Alfonso

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Desde que me acidentei, resolvi me afastar, eu sei que ninguém tem culpa do que me aconteceu, mas não quero que me vejam nessa situação, passei de um Alfonso forte e vigoroso para um Alfonso debilitado que precisa de ajuda para tudo e qualquer coisa.

Cortei contato com meus amigos, me desfiz do celular e das minhas redes sociais, tudo aquilo me fazia mal, porque me trazia lembranças que no momento só queria esquecer.

Eu estava me dedicando a fisio, me esforçando para poder retomar a minha vida normal. Eu sei que jogar futebol não é mais uma opção, na verdade isso não me machuca tanto pois não era o meu sonho de vida, jogava mais por diversão e pela Angel, nunca entendi todo o estímulo que ela depositava em mim nessa área, mas mesmo sem entender, fazia tudo para vê-la feliz.

Por falar nela, eu não consigo de forma alguma entender o motivo pelo qual ela desapareceu, já tentei ligar do fixo de casa, mas ela não atende, pergunto aos meus pais o porquê dela não vir me visitar, mas eles sempre mudam de assunto. Tenho uma leve desconfiança de que algum atrito tenha acontecido entre ela e minha mãe depois do acidente, as duas nunca se deram muito bem, a Angel achava minha fechada e a minha mãe, bem, achava que a Angel influênciava demais as minhas escolhas. Devo dizer que ambas estão erradas...

Sinto falta da Angelique, do nosso namoro, eu sei que não a amo, o que temos é algo mais carnal, visceral, apaixonante, mas no fundo eu sei que não é amor... Acho que nos acostumamos um pouco com a nossa relação, é difícil para mim dizer, porque ela é a minha primeira namorada, faz meu coração bater forte, mas falta alguma coisa, talvez quando eu estiver mais maduro, entenda melhor esse sentimento.

Enquanto a Angel é ventania, a Anahí é a leve brisa que sopra na tardinha, como essa moça é graciosa...Preciso confessar que a companhia dela tem sido a melhor parte do meu dia, apesar de eu ficar meio carrancudo e não deixar que ela perceba.

Ela é leve, gentil, delicada e linda, uma beleza singular, as vezes ela me lembra uma porcelana, bela e aparentemente frágil...Apesar de eu saber que se ela se sentir na razão, a fragilidade vai para o espaço e surge uma Anahí decidida e segura de si.
Ela é inteligente e sabe conversar sobre tudo, me estimula a não desistir e me incentiva a continuar dando duro nas sessões de fisioterapia.

Não contei para ela, mas faltam poucos dias para eu começar a andar com as muletas, a fisioterapeuta me disse que com mais uma semana já posso fazer a transição.

A Anahi vai ficar duas semanas fora, vai ter um recesso escolar, vai ser tempo suficiente para eu ganhar confiança com as muletas.

Assim que as aulas voltarem, todos terão uma grande surpresa, eu vou retomar as aulas, sem medo e vergonha.

Vou poder ver a Angelique novamente e deixarei a minha professora Any orgulhosa!

Será que elas irão gostar da surpresa?

Ou será que o próprio Alfonso é quem vai se surpreender?

As linhas da vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora