Meus olhos travaram na tela enquanto o aparelho vibrava sem parar . Senti a pressão no peito e com toda a minha cabeça tornando-se uma bagunça, atendi.— Alô.
— Oi Rosie — reconheci a voz melódica do outro lado da linha — Como você está?
— Olá Catarina — fingi sorrir — Estou bem e você?
— Ótima.
— E o que te fez ligar? — tentei incentivá-la a entrar logo no assunto.
— Bom Rosie — iniciou com um suspiro — A editora tem recebido vários e-mails, cartas e até ligações a respeito de seu paradeiro. Alguns fãs estão cobrando um novo best-seller e a imprensa não tem nos deixado em paz.
— Catarina, eu lamento.. mas
— Não há o que lamentar — me cortou — Tivemos uma reunião hoje pela manhã e decidimos, junto ao novo editor chefe, que seu livro será nosso lançamento de fim de ano.
— Novo editor chefe? — fiquei tão intrigada por outra pessoa estar tomando partido sobre minha carreira, que mal prestei atenção no restante que Catarina dizia.
— Sim, Nathan Sykes.
Um nó se formou na minha garganta e o nome – pronunciado pela segunda vez naquele dia – ecoava sem parar na minha cabeça. Cinco anos haviam se passado e eu ainda podia sentir meu coração chorar.
— Alô? Rosie, você está aí? — Cat chamou do outro lado da linha.
— Sim — pronunciei num sussurro quase inaudível — Sim, estou aqui.
— Eu espero que esteja tudo bem.
— Está, eu só… — não tinha o que dizer — Fiquei surpresa.
— E nós também — ela emanava alegria e isso me deprimia — Então como eu estava dizendo, seu lançamento será no fim do ano. Gostaríamos que passasse aqui amanhã ao fim da tarde para assinar o contrato diretamente com Nathan e acertar todos os detalhes do seu novo livro. Podemos contar com você?
Perguntas demais, informações demais, pressão demais. Senti meus lábios ressecados, podia ouvir cada batida ritmada do meu coração e num impulso para acabar com aquela conversa soltei a única palavra que me veio a mente.
— Sim.
— Ótimo, aguardamos você amanhã. Até logo Rosie.
— Espera, eu…
Ela desligou.
Eu estava totalmente perdida e agora mais aflita do que nunca, precisava da minha casa e de silêncio. Queria chorar.
Coloquei o dinheiro junto a minha comanda em cima da mesa e saí apressada sem me despedir de Maggie.
Minha cabeça latejava e eu tentava organizar todas as informações recentes, tudo circulava, me deixando completamente inerte e aborrecida com minha falta de controle emocional.
— Droga — praguejei sentindo os olhos queimarem.
Fiz o caminho de volta para a Rodwell esbarrando em algumas pessoas na rua, estava em pânico e tentava – inutilmente – me controlar.
Me sentei na cadeira fofa, acomodando minhas costas pesadas e me permiti fechar os olhos por alguns minutos num exercício rápido de meditação. Podia ouvir o sopro da voz de Nathan nas minhas lembranças. Abri os olhos.
Charlize me encarava de forma desconfiada, os olhos castanhos pairavam em cima de mim como se esperassem por...
— ...Instruções… é claro — falei comigo mesma levando uma mecha de cabelo para trás da orelha — Desculpe, não é um bom dia — tentei sorrir.
— Tudo bem. Eu entendo — anuiu em concordância.
— Bom — suspirei — Seja bem vinda, como você já sabe eu sou a secretária pessoal do Sr. Rodwell — ela confirmava com a cabeça — O trabalho não é difícil, porém, é cansativo.
— Eu imagino — ela riu apontando para a pilha de relatórios em cima da minha mesa.
Nos minutos seguintes instruí Charlize de acordo com o que eu fazia no meu dia a dia, explicando cada função que ela deveria realizar. Aquele pequeno espaço de tempo me ajudou a não pensar em Nathan ou no meu passado.
A moça concordava com a cabeça para tudo que eu dizia e imediatamente descartei a ideia de que ela parecia com Leonor. Além de esforçada, era carismática e sorria o tempo todo. Eu tinha gostado dela.
A tarde estava chegando ao fim, eu já nem sabia em qual xícara de café estava. Assinei o último documento soltando o ar preso no peito, hora de ir embora.
— Charlize, eu já estou indo. Se não tiver nada para acertar com o Steve, você também pode ir.
— Vou esperá-lo. Preciso assinar meu contrato admissional — ela sorriu doce.
— Certo, nos vemos amanhã então. Bom descanso.
— Igualmente.
A deixei sozinha no escritório e segui para o elevador. Exausta, cansada e doida pra tomar uma taça de vinho.
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Querida Rosie
RomantizmPerdida. A única palavra que define Rosie Blackburn, uma escritora que tropeça nos próprios pés quando se vê sufocada por um bloqueio criativo, logo após o sucesso de seu primeiro - e único - livro. Após dois anos e meio de tentativas frustradas par...