Malena encarava a porta branca de madeira compensada com o coração batendo mais rápido do que as asas de um beija-flor. Respirou fundo, contanto até dez e levantou a mão para bater. Não conseguiu.
A menina estava amedrontada, sem saber como Teo reagiria ao vê-la ali, em sua porta, os cabelos molhados da chuva recém tomada e uma única mala fazendo-a companhia. Passou as últimas vinte e duas horas entre voos e escalas e em cada uma delas imaginou uma situação diferente, uma reação distinta do garoto. Como ela comprou as passagens de última hora, teve que voar em um itinerário de duas escalas.
No Rio de Janeiro, onde fez sua primeira escala, ligou para Giovanna. E mesmo a médica insistindo com árduos protestos que iria buscá-la no aeroporto, Malena recusou, já que chegaria no mesmo horário que Giovanna estaria trabalhando. Pediu apenas que ela avisasse ao porteiro que uma "amiga" estava indo fazer uma visita.
Em Madrid, quis desistir. Corria o risco de ele a odiar, agora. Ela tinha errado feio com ele. Ignorado-o todas as vezes que ele tentou falar com ela. Mas não desistiu. Já estava ali, iria até o fim. Dessa vez, ela não fugiria, por bem ou por mal.
Mas ainda não sabia o que dizer. Nada parecia bom o suficiente. Com que cara você viaja o Atlântico para bater na porta do seu ex-namorado dizendo que se arrependeu de ter rompido com ele e que o queria de volta?
A menina olhou para os próprios pés, alisando a roupa também molhada. Estava horrível. Saiu do aeroporto e pediu um táxi, que a deixou duas quadras antes do endereço que ela deu. Na hora, na euforia do momento, ela não notou. Não se importava em caminhar — talvez fosse bom para colocar as ideias no lugar. Mas começou a chover, o céu escuro desabando forte acima dela. Tão clichê que era a cara deles. Encarou novamente a porta, pensando se não seria melhor ela procurar um hotel e trocar de roupas antes, pensar melhor, ficar mais apresentável quando...
Escutou o barulho de chaves na porta.
Malena paralisou. Alguém estava prestes a sair daquele apartamento, onde apenas duas pessoas moravam, e não era Giovanna, porque ela não estava lá.
Viu tudo em câmera lenta quando a maçaneta da porta se mexeu. Sentiu seus joelhos quase falharem quando ele abriu a porta, distraído, e demorou exatos três segundos para notá-la lá, parada.
Teo sentiu o ar deixar seus pulmões e a adrenalina ser disparada por sua corrente sanguínea, como um projétil, rápido e certeiro.
Ele estava tão mal que agora via alucinações?
Teo olhou a mulher a sua frente, sem conseguir acreditar que era ela... Ficou tão surpreso que não conseguiu demonstrar outra reação a não ser franzir o cenho. Ela estava tão linda que ele poderia observá-la pelo resto do dia.
Estava mesmo ficando louco, era a única explicação...
Ficou tão surpreso que perdeu a noção do tempo: passaram-se cinco segundos, mas, para ele, pareceu mais tempo. Foi desperto de seu devaneio pela voz dela.
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A Lei da Gravidade #1 Série Piemonte
RomanceJá parou pra pensar na imensidão do universo e na quantidade de estrelas que brilham no céu? E nas leis da física que precisamos para essa imensidão toda? A gravidade, por exemplo...Sim, essa mesma, de quando a maçã caiu na cabeça de Isaac Newton e...