before you

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(...)
Toco a campainha de forma desesperada e ela abre a porta:

— O que se passa, Vi?    — Ela me leva pro seu quarto e sou obrigada a explicar a história completa...

— Então você e o Vitão estão tendo um caso esse tempo todo e agora você está assim porque ele beijou outra na sua frente e gritou vim você porque fez o mesmo...    — Ela diz analisando a situação.     — Por que você não me contou isso antes, Vi?

— Eu não quis que as pessoas soubessem e depois comentassem, eu sei muito bem como é o tipo do Victor, eu sei que ele não presta, sei a fama que ele tem, eu quis evitar esse tipo de comentário, não queria ser vista como mais uma que ele pegava, além do mais não é nada sério, não é suposto envolvermos sentimentos...

— Tarde demais!

— Como assim, tarde demais?

— Você gosta dele!

— Não gosto nada, ele é um idiota, beija todo o mundo, fica com quem quiser, você devia ver o celular dele cheio de contacto de mulher.

— Ele é igual à você...

— Pare com isso Lara, eu não sou como ele!

— Você caiu na sua própria armadilha.
Está agitada, seu coração está batendo mais rápido que o normal, está nervosa, irritada, desiludida... é óbvio que está com ciúmes.

— Eu não acredito nisso!

— Acha mesmo que eu não noto que fica irritada quando eu o chamo de "Vitão"? Acha que eu não reparo nas vossas trocas de olhares?

— Eu estou completamente lascada!
Sou uma idiota, como? Mas como é que eu fui deixar isso acontecer... ele nem é isso tudo assim! Só tem... um sorriso perfeito, um cabelo lindo, um pescoço todo perfumado, uma pegada fantástica, um beijo maravilhoso e um abraço dos deuses... nada mais!

— Eu acho melhor vocês conversarem!

— O quê? Eu contar o que estou sentindo pro Victor Davis? Ele vai rir da minha cara, será a humilhação total... eu, Violeta Bennet, a player, a garota que brinca com os rapazes se declarando pro rapaz mais player que conheço... prefiro ter outra parada respiratória!

— Credo, Vi, que horror...

— Mas é verdade!

— E o que pensa fazer então?

— Me afastar dele, deixar de ser amiga dele, evitar sítios onde ele estará, esquecer que ele existe!

— Está sendo infantil.

— Então me leve pra creche porque eu não vou me declarar pra ele... JAMAIS!

— Não pode simplesmente se afastar dele para sempre, agora frequentamos os mesmos sítios, estaremos no mesmo país, na mesma cidade mais tarde ou mais cedo vocês terão de resolver isso...

— Então que seja mais tarde, você tinha de ver a forma como ele falou comigo, nunca nenhum rapaz tinha agido daquela forma comigo... ele pensa que por eu ser uma ficante dele tem de controlar a minha vida?
Nenhum rapaz manda em mim, eu faço o que eu quiser e sempre deixo isso bem claro!

— Vocês os dois são umas crianças!

— Falou a fada da maturidade, se você conhecesse um terço do que eu conheci do Victor não veria exagero nas minhas palavras...
Quase todos os dias ele sai com uma rapariga diferente, obviamente não é para conversarem, dava para fazer uma lista de raparigas que lhe odeiam só nesta cidade e você quer simplesmente que eu diga pra ele que acho que estou gostando dele, daqui a pouco esse sentimento passa e eu sigo com a minha vida normalmente, ele é só mais um rapaz qualquer com uma boa pegada, não tem nada que o torna diferente dos demais, só mais um para eu beijar, não vamos tratá-lo com importância porque ele não passa de um simples cara!

— Está dizendo o que sente ou simplesmente quer se convencer das suas próprias palavras?

— Lara, pare de fazer perguntas complicadas!

— Você está querendo disfarçar o óbvio.

— Não vamos romantizar coisas tóxicas, ele é tóxico e esse sentimento não iria me fazer bem... depois do Ricardo eu já não sei o que é gostar de verdade de um rapaz e com o Victor não será diferente.

— A decisão é sua! — Me atiro na cama dela e tento apagar essa tarde horrível.

(...)
Vou para casa e as mensagens começam a chegar como um furacão, 17 mensagens de uma única pessoa:

"Precisamos falar"
"Ainda não resolvemos as coisas"
"Me deixou falando sozinho"
"Violeta!!!!"
"Deixa de fazer drama, sabe que não tenho paciência para isso!"
"É assim que quer jogar?"
"Okay"
"Faz o que quiser!"
...

Ignoro todas elas e bloqueio o número dele... é assim que vai resolver as coisas, Violeta?
Estou sendo demasiado infantil mas eu não podia alimentar esse sentimento e lhe dar armas para me manipular, eu não posso ser mais uma boneca do Victor...

(...)
Os dias passavam e eu sentia a falta dele, sentia falta das nossas conversas de madrugada quando ficávamos sem sono, ele era o único com quem eu podia falar sobre os meus esquemas sem me julgar, ele me compreendia de uma forma tão incrível, nunca pensei que fosse me tornar tão dependente da conversa de alguém, podíamos falar sobre tudo... depois daquele abraço que eu lhe dei na discoteca eu senti uma paz que nunca havia sentido antes, era como se... eu tivesse encontrado alguém igualzinho a mim, já nem tinha vontade de estar com os outros rapazes, sempre que beijava um a minha mente me levava até ao banheiro do Samuel com o Victor me pedindo mais um beijo... estava com saudades de ouvir a Kataleya gritando pra falar comigo na chamada, sentia falta dos nossos encontros na praia, sentia falta disso mas o meu orgulho era maior que esse sentimento todo.

(...)
Entro na universidade para ver os resultados do exame, procuro na lista a letra V e não via o meu nome, começava a entrar em pânico, vou para outra lista e lá estava: Violeta Catherine Alves Bennet, 17 valores, admitida!
Senti um alívio e uma felicidade tão grande, era suposto eu, a Lara, Eric e o Ruan nos encontrarmos no nosso restaurante assim que víssemos os resultados, então fui correndo para contar a novidade...

Chego e encontro os dois sorrindo, já dava para notar que também foram aceites, Lara como sempre era a última a chegar, ainda de pé, olho pro Ruan e ele muda o seu semblante para sério, não conseguia perceber até que olho atrás e obtive a resposta:
Lara chega com o Victor e eu tento não simular uma emergência e ir embora correndo.

— Olá meus universitários prediletos! — Ela diz me abraçando por trás, ele cumprimenta os rapazes e olha para mim extremamente envergonhado:

— Hey!

— ... Oi! — Digo tentando disfarçar a raiva, sabia qual era o esquema da Lara e não estava gostando nada, sentamos e o meu pé já começa a tremer por conta do nervosismo.

— Você está bem, Vi? — Ela pergunta tentando parar o movimento do meu pé.

— ... Ótima! — Digo disfarçando um sorriso mas por dentro eu já estava espumando de tanta raiva, só me apetecia socar a cara dela. — Já venho! — Digo saindo da mesa indo até o banheiro e Lara vem atrás de mim:

FallingOnde histórias criam vida. Descubra agora