Na hora da minha morte

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*TEXTO BASEADO EM FATOS REAIS




"Paralisia" palavra frequente na minha vida.

Não bastasse uma paralisia, agora tem outra. A primeira me atormenta desde que nasci, me faz questionar o propósito da minha existência, faz com que eu pergunte pra Deus o porque de tudo ser assim. Ela afetou meu cérebro, veio como a minha maldição e a minha dádiva. Maldição porque parece que eu nasci do avesso, ela me limita, limita o meu equilíbrio, o meu psicológico e as minhas escolhas. Ela afetou o meu coração, fez com que lágrimas rolassem, e é ai que vem a parte das perguntas pra Deus, dos questionamentos sobre tudo e todos que estão ao meu redor. Você deve ter uma caixa de perguntas lotada ai em cima com meu nome, não é mesmo Deus? Eu sei que sim.

"Qual foi a última vez que viu um pôr do sol sem esperar alguma coisa que ataca a noite?"

Essa pergunta resume a segunda paralisia
E quer saber quando foi? Pois é, eu também. E acho que nunca vou saber!

Falando ainda sobre a primeira paralisia, eu expliquei o porque dela ter vindo como uma maldição mas não falei o motivo dela também ser uma dádiva.

Ela é uma dádiva exatamente por ser uma maldição, entende? Pelo fato de ter feito eu me isolar, ficar no escuro. Tanto no escuro do meu quarto quanto no escuro da minha mente. E lá no escuro da minha mente a luz que eu encontrei foi isso aqui, escrever. Escrever o que a minha boca não tem coragem de dizer, ou até tem, mas não diz porque eu não quero parecer louco. Já basta as loucuras que eu enfrento comigo mesmo.
As palavras são a luz, mas quando eu não tô escrevendo eu volto pra escuridão, fico tanto tempo lá que as pessoas brincam falando que eu gosto das trevas.
As palavras são o sol que eu não pego, são as janelas do meu quarto que eu não abro, e os sorrisos sinceros que a muito tempo não se vê no meu rosto.
Mas eu realmente fico nas trevas, não por gostar mas por preguiça de sair de lá. E foi de lá mesmo que a segunda paralisia veio. A paralisia do sono. Que diferente da paralisia cerebral, essa quase paralisou meu cérebro de vez. Como as pessoas costumam dizer, eu quase "parti dessa pra melhor"

Alguma coisa nessa treva interior toda que eu vivo veio me buscar, e quase me levou.
As pessoas falam que eu sou da noite, que eu gosto do escuro e de viver na escuridão, mas por ironia do destino foi exatamente à luz do dia que essa coisa veio me pegar, 6h da manhã, horário que algumas pessoas costumam chamar de hora ruim.
A "coisa" tentou me enforcar, foi uma mistura de sensações porque enquanto eu perdia o ar e sabia que estava pra morrer, eu inconscientemente desejei isso, desejei morrer, mesmo que só por um instante. Achei que assim a minha dor acabaria, lembrei dos meus pais e me imaginei dando as mãos pra eles e indo em direção a outro plano. Um que não tivesse dor, nem lágrimas. Só sorrisos, um jardim verde com árvores grandes e animais correndo. Mas ai voltei a realidade e percebi que isso não podia vir da coisa que tava tentando me levar já que eu não tava "morrendo" de um jeito bom. Se existe algum tipo de sino da morte, ele ainda não bateu pra mim, mas espero que quando o sino bater e a minha hora chegar, eu pelo menos morra feliz e de um jeito bom.

Escrevendo Em Busca De ÊxtaseOnde histórias criam vida. Descubra agora