Envolto

Capítulo 13 - Casamento

Ela estava fragmentada e aos poucos eu tentava colar cada pedaço solto. Um sorriso meia boca que conseguia tirar, já era suficiente para iluminar todo o meu dia. Era minha razão de viver. Eu estava a mercê dos seus gostos e desejos. Cada novo nascer do sol, era como um novo desafio. Sempre procurava mudar o roteiro do dia adequando tudo para agradá-la. E para isso tive que me renunciar. Abandonar meus amigos, minhas vontades. Mas é minha escolha.

Eu ficava como um cachorrinho esperando o momento em que ela iria me abordar. Ela parecia viciada no meu corpo. Todos os dias eu a queria e ela demonstrava o mesmo desejo voraz. Muito calada no dia a dia, com gestos tímidos e suaves, porém na hora do sexo se tornava outra mulher, atraente e sedutora. Era como uma amante dos sonhos de qualquer homem. Dominava, gemia, gritava. E isso era um acorde de sons de guitarra que me hipnotizava. Descobri que uma mulher pode sentir mais prazer que um homem, apenas com o toque dos dedos. Que minha língua era igualmente importante ao meu pênis. Que a cada dia descobria um ponto novo e prazeroso do corpo maravilhoso dela. Eu a admirava, a venerava.

Tinha momentos que me sentia cansado. Quando não estávamos transando, era como se ela se fechasse na concha. Tudo que eu fazia não parecia ser suficiente, e era frustrante. Passamos alguns meses como amantes incansáveis. E decidi que tinha chegado a hora... preparei um jantar romântico, com a ajuda de Sra Dolores, que chamou Melanie para ensiná-la a costurar, tomando tempo, enquanto eu preparava toda a decoração e uma bela refeição para a surpresa. Era noite quando Mel entrou pela porta, e viu a mesa posta, a luz de velas e uma música baixa ao fundo. Sorriu admirada. A recebi com um buquê de rosas e puxei a cadeira para que ela sentasse.

- Oh, Jon! Não precisava... está tudo tão lindo! – ela realmente tinha gostado, podia ver.

- É tudo para você! – eu me sentei e lhe ofereci uma taça com vinho.

- Alguma ocasião especial? Não estou lembrando...

- Sim, é uma ocasião especial. Você logo saberá... – lhe servi um pouco da macarronada ao molho branco que havia pego a receita com minha mãe.

Ela colocou o garfo na boca com a massa suculenta e balançou a cabeça em aprovação. Estava feliz, e no mundo nada mais importava. Comemos, bebemos e rimos. Quando finalmente a revelei o motivo daquela noite. Me ajoelhei, peguei a caixinha que estava em meu bolso e lhe mostrei o anel com um brilhante de diamante.

- Melanie, você quer casar comigo?

Ela se espantou, mas me beijou em retribuição. Não respondeu que sim, mas acreditei que seu beijo tinha sido a resposta. Fizemos amor ali mesmo na sala no chão como dois desesperados e apaixonados.

Os dias seguintes foram todos focados nos preparativos do casamento. Mel queria algo pequeno e só com os mais próximos. E eu queria algo grande. Mas ela me venceu, sempre me vencia. A data escolhida foi 15 de julho, duas semanas da data que estávamos. Ela queria que fosse o mais rápido possível. E eu também queria, mas me intrigava sua pressa repentina.

Finalmente chegou o grande dia. Após muitas escolhas entre flores brancas ou amarelas, cardápios, roupas, pessoas, convites e tudo mais que engloba um casamento. Escolhemos a beira da praia Bela, ao leste da cidade de Amena. A noite estava estrelada com uma lua cheia que parecia pintada a mão para nós. Escolhemos o pastor da igreja que a mãe de Mel frequentava. Meus pais presentes ao meu lado, me fazendo segurar a onda. A vizinha Sra Dolores foi convidada. Estava muito ansioso, e apesar da maresia fria que emanava do mar calmo, eu suava de nervosismo.

Ela chegou, veio num carro que alugamos e parou alguns metros de onde estávamos. Era a criatura mais linda que eu já pude ver. Seus cabelos presos com alguns fios soltos sobre o contorno de seu rosto, seu vestido era branco e de renda, um pouco justo ao seu perfeito corpo. Carregava um buque de rosas amarelas junto com o escapulário de ouro, e pingentes com a foto de seus pais, que caia enrolado em suas mãos. Ela caminhava serena, mas com lágrimas nos olhos. Não consegui conter meu choro ao perceber que ela caminhava para meus braços, a partir desse dia, seria para sempre minha e nada mais poderia nos separar. Seria consumado perante os homens nossa união. Me senti o homem mais sortudo do mundo e grato. Seu sim me fez renascer. Parecia que nasci para esperar por esse dia. Após a cerimônia, recebemos todos em um jantar na casa de Melanie. Quinze pessoas no máximo, comiam e bebiam com conversas altas. Enquanto saímos a francesa.