Anahí

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Tomar coragem e aceitar o pedido do Alfonso não foi fácil. Eu passei as férias inteiras pensando sobre nós, os pontos positivos, os pontos negativos. Fiquei extramente confusa. Eu tinha certeza que o amava e tinha mais certeza ainda de que queria estar ao seu lado, mas apesar de toda vontade existia uma sombra que me perturbava e o nome dela era Angelique.

- Pensando em que querida? - Perguntou minha mãe enquanto passava o café.
- Na minha situação com o Alfonso mamãe - Disse meio triste.
- O que te perturba tanto, meu amor?
- Tenho medo de que ele esteja confundindo gratidão com amor e que no fundo não tenha esquecido a Angelique, só esteja suprimindo o que sente e sabe, talvez, esteja me usando para esquece-la.
- Querida, os medos sempre irão existir, por mais certa que você esteja sobre a sua decisão. Para saber se ele está confundindo os sentimento você precisa dar uma chance a ele!  - Disse ela calmamente - E sobre a Angelique, talvez ela perturbe mais a você do que a ele. Não fique se preocupando com o que não está no seu controle, querida!
- Eu sei mãe, mas as vezes parece tão difícil.
- Nada é fácil Any, principalmente os assuntos do coração. Mas, os fatores importantes são:
Você gostar dele e ele gostar de você.
Confiar nele e ele confiar em você.
O resto vem com o tempo, então não se prive  de viver meu amor, não por medo. Pois, pode sim dar errado mas também pode sim dar muito certo. Você só vai saber se tentar!

Depois daquela conversa com a minha mãe estava decida a voltar e procurar por ele, mas nem precisei fazer isso, pois quando cheguei ele estava na minha porta.

Depois daquele dia se passaram dois meses, e cada dia me faz ter a certeza de que tomei a decisão certa.

Começamos a namorar oficialmente no início do ano letivo, o nosso último ano no ensino médio e nem preciso dizer que no começo foi um grande burburinho.

Muitas pessoas não entendiam o fato de estarmos juntos, para alguns não combinavamos, nem preciso dizer que haviam centenas de meninas que gostariam de ocupar o posto de nova Angel na vida do Poncho, logo as comparações entre nós duas eram inevitáveis.

- Não acredito que o Poncho está com aquela sem graça da Anahí - Disse uma moça do segundo ano.
- Eu também não sei o que ele viu nela?! Apesar da Angel ser uma esnobe ela tinha muito mais a ver com o Poncho em termos de beleza e popularidade.
Quando elas me viram pelo reflexo do espelho ficaram estáticas, mas eu continuei agindo normalmente, como se nada de constrangedor estivesse acontecendo. Não posso negar que aquele tipo de comentário maldoso me deixava chateada, mas não o suficiente para me fazer perder o sono ou colocar em prova o meu namoro. Em todas as vezes que esse tipo de situação acontecia eu dava meu silêncio como resposta, primeiro porque corria de brigas e segundo, a melhor resposta que eu poderia dar a todos eles era andar de mãos dadas com o Poncho pelos corredores da escola. Eu podia ser sem graça ou nada popular, mas apesar disso ele me escolheu, o que era suficiente para mim.

Apesar desses leves desconfortos, nosso meses iniciais de namoro foram maravilhosos. Aproveitamos ao maximo cada tempinho que temos juntos e nos entendemos muito bem. A amizade continua e o amor vai crescendo e ficando mais forte a cada dia. Ainda tenho alguns medos e insegurança mas eles não são como antes, consigo deixa-los sob controle.

- Olá mi cariño! Any?
- Ah, oi Alfonso. Perdão, eu estava distraída - Disse meio atordoada.
- Pensando em que?
- Humm, no quanto sou feliz por ter você! - Disse sorrindo.
- Acha que é mais feliz que eu? - Disse ele com um rosto misterioso - Aposto um milhão de dólares com você que eu sou mais feliz.
- Isso é injusto Poncho! Você tem um milhão de dólares eu não- Disse rindo - Acho que eu tenho um jeito mais justo de resolvermos esse impasse.
- Diga, meu amor!

Eu adorava quando me chamava assim.
- Bom, eu sou a mulher mais feliz e você o homem mais feliz! Pode ser?
- Bom, eu vou aceitar, somente se formos os mais felizes do mundo.
- É claro que nós somos!

Me aproximei e dei um leve beijo em sua bochecha. Ele me abraçou e tocou meus lábios levemente. Nós já nos beijamos inúmeras vezes, mas cada nova vez parece ser melhor do que a que se passou. Acho que é consequência do amor que cresce a cada dia.

- Any - Disse Alfonso interrompendo nosso beijo - O Tomás vai dar uma festa no sábado e eu estou com muita vontade de ir, você gostaria de ir comigo?

Eu queria responder:
"Pode ir meu bem, confio em você! Eu ficarei bem debaixo da minha coberta, assistindo Netflix e comendo uma pipoca."

Mas no fundo eu me sentia na responsabilidade de ir, apesar de não querer. O Alfonso ficou muito solitário durante esse período de recuperação, e eu sabia que ele adorava estar com os amigos. Era a primeira festa que ele iria depois de tudo o que aconteceu, eu não podia estragar ou o privar disso.

- Claro meu amor, eu vou sim! - Disse tentando demonstrar empolgação.
- Quer mesmo ir? - Disse ele meio em dúvida - Sei que não gosta de badalações e não quero que faça nada que não queira.
- Poncho, querido, está tudo bem! Eu não estarei indo para a forca, ou estarei?

Ele sorriu. Eu amava o seu sorriso.
- Não, você não estará!
- Então não se preocupe. Você tem feito vários programas chatos comigo, então é minha vez de retribuir!
- Seus programas não são chatos, Any!
- A não? Quer dizer então que você adora assistir comigo os doramas coreanos? Ou fazer receitas de cookie e brownie?
- Um pouquinho - Ele disse aos risos.
- Você mente muito mal Alfonso Herrera!
- E eu adoro você Anahí!

Nós demos as mãos e descemos a arquibancada rumo ao novo turno de aulas que se iniciaria. Nós estávamos felizes, muito felizes, nos complementavamos em todos os sentidos, era como se não existissem diferenças entre nós, ou se existiam o que sentíamos um pelo outro não nos permitia enxergar.

Não estava animada para essa festa, não só por não gostar de badalações, mas porque de alguma forma, sentia que ela daria porta para novos acontecimentos no nosso relacionamento.

" Tire isso da cabeça Anahí, e só se preocupe com a festa quando ela começar!"


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