Capítulo 11 - Preciso de ajuda!

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Viajando em meus pensamentos, algo me trouxe a terra novamente, quando vi uma sombra passando rapidamente na frente do meu carro. Tão veloz que deixou um rastro de folhas secas pelo ar por onde passou. O caminho evidente deixado pelas folhas mostrava que foi até a porta do chalé. Fiquei atento com meus movimentos e sai do carro indo em direção a varanda. Não havia ninguém, somente eu ali e Melanie dentro da casa. Me senti obrigado a investigar... Achei que estivesse imaginando coisas. Abri a porta devagar, creio que Melanie tenha esquecido de passar a chave. A lareira ainda acesa aquecia toda a sala. Não havia sinal de ninguém. Fui até a cozinha e achei melhor, por segurança, pegar uma faca na gaveta do móvel. Em direção as escadas tomei o maior cuidado para não fazer qualquer barulho. Escutei a voz de Melanie, ela aparentemente conversava com alguém. Resolvi me esconder para ver se escutava algo. Ainda não consegui ver mas era forte uma presença que me deixava apreensivo, pensei que fosse pela possibilidade de traição, que estava sentindo aquilo. Ouvi sussurros e gemidos. Tentei me esgueirar pelas paredes para conseguir ver mais... Então, Melanie estava falando a verdade quando disse que existia alguém. Ela não mentiu! Senti um soco no estômago, que me deixou quase sem ar. Como ela poderia ter feito isso? A quanto tempo estavam juntos? Parei por um instante e pensei racionalmente. Por que estava me perguntando isso? Já que foi eu quem a trai. Eu que joguei tudo pelo ar, por uma aventura. Ela tinha todo o direito de me expulsar de sua vida e encontrar alguém que a fizesse feliz. Coisa que fui incapaz. Quase larguei a faca, mas pera aí? E os machucados? E o estado em que a encontrei? Muitas perguntas pairavam na minha cabeça e eu precisava saber toda a verdade. Ouvi um gemido maior de Melanie, era ofegante e animalesco. Meu ciúme me fez querer olhar por uma pequena fresta da abertura da porta, e qual foi minha surpresa que poderia ter arrancado meus olhos para não poder ver o horror daquela cena.

Melanie completamente nua se debatia no chão, com os olhos revirados. Suas feições eram grotescas, um sofrimento misturado com prazer. Ela gemia, dava gargalhadas e emitia sons estranhos. Hesitei em entrar naquele quarto que emanava uma energia pesada e sufocante. Apesar da pouca luz, notei uma fumaça negra que a envolvia, a fazendo levantar e flutuar no ar. Seu corpo arqueado, mas seus pés ainda tocavam o chão. Parecia que estava sendo erguida, mas não havia mais ninguém ali, além de nós. Ela se contorcia, passando as mãos por seu corpo, e gemia profundamente em agonia do êxtase. Aquilo não fazia sentido, era uma desconexão de tudo que já havia visto e acreditado em minha vida. Não consegui distinguir o que poderia ser aquilo. Só tive contato com tal experiência nos meus jogos e livros de fantasia, onde existiam monstros ou criaturas místicas. Mas não passava de coisas da nossa imaginação. Tudo tinha sido criado pela mente de uma pessoa. Personagens fictícios que poderíamos controlar. Pois aquilo tudo não passava de um jogo. Eu paralisei, tirei a vista por um segundo, precisava tomar o ar, não queria ver aquilo. A faca que segurava em minha mão direita tremia. Estava em pânico. Sempre fui muito cético em tudo na minha vida. Nunca acreditei em coisas sobrenaturais, como eu poderia estar vendo aquilo? Bati com a mão na cabeça, queria acordar. Tinha que acordar. Isso não existia! Os gemidos de Melanie eram cada vez mais altos o que me recobrou a consciência. Voltei a espiar.... agora a sombra já tinha uma forma humana, com contornos e feições. Aos poucos aparecia estar sendo moldado, era um homem alto de cabelos escuros até os ombros, e de boa aparência, vestia paletó e gravata cinza, com uma camisa branca. Ele a segurava em seus braços. Eu tinha que protegê-la, eu precisava enfrentar aquilo. Ele a beijou nos lábios, e cada vez ela parecia sentir mais e mais prazer através de seus beijos, e nesse momento tive que criar forças para abrir a porta, e entrei...

- Largue ela! – Gritei, apontando a faca que evidentemente tremia na minha mão. A segurei firme com as duas para ter mais controle.

A criatura velozmente a soltou no chão e veio em minha direção, olhou fundo nos meus olhos, ele viu meu medo. Mas não disse nenhuma palavra. Eu estava ali em pé enfrentando meu inimigo sem saber suas fraquezas, mas ele sabia as minhas. Me senti completamente indefeso e apavorado. Suas feições demonstravam curiosidade... Mas rapidamente saiu, com uma velocidade surpreendente pela porta sem que eu tivesse tempo de reagir e fazer qualquer movimento.

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