No Limite

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Andrew PoV

- Vem, DeLuca! Suba aqui!

Eu escutei a voz de Will me chamando. Nós estávamos no Joe, o bar mais badalado das proximidades do Seattle Grace Hospital, onde eu trabalhava.

Eu tinha tido um dia de cão,então fui para o Joe e chutei o pau da barraca. Aceitando o convite de Will,subi no balcão e comecei a tirar a camisa, no ritmo frenético da música. Observei uma pequena aglomeração de pessoas que começou a se juntar em volta de nós, e vi que a rodinha aumentava. Em meio a gritinhos e arranhões de mulheres que me puxavam pela perna,eu continuei desabotoando a camisa e dançando sedutoramente enquanto tomava mais um dos incontáveis goles de tequila.

Will estava junto a mim e ele já tinha agarrado uma morena que havia subido no balcão com ele. Os dois já se atracavam e logo desceram e ele fez um sinal pra mim de que estava indo embora. Eu dei de ombros e continuei o showzinho,já de olho numa loirinha deliciosa que me olhava mordendo os lábios.

Não demorou muito e eu já estava saindo com ela do Joe, pegando um táxi, rumo à minha casa. Quase transamos dentro do taxi mesmo, em meio aos resmungos do motorista. Eu não me lembro muito bem de como foi a noite,eu devo ter bebido mais ainda depois que chegamos no meu apartamento. Eu só sei que acordei com a loirinha debruçada em mim, o quarto uma bagunça, as roupas atiradas longe e havia garrafas de bebida espalhadas pelo quarto e sala.

Fui para a cozinha e abri a geladeira. Achei restos de uma pizza que eu nem sabia de que dia era, mordi um pedaço e cuspi na pia; um gosto horrível. Fui para o banheiro,meu estômago revirou, coloquei tudo pra fora,e uma dor de cabeça insuportável começava a me amolar. Era a ressaca reivindicando seu lugar.

Deixei um bilhete pra moça (eu nem lembrava o nome dela), um dinheiro para o táxi e fui para o hospital. Eu tinha um longo dia de trabalho pela frente e eu não sabia como iria sobreviver a ele.

Andando lentamente, passei pelo carrinho de café do lado de fora do hospital, comprei um americano duplo e grande e bem forte e segui rumo a mais um dia na Pediatria.

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- Olha o Don Juan aí!

- Will...quer falar mais baixo?

- Cara...você está horrível.

- Muito obrigado.

Will estava encostado no balcão da Enfermaria olhando para mim. Com as mãos na cintura, ele me olhava divertido,rindo da minha cara de ressaca. E o incrível era que ele também estava no bar na noite passada,também tinha bebido horrores e estava aqui, novinho em folha para mais um dia de trabalho.

- Como é que você dá conta, Will? Eu tô um lixo, nem sei se consigo trabalhar hoje - eu disse virando o copo de café.

- Cara, é simples...eu tenho uma vida, eu me cuido, então a ressaca nao me pega tão fácil. Já você...

- Pode parar com o sermão, Will.

- Andrew, nada contra você sair e se divertir, eu sou o primeiro a te chamar pras farras. Mas você precisa se cuidar, cara. Trabalhando do jeito que trabalha e vivendo do jeito que vive, você não vai longe...

- Tá me jogando praga, é?

- Não. Estou te jogando umas verdades na cara - disse Will apontando o dedo pra mim com um semblante sério.

Will era meu melhor amigo. Nos conhecíamos desde que vim fazer a residência em Seattle. Ele era bonitão, alegre e fizemos amizade facilmente. Depois, ele se especializou em Cirurgia Geral e eu fui pra Pediatria, mas não nos desgrudávamos. Éramos conhecidos como "Os irmãos Don Juan" por causa do nosso sucesso com as mulheres. Tinha gente que achava que nós éramos irmãos porque a gente não se desgrudava. Mas eu achava o Will muito superior a mim. Ele era mais maduro e apesar de gostar de farra, ele mantinha uma vida organizada. Trabalhava menos que eu, comia bem, não pulava refeições, sua casa era sempre organizada e ele até tentou namorar sério uma vez, mas não deu certo. Já eu...

Por acasoOnde histórias criam vida. Descubra agora