FLY ME TO THE MOON - IZUOCHA

olhos em todo lugar.

Izuku cogitou não entrar em casa, não queria encarar sua mulher após ter sumido um dia inteiro.
Ele sabia que seu vício tinha aumentado nos últimos anos, mas ele sempre tentava se convencer que não era nada demais, até acordar no meio do nada e com um olho roxo. Izuku sentia dores por todo o corpo, mas não parou pra ver se tinha outros hematomas espalhados. Izuku respira fundo, até isso doía, abrindo a porta de casa e se deparando com sua esposa sentada no sofá poucos segundos depois.
Ochako estava exausta, enormes olheiras estampadas em seu rostro mostrando que ela havia passado a noite em claro, Izuku perdeu a despedida de seus filhos para a UA por causa de seu alcoolismo idiota. Ochako levantou do sofá, fazendo a cara mais assombrosa que Izuku já tinha visto em toda sua vida.

- O-Ochako, eu...

- Tire sua roupa e vá para o banheiro. Agora. - Rosnou sua esposa, Izuku apenas bufou e caminhou até o banheiro, tirando sua roupa cheia de bebida e com cheiro de esgoto.

Izuku e Ochako tem brigado constantemente, mas nunca deixaram transparecer isso para seus filhos. Afinal, Izuku sabia que todas as brigas eram unicamente causadas pelo seu egoísmo idiota.
Desde o aparecimento do primeiro Nomu, Izuku enlouqueceu. Ficou perturbado, olhava em todos os cantos e passou a dormir cada vez menos. Ochako sabia que todo dia ele ia a floresta como um lobo, caçá-los e destruir um por um.
Após anos sem nenhuma notícia, Izuku tentou esquecer seu passado com uma única coisa: o álcool. Ele bebia praticamente todos os dias, agora que havia diminuído quando ele percebeu que isso estava começando a fazer mal para seu corpo, mas ele tinha tido a pior de suas recaídas.
Izuku detestava o gosto do álcool e detestava ingeri-lo, mas a sensação de que por um momento ele podia deixar de ser quem ele realmente era foi o único motivo de ele persistir.
Ao ver a cara que sua esposa fazia ao tirar a própria roupa e entrar na banheira quente, toda aquela sensação de êxtase que ele tinha ao embebedar-se foi trocada por um arrependimento gritante. Ochako entrou na banheira, tentando disfarçar sem sucesso que estava chorando a noite inteira.
Toda vez que Izuku voltava completamente destroçado de uma batalha ou eles dois brigavam, sempre tomavam banho juntos. Sentiam que suas impurezas e raiva iam embora na água quente após uma longa conversa ou até mesmo fazendo amor até os corpos implorarem para cessar os toques. Porém, aquele dia era diferente.
Izuku não queria tocar Ochako ou chorar por perdão, ele queria chorar por saber que estava sendo um completo idiota.
Ochako entrou na banheira, suas pernas nuas se encostavam perante a água e Izuku apenas olhava pra baixo, alguns roxos estavam visivelmente marcados em seu corpo inteiro. Merda, o que ele fez?

- Você não é assim, Deku. - Disse Ochako com a voz firme. - Esse não é o meu Deku.

Izuku permaneceu em silêncio, era a única coisa que ele podia fazer pra tentar salvar seu casamento. Ele nunca respondia o sermão de Ochako, sabia que era o melhor a se fazer.
Ele estava se odiando tanto que nem percebeu que estava machucando sua família, o maior bem que ele conquistou em toda sua vida. Izuku havia virado um beberrão, e percebeu isso quando a cada mês ele tinha uma recaída por álcool. Bom, pelo menos já foi pior.
Ochako rosnou fazendo Izuku se assustar, dessa vez a mulher chorava de raiva.

- Você odiava beber, agora você some um dia inteiro e volta de ressaca parecendo que levou uma surra?! Porra Izuku, eu estou aqui! - Ochako bateu na água quente, jorrando-a pra fora e fazendo Izuku serrar os olhos. - Eu sou sua mulher e por muitos anos, fui sua melhor amiga!

Izuku continuou calado, apenas escutando e se sentindo o pior ser humano que pisou na terra.

- Você precisa me contar do que você está fugindo... - Ochako começa a derramar lágrimas pesadas de seus olhos novamente, fazendo Izuku focar seu olhar nela. O coração do herói quebrou em mil pedaços. - Você prometeu que não me deixaria sozinha... Você prometeu que não me faria chorar mais...