Capítulo 3 - Cemitério Rokins

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Já havia se passado 6 meses do falecimento de minha mãe, creio que já estava um pouco melhor. Tendo sessões com uma psicóloga duas vezes por semana. Eu achava desnecessário, embora a Dra Luíza Sans fosse muito amável e gentil. Com traços latinos, ela parecia jovem, mas cheia de experiência. Jonathan e Samanta praticamente me obrigavam a ir as confissões, foi esse nome que dei para as sessões. Um momento desgastante comigo mesma. Ainda não voltei para a faculdade, tranquei a matricula, não tinha cabeça para estudar, eu confesso. Minha psicóloga me aconselhou a continuar com minha vida cotidiana, reconheço a preocupação dela e dos que estão ao meu redor, acho que eles pensam que irei me suicidar de tanta tristeza. Mas admito que isso não passou pela minha cabeça, ainda. Só me sinto muito cansada, e tenho recebido visitas praticamente todos os dias de vizinhos, e ligações de familiares distantes. Vejo em suas faces o sentimento de compadecimento pela minha dor. Perdeu o pai e a mãe tão cedo, está sozinha no mundo! Ou, Coitadinha! Ninguém fala isso diretamente para mim, mas devem pensar. Me oferecem ajuda, mas sei que não é de fato o que eles querem fazer, pois quando você quer fazer algo por alguém, não se pergunta. Simplesmente faz. Eu até entendo. Eles não tem como me ajudar. Não podem tirar o sentimento em mim, ou os pensamentos de minha cabeça. Tenho escutado muitas perguntas idiotas esses últimos tempos, mas a que eu mais odeio é: Como você está? - Isso me dói na alma. É óbvio que não estou bem.

Tenho tido o mesmo pesadelo quase todas as noites. De que estou sendo perseguida e constantemente observada. E por isso, Jonathan sempre vem dormir comigo, mas sai bem cedo para ir a aula. Ele também quis trancar seu curso, mas não permiti, ele já está no último semestre e isso não seria justo com ele. Faz um pouco mais de seis meses que estamos juntos e sinto que sou um peso muito grande. Tento brigar com ele, por causa das minhas oscilações de humor, mas ele sempre é um amor. Acho que ele me ama de verdade. Embora eu me esforce para expulsá-lo de minha vida, ele merece algo melhor. Não alguém que só sobrevive em suas dores.

Mais um dia amanheceu e acordo com um café da manhã completo na cama, suco de laranja, frutas, ovos mexidos e pão fresco, tragos por Jonathan para mim.

- Feliz aniversário!!!! – Disse me beijando. – Hoje vou fazer o seu dia ser perfeito!

- Não prometa o que não pode cumprir. – Eu com meu humor negro de sempre.

Ele deu um sorriso sem graça.

- Eu nunca vou desistir de você. Isso eu prometo. – Falou olhando nos meus olhos, sentando ao meu lado na cama.

Coloquei na boca, uma uva... - Então... onde você vai me levar?

- Surpresa!! Logo você vai saber. – queria ter a animação que ele me oferecia.

Ele era incrivelmente bonito, um sorriso contagiante. Poderia ser facilmente um modelo de revistas. Com seu rosto incrivelmente esculpido. Sempre que me sentia triste, logo me fazia rir com algumas de suas piadas que de tão sem graça, chegava a ter graça.

Era uma sexta feira, as sextas se tornaram o pior dia da semana para mim, me remetia a morte do meu pai, e Jonathan faltou à aula para passar o dia comigo. Deixou a casa repleta de flores, cantou parabéns com bolo. Mas a noite me disse que eu precisava me vestir, pois a surpresa estava por vir.

Coloquei um vestido confortável de alças, sua cor vermelha me deixava um pouco mais atraente, eu imaginei. Com um casaco escuro por cima e nos pés um tênis de cor branca. Se minha mãe me visse, com certeza diria que estou, "despojada chique". Eu ri comigo mesma, ao me vestir depois de algum tempo de luto e sem sair de casa, a opinião dela significava muito para mim, e agora só suas palavras ecoam em minha imaginação.

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