Capítulo 8 - No fundo do oceano

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Não sei descrever o que sinto. Mas sou a pessoa mais importante, forte, intensa, quando ele está aqui. Ele agora não é algo criado da minha cabeça ou apenas meu amigo, é algo tangível, posso tocá-lo. E estou realizada por isso. Espero ansiosamente a noite chegar, meu dia já não é interessante, mas minhas noites se tornaram o ar nos meus pulmões. Alguns dias se passaram e parece que minha vida toda foi feita para isso, para esse momento com ele.

Está escurecendo e meu coração já dispara, fico ofegante e cada barulho lá fora, de alguma folha caindo, o vento batendo na janela, já me aguça os sentidos. Ele simplesmente chega como um vento forte agora, embora ainda seja frio.

- Estou aqui meu amor! – sua voz sempre suave e terna.

Já vem em minha direção apressadamente para me dar o que sempre espero. Me acolhe em seus braços, sinto seu peitoral musculoso e liso, sua pele é macia, seu cheiro é cítrico e adocicado. Me sinto em segurança e gostaria que ele nunca me soltasse. Me beija na testa, toca meu rosto suavemente com as pontas dos dedos, levantando meu queixo para beijá-lo. Seus lábios são doces, mas é tudo frio, não me incomoda. A paixão que já se alastrou em mim, não permite que eu sinta nada que seja negativo vindo dele. Ele passa as mãos em meus cabelos, descendo por minhas costas. Pára me segurando pela cintura e desce por meu ventre, isso me arrepia completamente.  Seus dedos macios me provocam quando percebe que estou completamente molhada.

- Tu me queres, meu amor? – não consigo nem responder de tanta excitação, meu corpo todo treme de desejo. – Tu precisas me falar! – sua voz máscula e agradável, me força a parar para formar as palavras, enquanto ele sabiamente faz uma leve pressão em minhas partes.

- Sim, eu te quero! – falei num gemido ofegante.

Agora estou no fundo do oceano, é tudo tão azul e transparente, abaixo de mim, há corais de todas as cores, eu nado observando cada detalhe de cor e vida que está ali. Noto que não preciso de oxigênio, na verdade consigo respirar embaixo daquela água. Como isso é possível? Para mim tudo é possível agora. Um cardume de peixe coloridos passam por mim, eles fazem cócegas pelo meu corpo. Enquanto tiram minhas roupas. Quero seguí-los mas não consigo ser tão rápida. Escuto o barulho de golfinhos atrás de mim, quando viro a cabeça já estão bem próximos. São 3 espécimes magnificas que vem em minha direção, me assusto, mas eles parecem amigáveis e na velocidade consigo entender que eles querem me levar em um passeio. Simplesmente subo nas costas do maior deles, e a velocidade é indescritível. Rapidamente chegamos no cardume que havia passado por mim, indo mais a frente eles vão em direção a superfície. O salto me joga para cima e consigo observar como em câmera lenta, uma paisagem deslumbrante. O Sol como em um quadro gigantesco está nascendo, minha emoção é tão grande que chego a chorar. Seu tom alaranjado se misturando ao azul escuro do mar e do cinza das nuvens espalhadas no céu. A gravidade deixa de existir e caio novamente nas costas do golfinho que mergulha profundo para subir a superfície dando saltos e cambalhotas comigo no ar. A sensação é de liberdade, misturada ao prazer do exibicionismo. Sou levada a um êxtase frenético de sensações que me fazem abrir os braços e pedir mais, e mais. Explodindo de prazer...

Abro os olhos, estou no meio da sala em cima do tapete de pele de onça, a lareira apenas com algumas brasas, não consegue me esquentar, olho para meu corpo nu, estou congelando. Tudo está escuro. Pego um cobertor que há em cima da poltrona e me cubro, tentando me aquecer. Minhas mãos geladas tremem, quero me levantar, mas estou muito debilitada. Minhas pernas não querem me obedecer. Tento me arrastar ao menos até a poltrona para descansar com um pouco mais de conforto. Não consigo ter forças. Meus Deus o que está acontecendo comigo? Desisto, e permaneço ali em cima do tapete incapaz de me mover e sou vencida por um sono profundo.

O Sol entra pela claraboia e ilumina toda a cabana. Como estou no meio da sala consigo sentir ele aquecer meu rosto, e toda aquela luz machuca um pouco meus olhos, que resistem antes de abrir. A lareira está apagada. Quanto tempo devo ter ficado desacordada? Pois o Sol já estava alto devia passar de meio dia. Ainda me sinto muito fraca, lembrei pelo roncar do meu estômago que faz algum tempo que não coloco nada sólido na boca, nem lembro na verdade quantos dias. Minha boca seca me mostra que tenho sede. Meu corpo sem as necessidades básicas atendidas está se rebelando contra mim.

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