Este é o segundo capítulo de uma atualização dupla.
O restaurante tinha uma localização calma e bastante discreta, também no Palermo. O interior era iluminado e o cheiro da comida fez Malena salivar. Os demais membros da família Delyone já se encontravam lá: suas camisas branco e azul contrastavam com a paleta de cores do local, que era predominantemente bege. E Malena ficou parada na porta por exatos cinco segundos, arrependendo-se por ter aceito o convite, já se sentia uma intrusa no meio daquelas pessoas. Ela provavelmente era a única desconhecida deles. Mas já que estava ali, não iria voltar atrás. Aceitara o convite e seguiria nele até o fim da noite, e estava mesmo faminta. Como era mesmo o ditado? Se você tem um limão, faça uma limonada? Pois é.
Emily, Agostina e Diana, que carregava o pequeno Angelo nos braços, apressaram-se em apresentá-la como uma amiga — e a palavra amiga provocou uma sensação de calor quase imediata em Malena — ao restante da família: Daniel, pai de Angelo; Manoel, o outro filho de Agostina; Fatima, irmã de Agostina e mãe de Emily; Raquel; amiga da família; Bernardo, Nicolás e sua namorada, Hortensia, que eram os amigos mais próximos do jogador, e por fim, Teo Delyone.
— Oi, tudo bem? — ela perguntou, com um sorriso, a voz aveludada e doce fazendo cócegas nos ouvidos do menino.
Com exceção dela, ele era o único no lugar que não vestia uma camisa da seleção Argentina. Os cabelos molhados e a sensação de frescor que emanava do jovem rapaz transmitia a qualquer um que o visse uma tranquilidade digna de um piloto de avião experiente e que sempre tem tudo sob controle, mesmo nos momentos de turbulência. A pele dourada quase cintilava em sincronia perfeita com o rosa que ele trajava e o tom acastanhado de seu cabelo. Ele ficava muito bem mesmo de rosa, pensou Malena, que analisava discretamente o garoto a sua frente, imaginando quais outras tonalidades também ficariam boas nele.
Todos naquela mesa pareciam orbitar ao redor de Teo, como se estivessem presos pela gravidade a ele; pareciam adorá-lo intensamente, a admiração quase palpável no olhar de cada argentino ali presente. Não só por serem argentinos e ele os representar no futebol, mas por conhecerem a história dele, a humildade e o talento que ele carregava no número 10 do Piemonte. Qualquer um que o conhecesse, mesmo que por pouco tempo, saberia que o menino era merecedor de tudo que havia conquistado.
Malena não precisou de muito para saber que ele era o orgulho da família e uma intensa curiosidade sobre ele a devastou: queria entender aquela admiração, até mesmo senti-la. Por que não? Ficou estranhamente surpresa por aquela sensação, que era quase como uma onda que nos pega de súbito e nos derruba na praia quando a maré ainda não está nem alta.
Maré alta. Quando a Lua está próxima da Terra e a sua força gravitacional atrai a imensidade das águas do oceano. Seguramente, era a mesma força gravitacional que atraiu os intensos olhos verdes do garoto aos pequenos olhos castanhos, quase âmbar, de Malena.
Maré alta. Ondas agitadas e fortes e rápidas. Assim como a pulsação de Malena, que prontamente tratou de desviar o olhar, constrangida pela força do momento, ao mesmo tempo em que ele devolveu o cumprimento:
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A Lei da Gravidade #1 Série Piemonte
RomanceJá parou pra pensar na imensidão do universo e na quantidade de estrelas que brilham no céu? E nas leis da física que precisamos para essa imensidão toda? A gravidade, por exemplo...Sim, essa mesma, de quando a maçã caiu na cabeça de Isaac Newton e...