era uma sensação maravilhosa. Hades me afastou para respirarmos, ele estava um pouco corado até tive vontade de rir, mas eu não tinha fôlego.

- Acho que devemos fazer um brinde. – sugeriu ele pegando a cesta e tirando uma garrafa de vinho e duas taças, me entregando uma.

- Ao que você sugere?

- Acho que são tantas coisas boas acontecendo hoje que nem sei por onde começar. – ele coçou a cabeça distraidamente.

- Bom, - eu peguei a garrafa e nos servi. – eu sugiro brindarmos a esse ele lindo pôr do Sol. – sorri para ele enquanto levantava a minha taça e ele fez o mesmo até escutarmos o tilintar delas.

- Recomendo brindarmos a esse vinho divino. – ele disse após tomar o primeiro gole. – Devo admitir que Dionísio se superou dessa vez.

Dessa vez eu não me segurei e ri do bigode que o vinho deixou nele, que logo o limpou.

- Pelo visto o álcool já subiu para a sua cabeça. – ele se aproximou de mim para tirar a taça da minha mão, mas para fazer graça eu levantei o mais alto que pude, rindo para ele que se esticou para pegar enquanto eu esticava mais ainda para o lado, fazendo com que ele ficasse quase em cima de mim até que nos desequilibramos e ele caiu sobre mim, ficamos uns cinco segundos congelados, até que ele se apoiou em suas mãos para me encarar, a posição que estávamos era bem comprometedora o que me fez corar, busquei os seus olhos mas o meu olhar caiu sobre a sua boca entreaberta. Ele veio até mim, nossos lábios chegaram a se tocar, mas ele apenas depositou um beijo na ponta do meu nariz e se sentou me levantando junto.