No meio do inverno sombrio - parte II

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"A arte de ser louco é jamais cometer a loucura de ser um sujeito normal"

Comecei com essa frase porque ainda me sinto lá, bem no meio do inverno sombrio, escutando o coração bater lentamente e vendo todas aquelas cicatrizes marcantes. lá, no meio do inverno sombrio que é minh'alma. Bem no centro de tudo.

Tristeza e felicidade só parecem sinceras aos olhos de quem vê, não aos de quem lê, então não sei se acreditam ou não em mim. Talvez porque eu sempre fique usando referências, referências pra explicar as consequências que aquele inverno sombrio me trouxe, consequências que todos os invernos sombrios passados e atuais estão me trazendo.

Fico pensando se foi isso que meu pai pensou no último minuto de vida: "é só disparar" fico pensando se ele falou com ele mesmo essa frase: "se vai usar essa arma, aponta pra minha cabeça, é aqui que mora o problema" eu não vou teorizar, mas ainda me culpo por não ter feito nada, e fico me perguntando se ele pediu perdão a Deus antes de se matar.

Essa é arte de ser louco, se permitir pensar e falar sozinho, saber que o sentimento é verdadeiro. Porque no fundo quem é louco sabe que ninguém vive em paz o tempo inteiro.

" Você faz rima até com a desgraça?" Quer saber o que é desgraça? Desgraça é saber que inverno rima com inferno. Essa é a desgraça. Será que eu troquei as letras? Acho que não tô vendo direito, isso tá mais pra inferno sombrio.

Eu tenho um bom coração, mas as minhas mãos, essas mãos são do diabo, sabe por quê? Porque elas escrevem as loucuras de um louco em um nível que alguém normal jamais ousaria chegar.

Minha cabeça se assemelha muito com essa tal "barca preta" balançando na porra da água, num mar de palavras e pensamentos, perdido sem saber pra onde ir.

Atormentado, alucinado, descontrolado e afogado. Afogado em dor, momentos de felicidade, lágrimas e álcool.

Será que você ai do outro lado derramou a lágrima que eu estou derramando enquanto escrevo ou só leu como qualquer outro texto  que eu tenha escrito?

Dessa vez eu não escuto todos os corações cansados e machucados como o meu, dessa vez é só o meu coração, batendo lentamente com todas aquelas cicatrizes marcantes sem nenhuma razão pra continuar, bem lá no meio, no meio do inverno sombrio.

Escrevendo Em Busca De ÊxtaseOnde histórias criam vida. Descubra agora