⚜️ Capítulo 3 ⚜️

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Meus olhos travaram na tela enquanto o aparelho vibrava sem parar . Senti a pressão no peito e com toda a minha cabeça tornando-se uma bagunça, atendi.

— Alô.

Oi Rosie — reconheci a voz melódica do outro lado da linha — Como você está?

— Olá Catarina — fingi sorrir — Estou bem e você?

Ótima.

— E o que te fez ligar? — tentei incentivá-la a entrar logo no assunto.

Bom Rosie — iniciou com um suspiro — A editora tem recebido vários e-mails, cartas e até ligações a respeito de seu paradeiro. Alguns fãs estão cobrando um novo best-seller e a imprensa não tem nos deixado em paz.

— Catarina, eu lamento.. mas

Não há o que lamentar — me cortou — Tivemos uma reunião hoje pela manhã e decidimos, junto ao novo editor chefe, que seu livro será nosso lançamento de fim de ano.

— Novo editor chefe? — fiquei tão intrigada por outra pessoa estar tomando partido sobre minha carreira, que mal prestei atenção no restante que Catarina dizia.

Sim, Nathan Sykes.

Um nó se formou na minha garganta e o nome – pronunciado pela segunda vez naquele dia – ecoava sem parar na minha cabeça. Cinco anos haviam se passado e eu ainda podia sentir meu coração chorar.

Alô? Rosie, você está aí? — Cat chamou do outro lado da linha.

— Sim — pronunciei num sussurro quase inaudível — Sim, estou aqui.

Eu espero que esteja tudo bem.

— Está, eu só… — não tinha o que dizer — Fiquei surpresa.

E nós também — ela emanava alegria e isso me deprimia — Então como eu estava dizendo, seu lançamento será no fim do ano. Gostaríamos que passasse aqui amanhã ao fim da tarde para assinar o contrato diretamente com Nathan e acertar todos os detalhes do seu novo livro. Podemos contar com você?

Perguntas demais, informações demais, pressão demais. Senti meus lábios ressecados, podia ouvir cada batida ritmada do meu coração e num impulso para acabar com aquela conversa soltei a única palavra que me veio a mente.

— Sim.

Ótimo, aguardamos você amanhã. Até logo Rosie.

— Espera, eu…

Ela desligou. 

Eu estava totalmente perdida e agora mais aflita do que nunca, precisava da minha casa e de silêncio. Queria chorar.

Coloquei o dinheiro junto a minha comanda em cima da mesa e saí apressada sem me despedir de Maggie.

Minha cabeça latejava e eu tentava organizar todas as informações recentes, tudo circulava, me deixando completamente inerte e aborrecida com minha falta de controle emocional.

— Droga — praguejei sentindo os olhos queimarem.

Fiz o caminho de volta para a Rodwell esbarrando em algumas pessoas na rua, estava em pânico e tentava – inutilmente – me controlar.

Me sentei na cadeira fofa, acomodando minhas costas pesadas e me permiti fechar os olhos por alguns minutos num exercício rápido de meditação. Podia ouvir o sopro da voz de Nathan nas minhas lembranças. Abri os olhos.

Charlize me encarava de forma desconfiada, os olhos castanhos pairavam em cima de mim como se esperassem por...

— ...Instruções… é claro — falei comigo mesma levando uma mecha de cabelo para trás da orelha — Desculpe, não é um bom dia — tentei sorrir.

— Tudo bem. Eu entendo — anuiu em concordância.

— Bom — suspirei — Seja bem vinda, como você já sabe eu sou a secretária pessoal do Sr. Rodwell — ela confirmava com a cabeça — O trabalho não é difícil, porém, é cansativo.

— Eu imagino — ela riu apontando para a pilha de relatórios em cima da minha mesa.

Nos minutos seguintes instruí Charlize de acordo com o que eu fazia no meu dia a dia, explicando cada função que ela deveria realizar. Aquele pequeno espaço de tempo me ajudou a não pensar em Nathan ou no meu passado.

A moça concordava com a cabeça para tudo que eu dizia e imediatamente descartei a ideia de que ela parecia com Leonor. Além de esforçada, era carismática e sorria o tempo todo. Eu tinha gostado dela.

A tarde estava chegando ao fim, eu já nem sabia em qual xícara de café estava. Assinei o último documento soltando o ar preso no peito, hora de ir embora.

— Charlize, eu já estou indo. Se não tiver nada para acertar com o Steve, você também pode ir.

— Vou esperá-lo. Preciso assinar meu contrato admissional — ela sorriu doce.

— Certo, nos vemos amanhã então. Bom descanso.

— Igualmente.

A deixei sozinha no escritório e segui para o elevador. Exausta, cansada e doida pra tomar uma taça de vinho.

Querida RosieOnde histórias criam vida. Descubra agora