Capítulo 10: clichê brega

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Teo, com as mãos no bolso, tentava disfarçar o quão suadas estavam. Ele estava nervoso pra caralho, parecendo um adolescente. Malena o encarava, sem reação, incrédula por ele estar realmente ali. Ele a encarava de volta, sem acreditar em como ela era linda.

Como era possível que jeans, uma camiseta branca e um casaco verde oliva — que realçava ainda mais os olhos dele — fossem o suficiente para deixá-lo... incrível? Um rastro de barba escondia sua mandíbula e o cabelo penteado para o lado lhe dava uma aparência de bom moço que escondia a indecência presa em seu olhar. Não esperou mais nem um segundo antes de puxá-la para si e abraçá-la forte.

— O que... o que você está fazendo aqui? — ela perguntou, ainda nos braços dele. Era quente, confortável e ele cheirava a sabão, mar e algo amadeirado. Um abraço caloroso e significativo, um reconhecimento silencioso do que cultivaram nos últimos meses.

Era recesso de inverno e ele já tinha feito todos os exames e terapias propostos pela equipe médica do Piemonte. Giovanna o ajudou, convencendo a direção do clube de que ele poderia fazer a maior parte do tratamento em casa. Sua lesão adiou a sua viagem, mas não o impediu.

E ele queria aquele momento de surpresa.

— Prometi levar alguém pra sair — ele falou, casual, sem o menor sinal de soltá-la. Ela cheirava a flores e morangos — Se ela ainda quiser, é claro.

— Eu acho que ela quer — ela riu, libertando-se do aperto do menino. Olhou-o novamente, por inteiro, sem acreditar que ele estava mesmo ali.

— Teo? — Emily surgiu no batente da porta — Por que... o que faz aqui? — perguntou, confusa, enquanto Teo ia até ela, abraçando-a.

— Vim visitar — sorriu de lado, e Malena sentiu vontade de tocar com o indicador a covinha que apareceu em seu rosto.

— Por que você não avisou?

— Queria fazer uma surpresa — deu de ombros — Acho melhor ir logo, estamos atrasados.

— Estamos? — Emily perguntou, confusa — E para onde vamos?

O atacante riu.

— Pelo amor de Deus, mulher. Você fica — ele apontou para Malena — Ela vem comigo.

— Ah! Ah, entendi! — disse a argentina, sorrindo arteira — Mas vocês não querem, sei lá, provar do meu bolo antes de ir? Acabou de sair do forno...

— Atrasados. Muito. De verdade — ele mentiu, sabendo da má fama da prima na cozinha.

Despediram-se de Emily e andaram lado a lado e em silêncio até o carro do rapaz, estacionado na calçada do prédio. Ele fez questão de abrir a porta para ela, que achou fofo, mas quis morrer de vergonha. Não estava acostumada com cavalheirismos.

Não tinha parado para pensar ainda em como as coisas entre eles se classificariam depois que tivessem o esperado encontro. Não dava para negar: tinha alguma coisa ali. Mas o quê? Ela não sabia. E temia que ficassem estranhas, que a amizade que amadureceram fosse de alguma forma prejudicada. Da parte dela, faria o impossível para que não.

Ele deu a volta no carro, entrando e travando as portas.

— Então... — ele começou — Eu pensei que a gente pudesse fazer algo normal e discreto. Tipo ir ao cinema.

— Eu adoro cinema — estava nervosa e as palavras só saíram.

— Perfeito — ele falou, e seus dedos tamborilavam na direção do carro. Ligou o rádio, e uma melodia de reggaeton começou a tocar baixinho.

A Lei da Gravidade #1 Série PiemonteOnde histórias criam vida. Descubra agora