Capítulo 20: sirius

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Quando Malena era criança, sua mãe a ensinou a olhar o céu

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Quando Malena era criança, sua mãe a ensinou a olhar o céu. Onde quer que fossem — e se estivesse escuro o bastante — sua mãe apontava para as estrelas e nomeava todas as constelações que o olho permitisse ver. Ela sabia identificar mais de quarenta delas.

Malena, com o tempo, tomou para si aquele amor por astronomia. E, olhando para o céu, tentava a todo custo nomear as estrelas. Para esquecer, por um minuto que fosse. Para esquecer aquela sensação de dor, de agonia, pura.

A sensação de ter perdido alguém que você acabou de descobrir que ama, que nunca nem disse "eu te amo". A sensação de ter sido descartada da vida dele, como se não tivesse acontecido nada. Como se não tivesse sido a coisa mais linda que ela tinha acabado de viver.

Ali estava Cão Maior, e Sirius, a estrela mais brilhante do céu noturno, que podia ser vista de qualquer lugar do mundo. Ali estava Canopus, a segunda estrela mais brilhante do céu noturno. Canopus fazia parte de Carina, uma das constelações que compõe o lendário navio Argus.

O que quase ninguém sabe é que Canopus está exatamente a uma distância de trezentos e quinze anos-luz da Terra, enquanto Sirius está a apenas nove anos-luz.

E ali está a primeira constelação que a mãe a tinha ensinado a encontrar: Crux, ou Cruzeiro do Sul.

"Para que você nunca se perca, meu amor". Mas a menina olhava e olhava para a Gacrux e se sentia ainda mais perdida. E a lembrava, mais uma vez, de onde ela estava.

Ela estava no Sul. Ele estava no Norte. Porque ele estava distante, tão distante. Distante no espaço e, agora, no tempo. Ele a tornou passado. A Terra tem bilhões de anos e, ainda assim, continua a girar. O tempo não para. Não importa o tamanho da dor que você sinta, o tempo não para para que você a cure.

A Terra continua a girar.

"Ele está no Norte e rompeu comigo por mensagem, ele está no Norte e não quis nem falar comigo antes de me descartar"

Tão cruel. Tão imensamente cruel. Tão difícil de acreditar que eles eram melhores amigos.

Eram.

A palavra no passado despertara novamente as lágrimas da menina que, naquela noite, tinham custado a ir embora. Mais uma lágrima. De todas as derramadas, certamente aquela era a mais dolorosa. Dolorosa porque era impossível tolerar.

Sirius. Canopus. Alpha Centauris. Arcturus. Vega.

Cruel porque uma parte dela não conseguia aceitar que aquilo estava acontecendo. E essa parte dizia para a outra — a que estava encolhida ouvindo os gritos da primeira — que elas precisavam fazer algo.

E, por uma hora, Malena escutou essa parte.

Porque aquele não era o Teo que ela conheceu. Não era o homem pelo qual ela estava apaixonada.

A Lei da Gravidade #1 Série PiemonteOnde histórias criam vida. Descubra agora