Capítulo 18: constelações

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— Depois de amanhã é o seu aniversário — observou Teo — E você vai estar aqui. Comigo.

— Sim, mas — fez uma pausa — eu não disse nada. Quem te contou? — Malena, deitada na enorme cama de Teo, parou de ler o livro que estava concentrada há horas para encará-lo.

— Eu vi no seu passaporte. Não achou mesmo que eu fosse deixar passar em branco, achou?

Ela fechou o livro, colocando-o debaixo do travesseiro e abriu os braços, um convite para que Teo fosse até ela. Ele foi, jogou-se nos braços da mulher.

— Eu estou aqui, com você. Nada disso vai passar em branco, nunca.

Ele inspirou o cheiro dela, abrindo um sorriso.

— Eu sei, mas — apoiou-se nos cotovelos, para olhá-la — Preparei uma surpresa — Malena se endireitou.

— Que tipo de surpresa? — Teo deu de ombros, sorrindo arteiro.

— Se eu contar, estraga — antes que ela pudesse responder, ele emendou, para desconversar — Estou desejando um banho. Vem comigo? — fez um biquinho, levantando-se e tirando a camisa.

— Encha a banheira — pediu, sugestiva — Preciso só enviar um e-mail para a clínica e já eu encontro você.

Teo assentiu, entrando no banheiro. Malena destravou o celular, anexou os documentos que precisava mandar — alguns prontuários e informações de pacientes para que fechassem o balanço do mês — e, assim que enviou apertar, o celular de Teo começou a tocar. O aparelho estava ao lado dela, na cama.

— Teo, estão te ligando! — avisou, em um grito comedido.

— Você pode atender e dizer que eu retorno mais tarde? — Malena ouviu seu grito.

O contato não estava salvo, o que era estranho. Só os amigos próximos de Teo tinham seu número, e ele era muito privado quanto a isso. Malena arrastou a tela para atender.

— Olá? — disse ela, e, após alguns segundos de silêncio, perguntou de novo — Quem está aí?

— Ah, olha só — era uma voz feminina — A nova namorada.

— Que-quem é? — Malena se odiou por gaguejar, mas não estava com um pressentimento bom em relação à ligação.

— Pergunte ao seu namorado sobre mim — estalou a língua no céu da boca — Ou, sei lá, pesquise um pouco. Acho que você vai se interessar, Malena.

— Como vou fazer essas coisas se não sei nem quem você é? — retomou o controle, ácida. Tinha uma ideia de quem podia ser, mas queria que ela admitisse ainda assim.

— Anastasia Cavanderi. Eu já estive no seu lugar — riu por alguns instantes — Preciso admitir, querida, é muito bom tudo isso no começo. Passeios por Turim, você conhece os amigos dele, ele faz você se sentir especial, não é? Mas não se engane, Malena — fez uma pequena pausa — Ele vai te trair, assim como me traiu. Estou avisando!

Malena engoliu em seco, todas as suas inseguranças passadas batendo na porta, desesperadas para saírem, tomadas por medo e pavor de que ela estivesse falando a verdade. Já passara por aquilo com Julian. Não queria passar de novo. Principalmente, não com Teo. Não com Teo, que era gentil e sincero e sorria para ela como se ela bastasse. Não com Teo, que era paciente e por quem ela estava apaixonada.

E, então, algo estalou em sua mente. Algo que gritou mais forte do que a surpresa da insegurança.

— Se ele é mesmo tudo isso que você fala, por que está ligando para o número dele? Ia pedir para passar pra mim, por acaso?

A Lei da Gravidade #1 Série PiemonteOnde histórias criam vida. Descubra agora