(...)
Dias depois...
Ver a Lara a partir sem mim foi difícil, dói tanto saber que nem se quer tive a oportunidade de me despedir do Ruan e do Eric, nem sequer os abracei pela última vez...— Boa viajem, filha!
— Mais tarde vai entender que foi melhor assim!
— Boa viajem sua peste, pode sempre contar com os teus irmãos mais velhos! — Depois de um abraço familiar e eu ouvir eles dizendo o quanto me amavam, pego nas minhas malas e entro na fila para embarcar...
Procuro o meu lugar junto a janela e sento ao lado de uma senhora idosa que apertava a cada minuto um terço.— Desculpa o meu nervosismo... é a primeira vez que viajo de avião!
— Vai visitar algum familiar? — Pergunto.
— Vou conhecer a família do meu filho.
— Que bom, espero que corra tudo bem!
— Muito obrigada minha filha, tenho fé que vai correr tudo bem...
Você já perdeu algo ou alguém que gostava muito?— Já sim... — Digo pensando em tudo o que perdi esse ano e quando menos espero ela começa a fazer um discurso me dando uma lição de moral, tudo o que eu menos precisava nesse momento:
— Sabe, nada acontece por acaso... o que é realmente nosso sempre volta!
Eu perdi o meu filho quando ele tinha apenas 5 anos, quando eu estava grávida eu e o meu marido emigramos para Colômbia a procura de uma vida melhor, parecia estar a correr tudo bem, 5 anos depois descobriram que éramos ilegais e fomos obrigados a voltar mas perdemos a guarda do nosso filho e ele ficou... eu sempre tive esperanças que fosse voltar a ver o meu menino,
durante 35 anos eu estive afastada do meu filho, ano passado o meu marido faleceu e os chefes dele não queriam pagar os salários atrasados e eu tive de falar com o nosso advogado, como ele estava de férias me recomendou um amigo que estava cá a estagiar... e no final, descobri que aquele advogado era o meu menino que perdi anos atrás.— Como assim? Como descobriu isso?
— Ele teve acesso à todas as informações do meu marido e depois me contou que foi separado dos pais muito cedo, fizemos um teste de DNA e deu positivo... ele tem 3 filhas todas muito lindas.
— É um história surpreendente!
— O que eu estou querendo dizer é que não importa a distância, o tempo ou as dificuldades, o que estiver destinado pra você chega sempre, por isso não se desespere com mudanças repentinas...
Nada acontece por acaso! — Era como se a Sra. estivesse me mandando uma indireta em relação à tudo o que já vivi e só mais tarde eu entenderia o porquê de estar passando por isso tudo, se calhar um dia eu irei perceber...(...)
Saio da sala de desembarque já com as minhas coisas e procuro uma cara conhecida mas não a via em lado nenhum.— Minha pequena, tive tantas saudades suas!
— Karen? — Dou um grito de susto, ela estava totalmente diferente, com um corte de cabelo e as pontas todas pintadas de vermelho. — Onde está a minha irmã? Um mês sem falarmos e você muda logo o visual?
— Não mudei assim tanto... — Ela sorri endireitando o cabelo curto. — Este é o Pablo, meu namorado!
— Olá, sua irmã fala muito sobre você!
— Oi Pablo, prazer em conhecer você! — Eles pegam nas minhas coisas e vamos para o apartamento dela que agora seria o nosso apartamento...
— Tenho tantas novidades para lhe contar, tantos sítios para lhe mostrar, você vai amar morar aqui! — Ela diz me mostrando todos os cantos da casa, era aconchegante, tudo muito arrumado e decorado bem o estilo da Karen.
— Só espero... — Respondo.
— Já está melhor? Sente alguma coisa? Qualquer dor que sentir vamos logo pro hospital, quer comer, precisa de algo?
— Não se preocupe, eu estou bem!
— Mamãe me falou sobre um rapaz, um tal de Victor... porque nunca me falou sobre ele?
— Queria ter a certeza que fosse durar mas já não vale a pena falar sobre ele.
— Senti um tom de tristeza, alguém mexeu com esse coraçãozinho?
— Talvez!
— Ainda vou querer saber tudo, vem conhecer seu quarto... — Ela abre a porta e me deparo com um quarto quase igual ao que tinha em "NY", um armário com um espelho enorme, a tomada perto da cama, uma janela que dava para ver a cidade, as paredes brancas com detalhes pretos, continuo a andar pelo quarto e vejo um quadro com uma fotografia de nós os quatro: Karen, Yuri, Yuran e eu!
— Farei de tudo para ser muito feliz, não vai lhe faltar nada, terá os melhores médicos e pode sempre contar comigo!
— Eu sei... — Lhe dou um abraço e o Pablo entra no quarto.
— Me desculpem não quis incomodar, amor eu vou pra casa qualquer coisa é só me ligar!
— Está bem...
— Tchau, Violeta!
— Tchau! — Me despeço, eles vão até à porta e eu arrumo as minhas coisas.
Minutos depois ela aparece...— Gostou dele?
— Não vou mentir que é muito gato e parece ser boa pessoa, a onde foi que encontrou esse gigante?
— Somos colegas de trabalho, nessa correria da vida nos esbarramos, descobrimos que ambos somos de NY, fomos falando e nunca mais deixamos de nos ver...
— Típica comédia romântica! — Digo tirando o casaco ficando só com a blusa de alças e ela nota algo diferente.
— Violeta, isso é uma tatuagem?
— ...pois, não era suposto descobrir assim!
— É uma simples tatuagem temporária, certo?
— ...pois, não é assim... tão temporária... é permanente!
— Violeta Catherine Alves Bennet, a mãe sabe disso?
— Não sabe e nem vai saber até eu estiver casada, okay?
Fica um segredo de irmãs, olha que coisa mais linda! — Digo tentando ser irônica.— O que levou você a fazer essa loucura? Você perdeu a cabeça?
— Se eu contar eu terei de recuar e começar pela minha história com o Victor e eu não quero falar sobre isso!
— Foi esse rapaz que fez você ir pro hospital?
— Pudemos mudar de assunto?
— Então foi mesmo ele!
Mas porque só se envolve com caras problemáticos?— Sei lá... tenho uma queda por "bad boys"! — Digo tentando não sorrir por causa do pequeno flashback que tive do jeito safado que ele tinha comigo.
— Queda tão forte que ainda está se recuperando, né? — Ela fala num tom de ironia.
— Já pudemos mudar de assunto?
— Lamento mas você começou e agora fiquei curiosa, conta tudo! — Dou um suspiro profundo e começo a contar a história desde o início do ano enquanto arrumávamos as minhas coisas...
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Falling
Teen FictionE se aquele pedaço de gelo que parece ser um iceberg fosse na verdade um cubo bem pequeno? Parece meio impossível mas acontece... Com o tempo aprendi a ser dura e fria, a vida sem sentimentos era menos trabalhosa, mas eu não sou uma sem noção que br...