3 meses depois...
As coisas na UCL estavam indo bem, me identificava com o curso de economia e estava animado com minha futura profissão. A maior parte do meu tempo gastava na biblioteca estudando. Quando não tinha mais o que estudar praticava algum esporte até me cansar e ir dormir.
Tentava ocupar a maior parte do meu tempo na ideia de evitar pensar nela. Acabei me fechando para as outras pessoas. Ainda mantinha contato com a Maitê e o Christian que estavam na mesma universidade, mas o assunto Anahí era proibido. Algumas vezes o Christian só me olhava e dizia:
- "Ela está bem!"
Isso era o suficiente para que eu pudesse ficar bem também.
Sempre soube que a Any era uma mulher de opinião e quando ela me disse adeus tinha certeza que seria para sempre.Eu recebia convites para festas e algumas garotas tentavam se aproximar, mas eu não estava interessado e deixava isso evidente com a minha cara amarrada.
Acho que ao mesmo tempo estava amadurecendo e talvez aquele antigo estilo de vida de popularidade não me fizesse mais feliz.Decidi passar o final de semana em casa, rever meus pais depois desse tempo. Apesar da faculdade ficar a umas duas horas de carro eu fazia o possível para voltar o mínimo para casa, na verdade eu tinha medo de voltar a encarar as nossas lembranças e sentir novamente aquela dor insuportável no meu peito.
Mesmo com o tempo, ainda sofria com o fim, ainda sentia sua falta. As vezes sentia tanta vontade de falar com ela, e me doía saber que não poderia, que não tinha mais esse direito. No primeiro mês me vi pegando o carro e dirigindo rumo a Boston decido a procura-la. Achei que fosse enlouquecer, contudo na maioria das vezes lembrava que a culpa era toda minha e que merecia tudo aquilo.
O final de semana chegou e dirigi até a casa dos meus pais.
- Meu amor, quanto tempo! - Disse minha mãe contente ao me ver.
- Foram apenas três meses mamãe - Respondi sorrindo.
- Para mim pareceram uma eternidade! Mas, e as coisas na UCL como estão indo?
- Estão indo bem! Estou gostando do curso.Ela olhou para mim com uma cara de preocupação.
- Ainda dói, querido?
- Dói mãe, mas não quero falar sobre isso. Não é o melhor remédio.
- Eu sei filho. Saiba que estou aqui se quiser desabafar.
- Eu sei - Dei um leve sorriso e subi para o meu quarto.Não sabia muito bem o que iria fazer naqueles dois dias. Sentei e comecei a escrever, quando dei por mim percebi que havia escrito uma carta para ela. Pensei em amassar e jogar fora, mas derrepente me levantei, peguei as chaves do carro e saí levando a carta.
Dirigi por horas até criar coragem suficiente para encara-los depois de todo esse tempo.Bati a porta! O pai dela me atendeu. Achei que ele bateria a porta na minha cara, contudo ele sorriu e me pediu para entrar.
- Quanto tempo Alfonso! - Disse a mãe dela me servindo um copo de chá.
Fiquei um pouco surpreso e curioso com aquelas reações. Eles perceberam.
- Por essa cara posso afirmar que imaginava que nós o trataríamos mal, né?
- Sim!
- Meu filho, claro que não! - Disse a mãe dela docilmente - Vocês são jovens, cometem erros e muitas vezes não é por maldade. Eu sei que apesar da sua falha o seu sentimento pela nossa filha é verdadeiro.
- Obrigada! Saber disso me deixa feliz, mas sei que a Any não pensa assim.
- Não Alfonso - Disse o seu pai - Ela não pensa, na verdade ela está muito machucada, porque te amava demais. A Any neste momento deixou a raiva tomar o seu coração. Se você ainda tem vontade de tentar reverter essa situação, nós o aconselhamos a dar um tempo a ela, insistir agora com a raiva que ela está sentindo não será saudável para nenhum dos dois! Acredite e mim.Eu assenti! No fundo eu também sabia disso.
- Na verdade eu passei aqui para vê-los e pedir, caso seja possível, que entreguem essa carta a ela.
- Claro, nós iremos entregar sua carta sim! E Alfonso sobre nós, estaremos sempre aqui para você. Independente dos sentimentos da Any, os nossos sentimentos por você continuam os mesmos. As pessoas erram, faz parte da vida errar, mas também merecem ser perdoadas, para que possam recomeçar."Pode ter certeza que um dia ela te perdoará e vocês poderam recomeçar. Apesar da dor, vocês também carregam a sinceridade do amor no coração de vocês. Não será uma mancha que apagará toda a felicidade dos bons momentos que vocês dois construíram juntos. Acredite em mim!"
Lágrimas escorreram quando ouvi essas palavras. Acabei colocando para fora toda dor que estava sufocando por esses meses. Estar ali com eles me fazia se sentir mais próximo dela.
Depois de me recompor continuamos conversando sobre outros assuntos, até que decidi voltar para casa.- Volte a nos visitar! - Disse o seu pai.
- Voltarei sempre que possível.Cheguei em casa com o coração tranquilo. Depois daquela conversa me sentia mais leve. Hoje com toda certeza terei em meses a noite de sono mais bem dormida. Contudo toda essa perspectiva mudou quando a vi sentada na sala com os meus pais.
- O que você faz aqui? - Disse confuso - Como vocês puderam recebê-la?
- Querido nós vamos te explicar, nós também não queríamos deixa-la entrar, mas o assunto é importante.
- Eu não tenho nada de importante para tratar com ela.Me dirigi rumo as escadas, mas parei subitamente quando a ouvi dizer:
- Alfonso eu estou grávida! Grávida de um filho seu.Meu coração parou de bater naquele exato momento. Isso não podia ser verdade.
- Isso não é verdade - Disse levantando a voz - Você é perita em mentir Angelique, eu não acredito em nada que venha de você.
- Você não precisa acreditar em mim - Disse ela - Mas os papéis do exame estão aqui.Ela estendeu o exame em minha direção e realmente ela estava grávida.
- Nada garante que esse bebê é meu! - Gritei.
- Eu garanto!
Dei uma risada sarcástica.
Ela rebateu.
- Você estava bêbado, não usamos camisinha e eu estava no meu período fértil. Eu sabia o que estava fazendo Alfonso mesmo que você não soubesse!Eu fiquei perplexo com aquela declaração.
- Você está dizendo que engravidou do meu filho de propósito? - Perguntou meu pai artodoado.
- Entendam como quiser! Agora que estão avisados eu preciso ir.Antes que ela saísse eu agarrei seu braço.
- Acha que vai ter o meu amor dessa forma Angelique?
- Eu perdi você para a Anahí a muito tempo e tenho consciência disso, o seu coração pertence apenas a ela. Contudo se não posso ter você ou o seu amor, teremos pelo menos um vínculo eterno, o nosso filho! Estarei para sempre em sua vida de alguma forma.Ela se desvencilhou da minha mão e saiu. Encarei os meus pais sem saber o que dizer. Afundei no sofá e tentei recuperar o ar.
"O que será da minha vida daqui para frente?"
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As linhas da vida
RomanceQuando tudo ficou confuso, eu de alguma forma estava com ele. Ela sumiu quando ele mais precisava. O que era improvável se tornou provável. Você estava comigo, eu te amava! Mas e você? Me amava também? A tormenta passou! Ela voltou. Mas agora, eu nã...