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Como um cliente de classe, ganhou mimos e curtiu o sabor especial do charuto de ótima qualidade que Kaminari cortou, gentil. Provou o fumo e se desfez das cinzas com um ligeiro bater de dedos sobre a trama. Se desfez do funcionário antes que, com aquele jeito falante e exagerado, ele o fizesse perder a pouca paciência que mantinha com muito esforço.

Soprou a fumaça como se ela o ajudasse a diminuir a tensão de seu corpo, mas fumar não era tão relaxante ou eficaz quanto Kirishima e suas táticas revigorantes e, no momento, saudosas.

Odiava se sentir assim, dependente. Odiava ter que admitir que precisava dele, mas essa era a verdade. Mas é que ele despertava em seu ser o melhor que podia gerar. Via o mundo melhor, tinha esperança de melhorar o que era e o que vivia. Odiava a péssima sensação de saber que bastava se afastar para que tudo voltasse ao mar de lama no qual estava cada vez mais submerso.

Refletiu. Não podia nadar e sair dali, ao menos não sozinho. Outra coisa a qual não devia ser permitir era depender. Os dependentes eram traídos pela sua própria incapacidade em se bastar.

Katsuki odiava os fracos. Odiava-os como odiava a si mesmo e suas próprias correntes que o trancavam em um mundo, como âncora em um barco que poderia velejar o mundo, mas permanecia ali, inerte e dependendo dos ventos e marés para cada novo passo.

E ele sobrava a

Para muitos, Kirishima era só un garoto de Aluguel. Para ele, Kirishima era a paz, a esperança, a vontade de se desprender do que era de fato. Eijirou era a doçura, a leveza, o sentimento.

Kirishima Eijirou era o respiro, a salvação. A luz que sussurrava um convite para que se encontrassem ao fim do túnel. Sedutor o bastante para esquecer da possibilidade de ser a morte travestida de trem o chamando para ser mais veloz ao lhe passar por cima.

Eijirou ainda era seu pássaro preferido cujo o voar lhe levava a esquecer que estava preso em uma dourada gaiola.

Infelizmente, Kirishima não era o milagre.

Se gostava tanto de ser o melhor em algo, era melhor que mantesse seu posto de número 1 das ruas a todo preço, a todo custo. O prateado local que o aguardava à mínima falha de nada valia além de lhe consagrar como o rei dos perdedores.

Não havia ido tão longe para deixar que os casos de una boate o fodesse. Sacudiu a cabeça de modo a espantar quaisquer ilusões de um futuro diferente. Seu lugar ainda era ali, afinal ele era Bakugou Katsuki e Bakugou era a fúria, a ira, a dor e o mal.

Bakugou era o sangue, a pólvora, o sabor da partida eterna e o furor do medo.

Entretanto, Bakugou não era o poder. Ao menos não sobre si mesmo.

No celular, o dever ainda chamava e tinha nome de mãe.

Garoto de Aluguel | KiriBakuOnde histórias criam vida. Descubra agora