Através de minhas escolhas - DRAMIONE

Capítulo 12

O dia estava leve. Tudo nele parecia estar certo, tudo na mais perfeita harmonia. Desde o canto dos pássaros ao amanhecer, o tom cinzento do céu condizente com o cinza dos olhos de Draco, o vento que uivava entre as bifurcações das árvores ao redor do castelo, até a ausência da bajulação matinal que o garoto recebia dos colegas de casa. Tudo fluindo de maneira positiva.

As aulas matinais estavam tranquilas. Entre elas Draco havia uma pequena brecha em seu horário, era como se o universo conspirasse à seu favor aquele dia, ele queria mesmo sentir um pouco da brisa gélida ao redor dos terrenos da escola.

Ele estava de bom humor, não havia como negar, e quanto mais passava-se o tempo, mais isso se tornava mais concreto e absoluto. Era como seu aniversário. Ele sentia que poderia fazer tudo, como se tivesse tomado um frasco de Félix Felicis.
O lago negro parecia chamá-lo. As margens pacificas tendo a superfície quase inerte, que mexia-se apenas quando o vento a tocava balançando a água doce, fazendo o reflexo nítido como um espelho converter-se num borrão, lembrando um quadro surrealista. As grandes árvores faziam  debaixo do sol quase a pino, uma paisagem muito reconfortante de se olhar e fazer parte dela era mais ainda.

Draco sentou-se sub a sombra de uma das árvores e recostou suas costas no tronco largo. Aquela parecia ser uma árvore velha. Talvez os pais de Harry, Weasley ou até mesmo os dele já posaram sob a sombra daquela árvore. Parecia estranho pensar isso, mas lhe confortava saber que existiam casais que sobreviveram depois da escola. Aquela manhã, na aula de runas antigas, ele não conseguiu tirar os olhos de Hermione.
“Isso pode custar o que mais ama”, as palavras de Snape ecoavam em sua mente. Não queria perder mais nada. Não queria perder seus pais, não queria perder o que tinha conquistado até agora, Hermione, Harry, Ronald, Snape, Dumbledore, até mesmo o Sr. Weasley... De certa forma essas pessoas conseguiram entrar em seu coração, não tão profundamente como sua família ou Hermione, mas eles tinham um pequeno espaço ali dentro.

-  Malfoy, está acordado? Posso conversar com você por um instante?

A voz conhecia o puxou de volta a realidade. Weasley estava parado pouco a frente parecendo desconfortável, talvez por não estar na presença de Harry ou Hermione. Aquilo era muito conveniente, ele queria mesmo falar com um dos três. Ele aparecer ali era perfeito.

- Muito interessante você aparecer aqui em um momento tão oportuno, Weasley. Queria mesmo falar com você, sendo mais específico, sobre ontem.

- Eu também gostaria de falar sobre ontem... Tudo bem eu falar primeiro?

Ele parecia nervoso. Estava mexendo os dedos freneticamente e com as bochechas avermelhadas, mal conseguia olhar nos olhos de Draco. Um sorriso formou-se nos lábios finos do loiro ao ver graça na situação.

- Faça as honras.

O ruivo ficou andando de um lado para o outro sem dizer uma palavra sequer, ficou assim por quase dois minutos. Malfoy estava quase interrompendo o silencio quando o ruivo finalmente se aproximou e ficou do deu lado tomando cuidado para não ficar muito próximo.

O barulho de um galho quebrando soou aos ouvidos de Draco, que logo puxou Weasley para mais perto o fazendo sentar-se mais próximo do que gostaria de estar, e então o loiro começou a conjurar feitiços de proteção, assim ninguém conseguiria vê-los ali. O espaço era grande o suficiente para que os dois conversassem, pequeno o suficiente para que Ron ficasse desconfortável.

- O que está fazendo?!

- Nos protegendo, não é obvio? Está vindo alguém e com isso ninguém vai nos ver ou no escutar.

Dito isso, o barulho de passos começou a aumentar até que surgiu um casal de mãos dadas, que parou justamente na árvore à frente deles. Eles pareciam não ter percebido dois ali, o que significava que o feitiço tinha dado certo. Eles pararam ali sob a sombra da arvore quase sem folhas, agasalhados com seus acessórios de inverno estupidamente vermelhos da Grifinória.