16.

4.3K 420 538
                                    

Any:

Eu estava custando a acreditar que Noah tinha mesmo me tirado da boate. E não acredito que eu acabei mesmo transado com ele outra vez.

Agora estávamos dormindo de conchinha.

Isso é bizarro.

Tenho que começar a pensa numa forma de convencer Noah a me dar um apartamento. Sei que ele tem vários, um não vai fazer falta.

Estou parecendo uma prostituta.

Sinto Noah se mexer, a respiração dele bate em meu pescoço

-isso é estranho- ele murmura baixinho em meu ouvido, a voz dele está bem rouca- a gente transou e estamos de conchinha, tô começando a achar que você me deu um chá de buceta.

Meu Deus...

Começo a rir exageradamente. Ele não falou isso.

-vai ver você gosta de mim- falo ainda rindo.

-sem condições- ele diz me soltando- não existe esse negócio de sentimentos.

-então você não sente nada pelo Andrey?

-é diferente, ele é meu filho, uma parte se mim.

-Mas você não amou a mãe dele?

-você está fazendo pergunta demais- responde mal humorado- acho melhor você ir.

-e pra onde eu vou?- pergunto.

-não sei, pra casa do caralho, ir se foder... Sei lá, só vai.

Apenas assinto.

Levanto da cama cobrindo meu corpo com um lençol. Pego meu vestido e o coloco.

Ele consegue estragar tudo.

-Noah, eu quero um apartamento seu, até eu arrumar algo, aí eu não fico no seu caminho e nem você no meu.

Ele começa a rir, mas não um rir de achar engraçado, e sim, um rir de deboche.

-acho que você está me confundindo com aqueles velhos, aqueles que bancam aquelas garotas interesseiras- fala me olhando sério- sem condições Any.

-eu não quero que você me sustente, só preciso ficar lá até arrumar um emprego, juntar um dinheiro e conseguir me virar- falo já implorando- por favor Noah, você me deve isso.

-Any, some da minha frente.

Nojento.

...

Noah:

Any só podia está me achando com cara de otário. Eu não sou tão louco.
A tinha mandado sair depois que ela me pediu aquela coisa absurda.

Um apartamento... só pode ser brincadeira.

Deixo esses pensamentos de lado. Preciso focar na missão que tenho no fim de semana.

Estaciono meu carro de frente ao galpão. Hoje tem treinamento do pessoal novo. Também preciso treinar um pouco.

Entro no galpão, meus homens trabalhavam a todo vapor.

-chefe, já fiz o relatório da venda do pó- Bailey fala assim que me ver- os lucros estão sendo ótimos.

-com quantos caras estamos agora?- pergunto observando o papel em minhas mãos.

-cinquenta, estão trabalhando a todo vapor.

-e o leilão de joias, quando vai ser?

"Jóias"

-em três semanas- fala me entregando outro documento- já aviso que vai ser arriscado, os federais estão investigando o tráfico de mulheres na Itália.

-O que você me aconselha?- pergunto o encarando.

-que pare com essa porcaria, aquelas mulheres não são objetos, não tem que seguir esse lado dos negócios do seu pai.

-você sabe que elas me colocariam atrás das grades- falo.

-não se você vende-las uma a uma em dias diferentes, a compradores diferentes.

-você acha que isso vai funcionar?

-tenho certeza.

-E a boate?

-vai continuar sendo a boate- fala de forma óbvia- mas sem prostituição.

-então resolve isso, pede ajuda ao Lamar.

-pode deixar- ele fala tentando não sorrir.

Acho que entre todos nós, Bailey é o único que ainda tem algo bom, algo que da pra chamar de digno.

-só mais uma coisa- ele fala- e a Any?

Desvio meu olhar do dele. Tento não sorrir, mas era impossível. Como dizer que eu dei a liberdade dela, sem ser zoado por ele e por todos?

Olho pra ele tentando segurar o riso.

-o que você fez?- pergunta com um certo humor na voz.

-eusolteiaany- falo bem rápido.

Mas pra minha infelicidade, ele havia entendido.

-você gosta dela- Bailey fala- eu não acredito, você a libertou.

-perai, não é pra tanto.

-Se você diz... Mas e então, onde ela está? A tia dela se mudou.

-lá em casa- falo já me preparando.

-onde?

-Mas é só até ela achar um lugar...

Ele começa a rir.

Filho da puta.

-quem te viu quem te vê -comenta.

-quer saber, passa a porra de um apartamento pra ela- falo irritado- sem mais um pio. Ela não vai ficar na minha casa.

Saio de perto dele irritado.

Filho da puta desgraçado.

Agora os caras vão ficar sabendo.
Melhor trabalhar que eu ganho mais.

Merda, acabei de fazer o que eu disse que não faria, mandei passar um apartamento pra ela.

Caralho, eu só me fodo.

...

tráfico Onde histórias criam vida. Descubra agora